segunda-feira, maio 17, 2010

TI no Brasil mira mercado globalizado

RIO DE JANEIRO - O mercado mundial, cada vez mais interligado, oferece perspectivas favoráveis à exportação de produtos brasileiros de tecnologia da informação (TI), sobretudo a partir de países da Península Ibérica, como Portugal e a Espanha. A avaliação foi feita pelo presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação Regional Rio de Janeiro (Assespro-RJ), Ilan Goldman.


“Não é impossível que empresas que tenham soluções interessantes façam parcerias com empresas europeias, no caso portuguesas e espanholas”, disse em entrevista à Agência Brasil. Para ele, a imagem do Brasil como um país de maior relevância no cenário externo pode diminuir uma eventual barreira inicial de desconfiança de que uma empresa brasileira possa deter tecnologias.
Ele observou, contudo, que nesse ambiente cada vez mais globalizado, as empresas brasileiras precisam deter de fato essas tecnologias avançadas, ou seja, “trazer uma novidade”.


O mercado brasileiro está aquecido e esse é um ponto extremamente positivo, avaliou Goldman. “Isso é um estímulo. Porque, se você não tem um mercado interno mais ativo e comprador, se você não consegue fazer aqui dentro, fica difícil fazer lá fora.”


A percepção da Assespro-RJ é de crescimento do setor este ano. No estado do Rio de Janeiro, o faturamento das empresas deve ultrapassar R$ 4 bilhões, o que representará aumento entre 15% e 20% em relação ao ano passado.


O governo é um grande alavancador de trabalhos na área de TI no Brasil, na medida em que é um demandador de tarefas que têm de ser cumpridas pelo setor, destacou Goldman. Ele citou o exemplo da nota fiscal eletrônica. “São regras que o governo estabelece e as empresas têm que passar por um processo de transformação, com prazo definido para cumprir.”


Segundo o presidente da associação, isso fez com que a crise internacional não tivesse sobre a área de TI um efeito inibidor, porque havia demandas obrigatórias a serem cumpridas. “A empresa tinha que fazer esse investimento”. A demanda observada atualmente no país ocorre em todos os níveis. “As empresas acordaram para melhorar seus processos, ficaram mais organizadas, mais enxutas e produtivas.”


Segmentos específicos como o e-commerce (comércio eletrônico) e a venda de softwares como um serviço e não como um produto (o chamado SaaS, na sigla em inglês) vêm crescendo no Brasil, de acordo com Goldman. Pesquisa feita pela Assespro-RJ com 30 empresas do setor apontou que todas confiam nesse novo modelo de negócio. A sondagem revelou, ainda, que 70% dessas empresas já tinham produtos voltados para esse mercado.


Ilan Goldman acredita que produtos e soluções na área de petróleo e gás podem representar um importante nicho para exploração pelas empresas brasileiras aqui e no exterior. Ele lembrou que a Inglaterra passou por esse processo e acabou se transformando em um polo de exportação de soluções de software, por conta do crescimento da região do Mar do Norte. “Eu acho que a gente vai experimentar isso aqui também.”


O Brasil tem muito espaço para crescer, inclusive em termos salariais, no setor de TI. Segundo o presidente, o que não pode ocorrer é o Brasil “insistir” em se tornar um exportador de matéria-prima. Para ele, é preciso exportar produtos ou processos com valor agregado, valorizando os profissionais internamente, por meio de salários condizentes com sua especialização.


“Quando você acredita nisso, cria um circulo virtuoso de novo. As empresas contratam, criam tecnologia, desenvolvem produtos. Aí você começa a construir conhecimento. Se você só exportar mão de obra, matéria-prima, não fica nada aqui. Esse é o perigo.”


Para Goldman, o software brasileiro sempre foi de boa qualidade, o que o país nunca teve foi um “bom marketing” sobre isso.




Fonte: http://info.abril.com.br/

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