sábado, outubro 01, 2011

Petrobras inaugurará sistema que eleva recuperação de petróleo


O equipamento será testado pela primeira vez em novembro no campo de Marlim

A Petrobras pretende inaugurar em novembro um sistema submarino de separação de água e óleo que promete aumentar o fator de recuperação dos campos em atividade, informou o diretor de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella. "Esse será um protótipo e estamos apostando muitas fichas nele. Se der certo, vai ser uma ferramenta crítica e decisiva para a melhoria da produtividade e manutenção dos campos mais antigos", disse o executivo a jornalistas após participar de evento no Rio.

"Isso nunca foi feito pela Petrobras, e no local como o escolhido e com essas características será a primeira vez no mundo", acrescentou Estrella. Batizado de SSAO (sigla para Separador Submarino de Água e Óleo), o equipamento será testado pela primeira vez na primeira quinzena de novembro no campo de Marlim, na Bacia de Campos, a cerca de mil metros de profundidade.

"Já preparamos um poço para isso e será a primeira vez que aplicaremos esse protótipo. Ele vai separar água de óleo, e também um pouco de areia que tem em Marlim", disse Estrella. "Ele vai separar areia, água, reinjeta a água em outro poço e só sobe óleo e gás para a plataforma." O sistema faz parte de um conjunto de inovações que a Petrobras desenvolve para elevar a eficiência nas operações. O presidente da companhia, José Sergio Gabrielli, já havia comentado sobre o separador de água e óleo em outra oportunidade.

"Ao invés de levar 40 por cento de água para a superfície, você separa lá no fundo. Vai reduzir a limitação de processamento de líquidos na superfície. Poderemos reduzir o investimento na superfície", afirmou recentemente.

Declínio nos campos

Estrella explicou que parte da separação de óleo, gás, água e areia, que hoje é feita na plataforma, passará a ser feita embaixo d'água. "Se você tira a água no fundo do mar, o caminho (do óleo para a superfície) é mais leve. A recuperação do poço é muito maior e vai aumentar a produção."

Segundo ele, se o sistema pioneiro for aprovado, a Petrobras pretende difundi-lo pelos demais campos da empresa.

Estrella disse que campos da Petrobras têm um declínio médio anual de 10 por cento e, em caso de sucesso da nova tecnologia, a vida útil dos poços poderia ser alongada.

Fonte: O Globo Online

Águas profundas no Brasil: aventurando-se onde nenhuma plataforma petrolífera esteve antes


A perfuração de poços de petróleo nas águas profundas do Golfo do México pode ter atraído a atenção pública desde o desastre da plataforma petrolífera Macondo. Mas, para os integrantes desse setor, que consideram a explosão de uma plataforma desse tipo um fato extremamente raro, os campos de águas profundas do Brasil se constituem em um projeto de longo prazo bem mais convincente.

As reservas de petróleo marítimas do Brasil, que durante anos estiveram inacessíveis debaixo de uma camada de sal de dois quilômetros sob o fundo do mar, são estimadas em 50 bilhões de barris.

A Petrobras, a companhia petrolífera estatal brasileira, é a principal beneficiária, devido a legislações nacionalistas segundo as quais a empresa precisa ter uma participação de no mínimo 30% em qualquer projeto, bem como atuar como operadora na área abrangida por estas reservas recém-descobertas.

Nos próximos cinco anos a companhia pretende investir US$ 224,7 bilhões na exploração desta área tecnicamente difícil. E embora ela conte com um capital e uma capacidade técnica que poucas outras companhias estatais de petróleo possuem, existe o temor de que a Petrobras esteja se arriscando demais.

“A Petrobras enfrentará problemas de ordem gerencial e econômica”, diz José Valera, sócio da firma de advocacia especializada em energia Mayer Brown. “A nova estrutura para o pré-sal tem o potencial para criar um gargalo na exploração. Esse é o obstáculo mais importante”.

A perfuração em águas profundas se constitui na forma mais tecnicamente difícil e cara de extrair petróleo. “Essencialmente, isso consiste em atuar em um local onde nenhuma outra companhia de exploração fez perfurações anteriormente”, diz Valera. “Em águas profundas, isso se constitui em um verdadeiro esforço para a exploração de petróleo. E agora nós estamos descobrindo esses recursos tremendos. Os campos do pré-sal são de fato uma nova fronteira”.

