domingo, fevereiro 21, 2010

Web móvel: em busca de aplicativos que falem a mesma língua

No mundo dos aplicativos de telefonia móvel, Apple, Google, Nokia e seus concorrentes parecem ter em comum apenas as diferenças que os separam. A maioria do software para comunicação móvel só opera em um tipo de aparelho ou nos celulares de uma operadora. Um aplicativo do iPhone não funciona em celular da Nokia, e tampouco funcionaria com o sistema operacional para celulares Android, do Google, ou com o novo Windows Phone, da Microsoft.
A situação do mercado, dizem os especialistas, é uma cacofonia de software incompatível que ameaça retardar o crescimento da internet móvel. As empresas desse ramo que estão comparecendo ao Mobile World Congress, congresso de telefonia móvel que se realiza esta semana em Barcelona, vêm realizando sessões para instruir os programadores de software quanto às idiossincrasias de criar programas para seus aparelhos.
"Todos os sistemas são fechados", disse Michael O'Hara, vice-presidente de marketing da GSM Association, organização setorial sediada em Londres que promove o evento em Barcelona. "Estamos criando ilhas de aplicativos incapazes de se comunicarem umas com as outras, no mercado".
A forma atual de concorrência é semelhante à encontrada nos dias iniciais da computação pessoal, quando um programa criado para, por exemplo, um Commodore 64 não funcionava em uma máquina da Texas Instruments.
A Microsoft terminou por dominar o mercado de sistemas operacionais para computadores pessoais, e isso levou legiões de programadores a desenvolver software para máquinas acionadas pelo Windows. Mas os sistemas operacionais perderam importância nos computadores, em anos recentes, já que boa parte das tarefas de computação foi transferida à internet, construída em torno de padrões abertos.
No mundo da comunicação móvel, o mercado de sistemas operacionais é fragmentado e a web móvel ainda não está desenvolvida o bastante para oferecer muitas das coisas que as pessoas desejam de seus aparelhos móveis. Enquanto isso, o iPhone e a loja App Store, da Apple, transformaram o ramo antes obscuro da comunicação móvel em um mercado lucrativo, o que estimulou outras empresas a imitar aquele modelo.
No ano passado, foram vendidos US$ 4,2 bilhões em aplicativos para celulares, quase todos para o iPhone, de acordo com números do grupo de pesquisa Gartner. Depois de dividir os proventos com os programadores, a estimativa é de que a Apple tenha embolsado cerca de US$ 1 bilhão em 2009. Com as expectativas de alta de 62% nas vendas de aplicativos móveis este ano, para US$ 6,8 bilhões, ainda de acordo com o Gartner, os rivais da Apple estão batalhando por uma fatia do mercado.
A Nokia, maior fabricante mundial de celulares, anunciou que os consumidores estavam baixando mais de um milhão de aplicativos diários de seu serviço Ovi. Google, Samsung, LG e Research In Motion, fabricante do BlackBerry, reportaram forte tráfego em suas lojas de aplicativos.

Skype fecha primeiro grande acordo com operadora celular

O grupo de telefonia via internet Skype fez sua primeira grande incursão no setor de telefonia móvel, por meio de um acordo com a maior operadora norte-americana do segmento, a Verizon Wireless.
Os telefonemas gratuitos via computador do Skype se tornaram um fenômeno na internet desde que a companhia foi criada, em 2002, e ela conta com cerca de 520 milhões de usuários registrados em todo o mundo.
Até o momento, porém, a Skype havia conquistado pouco espaço no setor de telefonia móvel, com a única operadora a adotar a tecnologia da empresa sendo a britânica 3, porque a maioria das operadoras do setor a viam como risco para seu negócio central, a telefonia de voz.
"A união entre Verizon e Skype é como se Tom e Jerry fizessem as pazes", disse um importante executivo do setor de telecomunicações, que pediu que seu nome não fosse revelado.
Embora operadoras de telefonia como a AT&T tolerem o uso de aplicativos Skype por seus clientes em celulares, a Verizon Wireless é a primeira operadora de telefonia móvel dos EUA a promover ativamente o serviço, que funcionará em aparelhos como o BlackBerry, da Research in Motion.
"É um momento histórico", disse Josh Silverman, presidente-executivo da Skype, em entrevista à Reuters. "Sentimos uma verdadeira mudança no pensamento das operadoras. A atitude de algumas delas está mudando rapidamente", afirmou Silverman.
A Verizon anunciou que o novo acordo tem por objetivo conquistar novos clientes.
"Existem 200 milhões de norte-americanos que não utilizam os nossos serviços, e isso nos deixa malucos. Acreditamos que ao oferecermos esse aplicativo, atrairemos todo um novo grupo de usuários", disse John Stratton, vice-presidente de marketing da Verizon Wireless, à Reuters.
"Até quando divulgamos essa entrevista coletiva conjunta, os comentários que surgiram nos blogs eram do tipo 'só no dia de São Nunca'", acrescentou.
Os clientes da Verizon com planos de dados poderão usar o serviço de telefonia via Internet da Skype em nove modelos de celulares inteligentes, a partir do mês que vem, anunciaram Verizon Wireless e Skype durante a Mobile World Congress, em Barcelona.