Com fama de rígida e exigente, a engenheira química é o nome indicado para assumir o comando da Petrobras. Mulheres ainda são raras no comando de empresas e em altos cargos da política brasileira.
No Brasil e no mundo é grande a curiosidade em torno da engenheira Graça Foster, a primeira mulher a comandar a maior empresa do Brasil e a quinta maior no ranking mundial da indústria petrolífera.
A engenheira química Maria das Graças Silva Foster – nome completo da nova presidente da Petrobras – já está acostumada a cargos de chefia. Foster, que ocupa atualmente o posto de diretora de Gás e Energia da empresa, já comandou as subsidiárias Petroquisa e Petrobras Distribuidora. Entre 2003 e 2005, foi secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, indicada pela então ministra da pasta, a hoje presidente da República, Dilma Rousseff.
O anúncio oficial da sucessora de José Sérgio Gabrielli, que administrou a estatal desde 2005, virá no dia 9 de fevereiro, após reunião do conselho de administração. Mas se trata apenas de uma formalidade: o nome de Foster foi encaminhado pelo próprio presidente do conselho, o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Um mundo dos “bons e velhos garotos”
Foster dá continuidade à sua carreira num ambiente essencialmente masculino. Em nenhuma das grandes companhias petrolíferas da atualidade a última palavra é de uma mulher. Mas a competência feminina já é vista em conselhos diretores de gigantes como a norte-americana Chevron, a russa Gazprom e a francesa Total. Curiosamente, nas duas maiores chinesas do setor, PetroChina e Sinopec, não há mulheres em conselhos diretores.
Quando o consultor Ken Arnold, do grupo Worley Parsons – parceiro em projetos importantes da BP e ExxonMobil – entrou no setor, em 1964, não havia sequer mulheres formadas em engenharia. “Naqueles dias, as empresas eram administradas por engenheiros, que iam galgando posições. Há muitos casos ainda que seguem esse estilo.”
Em quase 50 anos, muita coisa mudou. “Nesse meio tempo, a liderança de muitas indústrias do petróleo passou das mãos de funcionários técnicos para uma mistura de áreas técnica e financeira – e nesse setor há uma grande representação feminina”, relata Arnold. “Mas ainda existem bolsões da mentalidade do ‘bom e velho garoto’ na indústria”, reconhece. Para o consultor norte-americano, no entanto, cada vez mais mulheres devem chegar ao topo.
Evolução à brasileira
O Brasil vê uma evolução na igualdade dos gêneros desde que Dilma assumiu o governo como primeira presidente da história do país. Com a chefe de Estado, outras profissionais ascenderam ao poder: nove dos 38 ministérios são administrados por mulheres. Na era Lula eram quatro, incluindo a atual presidente, ex-ministra da Casa Civil e de Minas e Energia.
Aos poucos, mulheres ganham território no cenário político brasileiro. De 1999 a 2000, não havia mulheres nos gabinetes ministeriais. Entre 2003 e 2006, elas representavam 10,7%, e entre 2007 a 2010, 14,8% – os homens continuam representando 85,2%. A mesma tendência é observada no Senado e na Câmara dos Deputados.
A presidente reforçou o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, criado em 2005 em parceria com a ONU Mulheres, com a intenção de valorizar e estimular a ascensão de mulheres a postos de poder e decisão. Empresas públicas que aderem ao programa e são fieis aos objetivos ganham um selo de reconhecimento. As adesões ainda são tímidas: das 122 que participaram até agora, 92 foram premiadas.
No mercado de trabalho, as estatísticas ainda mostram uma tendência do passado. O Anuário das Mulheres Brasileiras, organizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que a maioria das mulheres empregadas atualmente executa serviços domésticos (17%). Seguem-se os setores de comércio e reparação (16,8%) e o de educação, saúde e serviços sociais (16,7%).
O exemplo raro
No universo de 97,3 milhões de mulheres no Brasil – quatro milhões a mais que o total de homens –, são poucas ainda aquelas com um perfil semelhante ao de Graça Foster. A engenheira química, que percorreu 32 anos de carreira dentro da Petrobras, ganhou vários prêmios como executiva e apareceu no ranking das 50 mulheres em ascensão no universo de negócios em todo o mundo, segundo o jornal inglês Financial Times.
Com a fama de ser rígida e extremamente exigente, Foster vai comandar um orçamento de 224,7 bilhões de dólares previsto no Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2011 a 2015. Ao que tudo indica, também será sob sua coordenação que a companhia empreenderá as explorações mais desafiadoras da camada Pré-Sal.