As companhias petrolíferas internacionais – juntamente com a Petrobras – são a fonte da maior parte dos recursos de engenharia e de outros talentos exigidos por tais projetos.

Mas é difícil para estrangeiros conseguir as permissões de trabalho exigidas, e a legislação brasileira requer que sejam pagos benefícios enormes a todos os funcionários, além dos seus salários, segundo Nick Stocker, diretor regional para a América Latina da NES Global Talent, uma empresa de recrutamento de profissionais do setor de energia.

Segundo Stocker, no passado o sistema educacional do país não estava dirigido para ciências e matemática, o que significa que o Brasil possui um número menor de engenheiros do que outros países voltados para o setor petrolífero.

O Brasil forma cerca de 40 mil engenheiros por ano, enquanto que a Coreia do Sul forma 80 mil, a Índia 250 mil e a China 400 mil.
“Existem no Brasil alguns engenheiros e profissionais de nível técnico – mas a quantidade não é suficiente”, explica Stocker. “Tal experiência não pode ser obtida da noite para o dia”.

De acordo com Stocker, há quem acredite que, para que o Brasil sustente o crescimento que está planejando para o seu setor petrolífero, será necessário que haja financiamento e recursos técnicos contínuos das companhias internacionais de petróleo.

Mas, para conseguir isso, o Brasil terá que reduzir algumas das suas restrições.

Ele diz que a obtenção de um visto de trabalho pode demorar de 30 a 40 dias. E depois, as companhias precisam pagar uma grande quantidade de impostos e contribuições sociais, que cobrem de tudo, desde o pagamento de férias até licenças de maternidade e paternidade, que representam um gasto extra equivalente a pelo menos 69% dos salários.

“Os clientes precisam planejar de forma cuidadosa e antecipada, levando em conta o cronograma e as implicações relativas a gastos ao trazerem especialistas estrangeiros para o Brasil”, diz Stocker.

As outras reservas importantes de águas profundas são o Golfo do México, bem como as costas leste e oeste da África, o Mar do Norte e a Austrália. Todas elas estão competindo por talentos e dólares.

Como a maior parte das reservas de petróleo convencionais, situadas em terra ou próximas ao litoral, é controlada por companhias petrolíferas estatais, em países como a Arábia Saudita, o México e a Venezuela, existe pouca perspectiva de criação de valor em grande escala e de longo prazo nessas áreas para as companhias internacionais de petróleo, de acordo com a empresa de consultoria Wood Mackenzie, e é por isso que elas estão procurando cada vez mais atuar na exploração das reservas de alto-mar.

“O perfil operacional da maioria das companhias internacionais mudou substancialmente nos últimos dez anos, tendo havido um deslocamento contínuo para esses projetos tecnicamente mais difíceis”, declarou a Wood Mackenzie em um relatório de julho sobre o setor petrolífero.

As reservas petrolíferas de águas profundas, de gás natural liquefeito, e de petróleo e gás não convencionais perfazem atualmente quase 50% do valor futuro dos principais projetos internacionais, afirma Wood Mackenzie.

A velocidade com que essas áreas individuais serão exploradas depende da rapidez com que materializar-se-á o acesso, os talentos e os investimentos em dólares.

A tecnologia tornou possíveis coisas que dez anos atrás eram simplesmente inimagináveis. Em 2004, por exemplo, a perfuração em um poço marítima situado em uma área marítima de 2.700 metros de profundidade foi um recorde, diz Valera. Mas agora companhias de petróleo conseguem fazer perfurações em áreas de 4.300 metros de profundidade.

“A perfuração em águas ultra profundas é muito cara e tecnicamente difícil. Esse é um setor que as companhias internacionais de petróleo veem como uma oportunidade de ressurgência. Nesse setor elas não enfrentarão a competição intensa das companhias estatais, conforme ocorre na exploração de reservas petrolíferas convencionais”, explica Valera.

Mas só o futuro dirá se o Brasil vai aproveitar suficientemente o conhecimento das companhias internacionais de petróleo nessa área.

