terça-feira, junho 19, 2012

Petrobras enfrenta atrasos na entrega de equipamentos

A execução dos investimentos depende exclusivamente da capacidade física dos fornecedores, diz Graça Foster

Rio de Janeiro (RJ) - Um dos obstáculos para o cumprimento de metas de produção da Petrobras nos próximos dois anos é a entrega de equipamentos para desenvolvimento da produção do pré-sal. Na Conferência de Energia promovida pelo banco Credit Suisse em Londres, na quinta-feira, um representante da estatal explicou que a Petrobras enfrenta atrasos na entrega de árvores de natal molhadas e trabalha com adiamento de um ano de toda a programação de entrega das plataformas "replicantes". Esse é o modo como a estatal define as oito FPSOs idênticas destinadas ao pré-sal e cujos cascos serão construídos no complexo naval de Rio Grande (RS), da Engevix.

O problema com as árvores de natal foi confirmado na sexta-feira pela presidente da Petrobras, Graça Foster, depois de participar da abertura do Fórum de Sustentabilidade Corporativa, evento da Rio+20. Graça mencionou o investimento em 2012, de R$ 83,2 bilhões, R$ 11 bilhões maior que o de 2011, e afirmou que a execução depende exclusivamente da capacidade física dos fornecedores, acrescentando que os fabricantes internacionais "devem mais em termos de atraso que os nacionais, diga-se de passagem".

O atraso nesses dois equipamentos essenciais vão interferir nos planos de aumento da produção de petróleo e gás nos campos supergigantes da bacia de Santos, incluindo Lula Nordeste e Cernambi. Emerson Leite, analista do Credit Suisse, disse que a Petrobras informou que trabalha com a possibilidade de um atraso na rampa de produção do pré-sal em 2012 e 2013 principalmente devido ao risco de atraso na entrega das árvores de natal molhadas, encomendadas à norueguesa Aker Solutions. A árvore de natal molhada é um conjunto de conectores e válvulas usado para controlar o fluxo do óleo e gás produzidos ou injetados dentro do reservatório, que é instalado na cabeça do poço.

"As FPSOs desse período [2012-2013] estão no prazo, mas as árvores de natal, especialmente as previstas para 2013, atrasarão e, com isso, a entrada dos poços em produção [também]", explicou Emerson Leite ao Valor.

A Petrobras também informou em Londres que toda a agenda de entrega das replicantes foi adiada em uma ano. Assim, o que estava previsto para 2015 "escorregou" para 2016, o que era previsto para 2016 "escorregou" para 2017 e assim por diante. Ao divulgar as linhas mestras do plano estratégico 2012-2016, que será detalhado apenas na próxima segunda, dia 25, a estatal reduziu em quase 600 mil barris/dia sua meta de produção. No plano anterior se previa 3,070 milhões de barris de óleo e LGN por dia em 2015 e agora a meta de 2016 é de 2,5 milhões de barris diários.

Essa redução na produção e manutenção do orçamento bilionária piorou o humor do mercado. E levou Graça Foster a admitir, na sexta-feira, pela primeira vez desde que assumiu o cargo quatro meses atrás, a necessidade de um reajuste no preço da gasolina e diesel. "É necessário, sim, um reajuste de combustíveis", disse Graça.

"Este ano nós tivemos uma suave queda do brent com uma relevante subida do dólar aos patamares de R$ 2,00 em uma depreciação do real. Nós continuamos com uma defasagem de preço", frisou. Segundo a executiva, a atual defasagem "continua muito próxima" à que existia quando a cotação do brent estava em torno de US$ 125 por barril e o dólar estava valendo entre R$ 1,65 e R$ 1,70.

Analistas ouvidos na semana passada esperam que o reajuste saia ainda esta semana, antes da presidente da Petrobras iniciar um "road show" internacional para apresentação do plano no dia 26 de junho. A avaliação unânime de analistas de grandes bancos de investimento sobre o plano de negócios converge para a necessidade urgente um aumento dos preços dos combustíveis para a nova gestão da companhia recuperar a confiança dos investidores.

Gustavo Gattass, do BTG Pactual, afirma que, sem isso "a Petrobras está em uma colisão clara com seu balanço e é um investimento pouco atraente sob múltiplos pontos de vista". Em uma analogia com adaptações hollywoodianas, Gattass concede ao novo plano da Petrobras o sugestivo título: "Episódio IV, Uma Nova Esperança". A esperança se baseia na expectativas de mudanças com a nova presidência.

