quarta-feira, outubro 31, 2012

Brocas de perfuração de poços de petróleo

Uma das atividades mais caras, senão a mais cara de todo o processo da cadeia produtiva da indústria petrolífera, a perfuração de um poço de petróleo é algo que demanda investimentos volumosos, um tempo curto, e uma chance de sucesso quase que de 50%, no melhor dos casos, diga-se de pasagem.

Nesse contexto de riscos, e altos investimentos para a perfuração de um poço de petróleo, a broca de perfuração é peça além de fundamental, deve ser muito bem escolhida na fase da perfuração, pois há tipos diferentes de brocas, para ocasiões diferentes e para perfurar diferentes camadas rochosas.
 
A seguir vamos entender melhor como funciona esse equipamento tão importante da perfuração.

As brocas tem por objetivo, promover a ruptura e desagregação das formações rochosas, sendo necessário para isso um estudo considerando sua economicidade, e seu desempenho.

As brocas são divididas em dois tipos básicos: brocas sem partes móveis e com partes móveis.

Brocas sem partes móveis

É um tipo de broca que por não possuir partes móveis e rolamentos, diminui a possibilidade de falha.

Broca integral de lâmina de aço – Conhecidas como rabo de peixe (fish tail)rimeiras a serem utilizadas na perfuração, perfuram por cisalhamento e sua estrutura cortante possui vida útil muito curta e praticamente não são mais utilizadas.

Brocas de diamantes naturais – Perfuram por esmerilhamento, e antigamente eram usadas em formações que a fish tail não conseguia perfurar (aí a necessidade de estudar qual broca tem melhor desempenho em determinada camada). Hoje são usadas em testemunhagem e em formações extremamente duras e abrasivas.

• As brocas com estrutura cortante de diamantes naturais constam de um grande número de diamantes industrializados fixados em uma matriz metálica especial.

• Brocas PDC (Pollycrystalline Diamond Compact): no final da década de 70 foram lançadas as brocas de diamantes sintéticos. A estrutura de corte é formada por pastilhas ou compactos montados sobre bases cilíndricas, instaladas no corpo da broca.

• Perfuram por cisalhamento, por promoverem um efeito de cunha, a pastilha é composta por uma camada fina de partículas de diamantes aglutinados com cobalto, fixada a outra camada composta por carbureto de tungstênio.

• As brocas PDC foram introduzidas para perfurar formações moles com altas taxas de penetração e maior vida útil, em formações duras o calor gerado durante a perfuração destrói a ligação entre os diamantes e o cobalto.

• Foram então desenvolvidos os compactos TSP (Thermally Stable Pollycrystalline) que por não possuírem cobalto, resistem mais ao calor.

Brocas com partes móveis – Possuem estruturas cortantes e rolamentos, podem ter de um a quatro cones, sendo as mais utilizadas as tricônicas pela sua eficiência e menor custo inicial em relação às demais.

• Estrutura cortante – Os elementos que compõem a estrutura cortante são fileiras de dentes montados sobre o cone que se interpõe entre a fileira dos dentes dos cones adjacentes, quando se aplica à rotação à broca.

• Quanto à estrutura cortante, são divididas em: Brocas de dentes de aços e Brocas de insertos.

• A ação da estrutura cortante das brocas tricônicas envolve a combinação de ações de raspagem, lascamento, esmagamento e erosão por impacto dos jatos de lama.

• Nas brocas projetadas para rochas moles o efeito de raspagem é predominante, em rochas duras onde a taxa de penetração é baixa e os custos de perfuração tendem a ser altos, o mecanismo de esmagamento provou ser o mais adequado.

Rolamentos

•Roletes e esferas não selados: não possuem lubrificação própria, sendo lubrificados pelo fluido de perfuração, apresenta menor custo e sua resistência ao desgaste também é menor.

• Roletes e esferas selados: Há um sistema interno de lubrificação que não permite o contato do fluido de perfuração com os rolamentos, aumentando a vida útil da broca.

• Mancais de fricção tipo journal: Os roletes são substituídos por mancais de fricção revestidos por metais nobres e possuem dispositivo interno de lubrificação. Possuem maior custo, mas são mais eficazes e as que apresentam baixo índice de falha.
 

Práticos, ‘os flanelinhas de navios’, ganham até R$ 300 mil mensais

Empresários do setor de navegação afirmam que os custos dos serviços de praticagem nos portos brasileiros estão entre os mais altos do mundo
 