Fonte: Dw-World.De
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Carlos Albuquerque
No Brasil e no mundo é grande a curiosidade em torno da engenheira Graça Foster, a primeira mulher a comandar a maior empresa do Brasil e a quinta maior no ranking mundial da indústria petrolífera.
A engenheira química Maria das Graças Silva Foster – nome completo da nova presidente da Petrobras – já está acostumada a cargos de chefia. Foster, que ocupa atualmente o posto de diretora de Gás e Energia da empresa, já comandou as subsidiárias Petroquisa e Petrobras Distribuidora. Entre 2003 e 2005, foi secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, indicada pela então ministra da pasta, a hoje presidente da República, Dilma Rousseff.
O anúncio oficial da sucessora de José Sérgio Gabrielli, que administrou a estatal desde 2005, virá no dia 9 de fevereiro, após reunião do conselho de administração. Mas se trata apenas de uma formalidade: o nome de Foster foi encaminhado pelo próprio presidente do conselho, o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Um mundo dos “bons e velhos garotos”
Foster dá continuidade à sua carreira num ambiente essencialmente masculino. Em nenhuma das grandes companhias petrolíferas da atualidade a última palavra é de uma mulher. Mas a competência feminina já é vista em conselhos diretores de gigantes como a norte-americana Chevron, a russa Gazprom e a francesa Total. Curiosamente, nas duas maiores chinesas do setor, PetroChina e Sinopec, não há mulheres em conselhos diretores.
Quando o consultor Ken Arnold, do grupo Worley Parsons – parceiro em projetos importantes da BP e ExxonMobil – entrou no setor, em 1964, não havia sequer mulheres formadas em engenharia. “Naqueles dias, as empresas eram administradas por engenheiros, que iam galgando posições. Há muitos casos ainda que seguem esse estilo.”
Em quase 50 anos, muita coisa mudou. “Nesse meio tempo, a liderança de muitas indústrias do petróleo passou das mãos de funcionários técnicos para uma mistura de áreas técnica e financeira – e nesse setor há uma grande representação feminina”, relata Arnold. “Mas ainda existem bolsões da mentalidade do ‘bom e velho garoto’ na indústria”, reconhece. Para o consultor norte-americano, no entanto, cada vez mais mulheres devem chegar ao topo.
Evolução à brasileira
O Brasil vê uma evolução na igualdade dos gêneros desde que Dilma assumiu o governo como primeira presidente da história do país. Com a chefe de Estado, outras profissionais ascenderam ao poder: nove dos 38 ministérios são administrados por mulheres. Na era Lula eram quatro, incluindo a atual presidente, ex-ministra da Casa Civil e de Minas e Energia.
Aos poucos, mulheres ganham território no cenário político brasileiro. De 1999 a 2000, não havia mulheres nos gabinetes ministeriais. Entre 2003 e 2006, elas representavam 10,7%, e entre 2007 a 2010, 14,8% – os homens continuam representando 85,2%. A mesma tendência é observada no Senado e na Câmara dos Deputados.
A presidente reforçou o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, criado em 2005 em parceria com a ONU Mulheres, com a intenção de valorizar e estimular a ascensão de mulheres a postos de poder e decisão. Empresas públicas que aderem ao programa e são fieis aos objetivos ganham um selo de reconhecimento. As adesões ainda são tímidas: das 122 que participaram até agora, 92 foram premiadas.
No mercado de trabalho, as estatísticas ainda mostram uma tendência do passado. O Anuário das Mulheres Brasileiras, organizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que a maioria das mulheres empregadas atualmente executa serviços domésticos (17%). Seguem-se os setores de comércio e reparação (16,8%) e o de educação, saúde e serviços sociais (16,7%).
O exemplo raro
No universo de 97,3 milhões de mulheres no Brasil – quatro milhões a mais que o total de homens –, são poucas ainda aquelas com um perfil semelhante ao de Graça Foster. A engenheira química, que percorreu 32 anos de carreira dentro da Petrobras, ganhou vários prêmios como executiva e apareceu no ranking das 50 mulheres em ascensão no universo de negócios em todo o mundo, segundo o jornal inglês Financial Times.
Com a fama de ser rígida e extremamente exigente, Foster vai comandar um orçamento de 224,7 bilhões de dólares previsto no Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2011 a 2015. Ao que tudo indica, também será sob sua coordenação que a companhia empreenderá as explorações mais desafiadoras da camada Pré-Sal.
Fonte: Dw-World.De
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Carlos Albuquerque