Na opinião de Gattass, sem um aumento de preços da ordem de 15%, "as avaliações da Petrobras não são atraentes e seu balanço está em grave risco". Isso mesmo se considerado a hipótese de investimento menor, de US$ 208,7 bilhões prevista no plano estratégico 2012-16, e não a totalidade do plano, que chega a US$ 236,5 bilhões se somados os projetos ainda em fase inicial que devem ser postergados. Gattass avalia que se o investimento for o maior, os ratings de crédito da companhia serão "desintegrados" em 2013.

Em relatório com o sugestivo título "Alguém tem que ceder", o Credit Suisse afirma que metas de produção decrescentes, com aumento no investimento e um real mais fraco não são uma boa combinação para a geração de caixa da Petrobras. "Uma mensagem forte da gestão (mostrando boas intenções) e um aumento dos preços dos combustíveis (mostrando ação) provavelmente seria necessária para mudar a percepção [dos investidores]", diz o relatório do banco.

Fonte: Valor Econômico

Finep e BNDES lançarão crédito para cadeia de óleo e gás

Os financiamentos terão taxa de até 5% ao ano, prazos de carência de até 3 anos e prazos de amortização de até 120 meses

Rio de Janeiro (RJ) - A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o BNDES vão lançar, no segundo semestre deste ano, um programa de financiamento à inovação no setor de petróleo e gás para o pré-sal. Segundo o presidente da Finep, Glauco Arbix, a linha de crédito, batizada de Inova Petro, ainda está sendo estruturada, mas deverá contar com R$ 3 bilhões.

A Finep e o Ministério da Ciência e Tecnologia fizeram nesta sexta-feira (15/06), como parte da programação da Rio+20, o lançamento do Programa Brasil Sustentável. Segundo Arbix, ele poderá aplicar mais de R$ 2 bilhões para empresas focadas no desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores usando tecnologias verdes e sustentáveis. A primeira chamada pública para selecionar empresas para o programa deve ser aberta em um mês, estimou o presidente da Finep. O apoio combinará crédito reembolsável a empresas em fluxo contínuo e apoio não reembolsável a instituições de ciência e tecnologia e empresas via subvenção econômica.

Os financiamentos terão taxa de até 5% ao ano, prazos de carência de até 3 anos e prazos de amortização de até 120 meses. A Finep poderá financiar até 90% do valor de cada projeto. "Nossa orientação é: quanto maior o risco tecnológico melhores as condições oferecidas", disse Arbix. Não há limitação de porte ou valor do projeto para participação nos editais. O presidente da Finep disse que o programa foi segmentado por temas que passem por vários setores, como mecanismos para redução de gastos com energia e emissões de carbono.

Durante participação no Venture Forum, Arbix ressaltou o empenho da Finep em ser reconhecida como instituição financeira para fortalecer sua atuação no seed capital e venture capital para empresas nascentes. "Fazemos crédito e subvenção econômica como um banco, mas esses instrumentos só poderão se desenvolver plenamente quando tivermos uma área que trabalhe o investimento de forma intensiva", disse.

A discussão está sendo travada desde o fim do ano passado com o Ministério da Fazenda, o Banco Central e a Casa Civil. Para Arbix, entretanto, o processo só deve ser concluído e aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em quatro anos, quando a Finep terá feito mudanças, como a criação de uma área de risco e adequação a normas de prudência.

Fonte: Agência Estado

Angra vai a Brasília por Tebig

Em fins de maio, o Inea arquivou o pedido da estatal para duplicar o terminal

Rio de Janeiro (RJ) - Os políticos de Angra dos Reis foram a Brasília em busca de apoio federal à duplicação do Terminal da Baía da Ilha Grande (Tebig), projeto de US$ 2 bilhões da Transpetro. O prefeito Tuca Jordão (PMDB) e os deputados federais Fernando Jordão (PMDB) e Luiz Sérgio (PT), todos de Angra, se reuniram na última terça-feira com Márcio Zimmerman, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, e Marcos Antônio Almeida, secretário de petróleo e gás. O grupo saiu com a promessa de que será marcado novo encontro, coma presença do ministro Edison Lobão, Graça Foster, presidente da Petrobras e Sérgio Machado, número um da Transpetro.

A esperança é de que, convencidos da importância do investimento, as autoridades federais intercedam junto ao governador Sérgio Cabral pela liberação do projeto. Em fins de maio, o Inea arquivou o pedido da estatal para duplicar o terminal, que movimentou 13 milhões de metros cúbicos de petróleo em 2011. Do Tebig saem 60% das exportações brasileiras do óleo. O estado alega riscos ambientais e ao turismo na região. Nem o MME nem a Transpetro comentam o episódio. A nova reunião não tem data marcada.

Fonte: Jornal O Globo