Dificuldades logísticas e oportunidades de trabalho despertam interesse do público.
Os números altos e as dificuldades operacionais para extração do petróleo em águas profundas impressioram a plateia que lotou as conferências da Niterói Naval Offshore (NNO), no Teatro Popular, no dia 09 de novembro (quarta-feira). Ao mesmo tempo que ouvia os detalhes da logística para o transporte do óleo a 300 quilômetros da costa brasileira, o público era lembrado da importância da qualificação profissional e do conteúdo local para garantir o desenvolvimento do país.
“Estamos repensando a logística de transporte de cargas e pessoal para as plataformas no pré-sal com segurança. Não existe um modelo em prateleira, é um trabalho pioneiro que resultará em novas tecnologias. Pensamos num terminal oceânico a cerca de 100 quilômetros da costa, no meio do caminho, para fazer o abastecimento de navios no mar. Dali parte do óleo seguirá para exportação, sem precisar passar por terra, e a outra virá para nossas refinarias, como a do Comperj”, explicou o gerente executivo da Transpetro, Paulo Penchiná.
Ao participar do painel “Logística de Apoio”, o representante da Transpetro calculou que o número de barcos de apoio subirá de 287 para 560, em 2020. “Temos que estar estruturados, não só nos estaleiros de construção naval como nos de reparo.”
Para o representante da Brasil Supply, Edgar Strauss Junior, os desafios logísticos são enormes, mas precisam ser vencidos, no apoio offshore. Sediada em Vitória (ES), a empresa tem a Petrobras Distribuidora como uma das parceiras e investe em novas unidades no litoral. Serão construídas unidades de fluidos em Angra dos Reis e na Baía de Guanabara (RJ), além de Santos (SP) e Aracaju (SE), para acompanhar o ritmo da produção de petróleo.
A defesa da indústria brasileira e do conteúdo nacional foi o ponto central do painel “Oportunidades do Pós e do Pré-Sal”. O representante da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Alberto Machado, falou da importância do fortalecimento dos fornecedores locais. “A desnacionalização do setor preocupa. Não terá conteúdo local sem indústria local com condições para competir. É preciso planejar o futuro, para garantir geração de empregos”, completou.
Para o representante do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reaparação Naval (Sinaval), Alberto Padilla, a missão é acompanhar o horizonte novo do pré-sal, garantindo a competitividade da indústria. “Temos 26 estaleiros fortes em operação e 12 em implantação, capazes de processar 570 mil toneladas de aço por ano. E a demanda será de 1 milhão, temos que duplicar a capacidade”, disse Padilla, que também é da Associação Brasileira das Empresas do Setor Naval e Offshore (Abenav).
Ao falar da concorrência externa, o diretor regional RJ/ES da Associação Brasileira da Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee), Paulo Galvão, defendeu a criação de um órgão específico para a defesa do conteúdo local: “A concorrência é forte, global e desigual. É preciso adequar as diretrizes internas à crise mundial, garantir nossos ganhos.”
A NNO chega ao fim, nessa quinta-feira (10/11), das 14h às 21h, com 118 empresas expositoras. O evento é uma promoção da prefeitura de Niterói e do Instituto de Tecnologia Aplicada a Energia e Sustentabilidade Socioambiental (ITAESA).
Fonte: http://www.revistafator.com.br