Rio e Santos - O Brasil está prestes a mudar o centenário e milionário serviço de praticagem — que consiste no apoio para que navios cheguem aos portos com profissionais, os práticos, treinados para conduzi-los nos estreitos canais de acesso aos terminais.
A Marinha reconhece que poderá dispensar, já a partir do ano que vem, a contratação do serviço de assessoria aos comandantes de navios habituados a certos terminais portuários. Outra mudança efetiva poderá surgir de um comitê que está sendo criado pelo governo para rever os altos custos, que, segundo levantamento dos armadores, são até 1.000% superiores aos registrados em países vizinhos, o que compromete a competitividade nacional. Além disso, cria uma elite de cerca de 400 profissionais no país que, não raro, recebem até R$ 150 mil mensais, ou até R$ 300 mil mensais no Maranhão.
Empresários do setor de navegação afirmam que os custos dos serviços de praticagem nos portos brasileiros estão entre os mais altos do mundo. E citam o preço para atracar navio médio (de 20 mil a 30 mil toneladas) no Porto de Paranaguá (PR): R$ 28.241,18 (pouco mais de US$ 14 mil) para operação que leva em média duas horas. Nos Estados Unidos, em portos com características próximas às de Paranaguá, dizem eles, como o de Brownsville, no Texas, no Golfo do México (também terminal de escoamento de grãos), o preço da atracação é US$ 5.712 (cerca de R$ 11 mil).
— Não queremos que os práticos ganhem mal, mas os valores que cobram aqui são estratosféricos — diz um empresário que não quis ser identificado.
De acordo com os armadores, a diferença é ainda maior na comparação com portos chilenos: lá são cobrados US$ 1.287. Ou seja, o serviço brasileiro é 987% mais caro.
‘Competitividade menor das empresas’
O Sindicato Nacional de Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) afirma que o custo da praticagem “afeta diretamente a competitividade das empresas”. Para atracar um navio no Porto de Manaus, o preço dos serviços dos práticos, segundo os armadores, chega a R$ 250 mil. Eles podem
ter de esperar três dias por um profissional.
— Um prático, em média, ganha sete vezes mais que o comandante de um navio. E não podemos dizer que a responsabilidade deles seja maior. Se o navio bate, mesmo na manobra, o responsável é o comandante, não o prático — afirmou André Mello, um dos diretores do Syndarma.
No Porto de Santos, o maior e mais movimentado da América Latina em contêineres, a praticagem é oferecida por uma única empresa, a Praticagem de São Paulo, uma sociedade de cotas que tem os próprios profissionais como sócios. A prática se repete pelo país.
— Todo esse processo nós fazemos baseados na legislação; não é algo da nossa cabeça — diz Paulo Barbosa, diretor-superintendente da Praticagem de São Paulo, rebatendo as acusações, que diz serem comuns, das companhias de navegação.
Ao todo, 52 práticos são responsáveis pela movimentação dos navios em Santos e no Porto de São Sebastião (SP). Eles fazem, em média, 36 manobras de atracação e desatracação por dia. Na temporada de cruzeiros, o número chega a 60 manobras diárias.
— Com a formação que temos hoje (52 práticos), daria para fazer até 180 manobras — diz Barbosa.
Barbosa, de 54 anos, é ex-oficial da Marinha Mercante e há 18 anos dedica-se à praticagem. Na sexta-feira passada, repórteres do GLOBO acompanharam a manobra de atracação de um navio com uma carga de veículos com bandeira de Cingapura e tripulação filipina, desde a barra do Porto de Santos até o terminal. Com 190 metros de comprimento e capacidade para 47 mil toneladas, a embarcação foi comandada por Barbosa durante 1h30m até completar a atração. Pelo serviço, a empresa cobrou R$ 13.345,00.
Esses custos, porém, podem estar com os dias contados. Nos próximos dias, começará a funcionar um comitê com Marinha, práticos, armadores, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e os ministérios da Fazenda e do Planejamento para enfrentar o assunto. O vice-almirante Ilques Barbosa Junior, diretor de Portos e Costas, adiantou que o objetivo é diminuir os custos, sem abrir mão da qualidade e da segurança da operação. Segundo ele, em 2013, os primeiros comandantes habituados a determinados portos poderão dispensar os serviços dos práticos. Antes, precisarão passar por um teste. Essa possibilidade existia na legislação, mas nunca foi utilizada.
— Esse tipo de crítica (sobre os custos) carece de dados mais sólidos, haja vista que as diversas organizações envolvidas no serviço de praticagem (entidades, autoridades, empresas e outros) diferem sensivelmente entre os países, que também têm legislações diversas. O que se pode afirmar é que os preços de praticagem, de uma maneira geral, são elevados no mundo inteiro. Além disso, pela legislação brasileira em vigor, os preços dos serviços de praticagem são negociados pelas partes interessadas, ou seja, praticagem e armadores. Em casos excepcionais, onde não haja acordo, é que caberá à autoridade marítima estabelecer um preço entre as partes — diz o vice-almirante.
 ‘Serviço é de interesse público’
Os práticos rebatem as críticas. Otávio Fragoso, diretor do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) e vice-presidente sênior da Associação Internacional de Praticagem (Impa, na sigla em inglês), afirma que a praticagem no Brasil não é mais cara que a média mundial. Ele diz que a FGV fez estudo, contratado pelo próprio Conapra, que prova que, em média, os custos de Santos, por exemplo, são 10% a 31% superiores à média mundial, o que seria, em grande parte, decorrente do câmbio.
Fonte: O Globo.