Organização prevê criação de 2 milhões de empregos no setor até 2020.
Uma das funções do profissional é maximizar a produção de petróleo.
Responsável por descobrir e explorar poços e jazidas de petróleo e gás natural, o engenheiro de petróleo é um profissional cada vez mais requisitado no Brasil. Entre as descobertas na Bacia de Campos no Rio de Janeiro, nos anos 70, até o recente fenômeno do pré-sal, o mercado se expandiu, se consolidou e criou muitos postos de trabalhos, nem sempre ocupados com facilidade, por conta da escassez de profissionais com a formação ideal.
A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) prevê a geração de 2 milhões de empregos no setor petrolífero até 2020. Ainda, de acordo com o estudo da Onip realizado há dois anos, a área já movimenta cerca de 420 mil empregos.
O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) que oferece cursos de especialização para a atuação no segmento projeta a necessidade de qualificar mais 201 mil profissionais até 2015, sendo cerca de 11 mil profissionais de nível superior. De 2006 até o momento, cerca de 90 mil profissionais concluíram cursos de várias modalidades.
“Em geral os engenheiros de petróleo não têm dificuldade de conseguir emprego. A contratação é grande, o mercado está em ascensão e há uma carência de profissionais”, diz engenheiro de petróleo da Petrobras, Marcelo Salomão, de 54 anos.
Salomão tem mestrado e doutorado em engenharia de petróleo, mas quando se formou em engenharia civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 1980, pouco conhecia a área de petróleo. “Diferente do cenário atual, nesta época havia pouca opção de emprego para os engenheiros. Fiz o concurso da Petrobras por causa de alguns colegas e passei. O mercado cresceu muito e tive sorte de fazer esta opção. Hoje a indústria do petróleo é reconhecida e respeitada.”
Ele lembra que naquela época como não havia graduação específica, as empresas contratavam engenheiros com formações diversas e ofereciam treinamento. Hoje a situação é outra. Além da graduação, instituições de ensino possuem também cursos de qualificação profissional de nível médio, voltado para a prática do mercado.
A engenharia de petróleo ganha destaque até mesmo entre as demais engenharias, que voltaram a ter o mercado muito aquecido. Ainda, segundo Marcelo Salomão, a tendência é de crescimento para os próximos anos porque os processos de descobertas das bacias sedimentares, de onde é possível extrair o petróleo, e construção de poços e plataformas são caros e demorados. E a presença dos engenheiros é fundamental em todas as etapas do trabalho.
Também é função deste profissional cuidar do transporte do petróleo e seus derivados desde o local da exploração até as refinarias e petroquímicas, bem como dar o destino correto aos resíduos. O engenheiro de petróleo pode tanto atuar no setor administrativo dentro de escritórios ou na parte operacional, nas plataformas marítimas. Dificilmente um profissional terá de conciliar as duas funções.
Salomão diz que o trabalho interno é fundamental para que o engenheiro tenha a percepção da magnitude das plataformas marítimas. “A atividade de planejamento é forte. É no escritório que se especifica o projeto de perfuração de poços, os produtos químicos que serão utilizados. Já tive de trabalhar embarcado, mas meu perfil é mais administrativo.”
Virtudes necessárias
Para se dar bem na carreira, Salomão destaca duas características fundamentais: gosto pelo estudo, já que o profissional não pode parar de aprender, e perfil para trabalhar em equipe.
O trabalho do engenheiro de petróleo está sempre ligado à tecnologia. As indústrias de petróleo utilizam softwares e aplicativos para desvendar cálculos e previsões matemáticas necessárias para interpretações geológicas, entre outras ações.
Outro aliado da profissão é a multidisciplinaridade, já que os engenheiros de petróleo nunca estão sozinhos nas missões. “Para planejar a retirada do óleo e transformá-lo em riqueza as equipes precisam estar entrosadas. O trabalho de planejar o número de poços que se vai perfurar, avaliar sua capacidade e as linhas que vão trazer o óleo até a plataforma, é multidisciplinar.” Segundo ele, as áreas ambiental, de segurança, geologia e até economia se relacionam o tempo todo.
“O petróleo é a fonte propulsora de várias outras indústrias, e a engenharia de petróleo é uma profissão atrativa onde é possível aplicar grande parte do conhecimento adquirido na graduação”, diz Salomão.
Fonte: Do G1, em São Paulo (Vanessa Fajardo)