Para ele, a Abenav irá trabalhar para que os
preços da cadeia produtiva de O&G se tornem um benchmark
internacional
Rio de Janeiro (RJ) - Investimentos em
Pesquisa e Desenvolvimento e em logística são necessários para que os
fornecedores brasileiros se tornem competitivos internamente e consigam, sem
grandes percalços, cumprir com as exigência de composição de conteúdo nacional
para a indústria naval e offshore. Essa foi a análise do presidente da
Associação Brasileira de Empresas do Setor Naval e Offshore (Abenav), Augusto
Mendonça, que comandou o evento Fornecer, em parceria com o Sindicato Nacional
da Indústria da Construção Naval (Sinaval).
O evento teve como objetivo reunir as empresas
que atuam na cadeia de suprimentos para a indústria offshore para debater as
oportunidades existentes para as empresas em função da obrigatoriedade de
percentagem mínima de conteúdo nacional nos empreendimentos do setor de óleo e
gás. “Queremos levantar a necessidade de se investir mais em Pesquisa e
Desenvolvimento. E, para isso, é preciso que o governo crie uma linha de
investimento de fundo perdido para que o empresário se sinta estimulado a
investir em P&D. Outro ponto que será colocado é a questão da logística
brasileira. Esse é um gargalo que precisa ser superado”, comentou Mendonça.
Durante a sua apresentação, Mendonça lembrou
aos participantes que serão realizados, até 2020, um total de 786 projetos,
entre plataformas de produção, sondas, barcos de apoio e petroleiros. "Ao todo,
esses projetos representarão US$ 180 bilhões em investimentos e nós temos que
aproveitá-los da melhor maneira possível. O óleo está no pré-sal e se nós não
conseguirmos tirar, com certeza aparecerão outras empresas para fazê-lo”,
disse.
Ele acrescentou que a Abenav irá trabalhar para
que os preços da cadeia produtiva de O&G se tornem um benchmark
internacional, encaminhando sugestões de trabalho de mais parceria com os órgãos
governamentais. “Se pegarmos hoje um estaleiro voltado para a construção
offshore, o nível de custos aqui é bastante parecido com o que é praticado em
âmbito internacional.
Mas os preços dos produtos ainda não são
competitivos. Então, vimos que a participação do governo é de suma importância.
Quando se observa o que aconteceu nos países que criaram uma indústria naval
sólida, a gente descobre que a participação governamental foi crucial para o seu
sucesso. Estamos muito confiantes no Plano Brasil Maior, que vem sendo
coordenado pelo MDIC.
Já o diretor-executivo do Sinaval, Sergio Leal,
disse que está satisfeito com a política adotada pelo governo federal que
estimula a produção nacional. "A política de conteúdo nacional é, antes de tudo
estratégica. E temos mostrado que há condições de se produzir com qualidade e
preço no Brasil desde que existam incentivos e estímulos", disse, acrescentando
que os recorrentes atrasos vistos em estaleiros são referentes ao aquecimento do
setor e problemas externos, como a demora na entrega de equipamentos adquiridos
no exterior.
Polo industrial
Representando a Companhia de Desenvolvimento
Industrial (Codin), o diretor de política industrial da entidade, Alexandre
Gurgel, afirmou que o Governo do Estado do Rio de Janeiro, está empenhado em
estimular a produção de peças e equipamentos para o setor naval e offshore. Ele
citou o projeto que cria um polo industrial para a indústria de peças para o
mercado offshore.
Os custos de execução estão orçados em R$ 250
milhões. O polo ficará localizado numa área de quatro milhões de metros
quadrados no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. "O polo vai
funcionar como um corredor logístico, com ênfase no modal hidroviário. Esse é
um projeto à altura do setor. Afinal, o Rio de Janeiro representa 50% de toda a
atividade offshore realizada no Brasil", disse Gurgel.