Fonte: http://www.clickmacae.com.br/

FAB apresenta avião 'quarentão' que patrulhará o pré-sal


Aeronave fabricada na década de 1960 passou por processo de modernização na Espanha

A Força Aérea Brasileira (FAB) apresenta nesta sexta-feira seus dois primeiros aviões de patrulha marítima P-3 AM Orion modernizados. Mais nova aquisição da Aeronáutica, a aeronave - fabricada na década de 1960 - devolve à FAB a capacidade de detectar, localizar, identificar e, se necessário, afundar submarinos na costa brasileira. Segundo a FAB, esses são os primeiros de nove aeronaves que serão empregadas na patrulha da área de extração do petróleo da camada do pré-sal, no Oceano Atlântico.
Com o P-3 AM, a FAB espera se equiparar às principais potências do mundo na guerra antissubmarina (ASW, na sigla em inglês). O Brasil não realizava missões ASW desde a desativação do P-16 Tracker, em 1996. Desde então, a FAB contava apenas com os P-95 "Bandeirulha", baseados no avião comercial Bandeirante, uma aeronave menor e com diferenças operacionais, sem a capacidade de combater submarinos.
Além da capacidade ASW, o P-3 AM também carrega armamentos como os mísseis Harpoon, capazes de afundar navios de guerra além do alcance visual. Com quatro motores, a aeronave tem grande autonomia, podendo permanecer em voo durante 16 horas - isso equivale a uma viagem do Recife (PE) a Madri, na Espanha, sem escalas. Os sensores eletrônicos embarcados na aeronave são os mais modernos que existem, segundo a FAB. Tudo isso confere ao P-3 AM a capacidade estratégica de vigilância marítima de longo alcance.
A aeronave chegou ao Brasil no final de julho deste ano, após um processo de revitalização na Espanha. Ao todo, o governo brasileiro encomendou 12 aeronaves - fabricadas entre 1964 e 1965 nos Estados Unidos -, das quais nove serão modernizadas. Apesar da idade avançada do modelo, a FAB afirma que os sensores para o monitoramento da costa brasileira instalados no Orion são "o estado da arte" da aviação, semelhantes aos equipamentos mais modernos em atividade no mundo.
Soberania
A Petrobras estima que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhão de m³ de gás e óleo. Caso a estimativa seja confirmada, o Brasil ficará entre os seis países que possuem as maiores reservas de petróleo do mundo, atrás somente de Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes. Toda essa riqueza encontra-se no Oceano Atlântico, na zona econômica exclusiva (ZEE) brasileira. A nova aeronave estará envolvida na vigilância dessa área.
Além do patrulhamento dessa área estratégica, o P-3 AM assumirá um papel determinante nas missões de busca e salvamento. Por força da Convenção de Chicago, da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), o Brasil é responsável pela busca e salvamento de aeronaves e navios numa área com 6 milhões de km² (praticamente todo o Atlântico Sul). Os P-3 AM da FAB equipam o Esquadrão Orungam (1º/7º GAV) que opera na Base Aérea de Salvador (BA).
A nova aeronave, de acordo com a FAB, também ajudará na defesa do meio ambiente, identificando os responsáveis pelo derramamento de óleo, tanto acidentais quanto provocados. "Algumas embarcações que transportam petróleo costumam lavar os tanques com a água do mar. Essa prática criminosa deixa uma mancha de óleo que polui e afeta a vida marinha. Os sensores do P-3 AM conseguem identificar os rastros na superfície do mar e, desta forma, identificar a embarcação de origem, mesmo muitas horas depois da abertura dos tanques", diz a FAB em nota. O P-3 AM pode fotografar o navio infrator e encaminhar as fotos com um relatório para as autoridades ambientais, como prova para a aplicação de multas.
Outra atividade ilegal que a aeronave certamente poderá combater é a pesca na Zona Econômica Exclusiva do Brasil, uma faixa de 370 km a partir da costa brasileira. As embarcações estrangeiras que praticarem a pesca nessa área também poderão receber multas.
A aeronave
O P-3 AM é a versão militar do famoso avião comercial Lockheed Electra II, que ficou conhecido no Brasil como o avião utilizado na ponte aérea Rio de Janeiro-São Paulo, de 1975 até 1991. A versão militar foi inicialmente concebida para a Marinha dos Estados Unidos, como aeronave especializada em guerra antissubmarina e patrulhamento marítimo. Posteriormente, foi adquirido por outros países, principalmente por integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), chegando a ser operado por 17 nações.

Fonte: http://www.terra.com.br/