Imagine uma escola cuja sala de estudos não conta com livros e apostilas, mas com três dos consoles mais populares no mundo dos games:
Wii, PlayStation e Xbox.
Jogar os títulos desses consoles serve como diversão, é claro, mas funciona, principalmente, como aprendizado. Afinal, para conseguir desenvolver um game, é preciso conhecer bem os que já existem no mercado.
Quem quer deixar de ser apenas jogador e se transformar em um desenvolvedor de games encontra, no Brasil, cursos livres, técnicos, on-line e de extensão, além de graduação e pós-graduação.
Segundo estudo de 2008 da Abragames (
Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos),
49% dos cursos são livres -destacam-se as áreas de
3D, programação e arte. Os cursos se concentram em São Paulo (
47%) e no Rio de Janeiro (
27%). O foco de grande parte deles é em jogos digitais (
32%) --3D (
21%) e programação (
16%) também são destaques.
"No exterior, o aluno pode se especializar em desenhar o rosto de um personagem, por exemplo. No Brasil, temos empresas com 15 funcionários, as equipes são pequenas. Então, a multidisciplinaridade tem que estar presente", afirma Cláudio Eduardo Saunorins Bueno, coordenador da pós-graduação em games do
Senac (
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), que também oferece graduação.
A
PUC-SP (
Pontifícia Universidade Católica) também tem cursos em ambos os níveis. "A graduação é formada por jovens que se educaram na era do videogame. Eles querem trabalhar com isso, seja na área de roteiro, de programação, de modelagem 3D, de animação", diz Luiz Carlos Petry, criador do curso de Jogos Digitais e pesquisador da universidade.
Petry afirma que a formação dos cursos é ampla e permite que o aluno, quando formado, atue na área de games, como produtor independente --que faz jogos para iPods e celulares, por exemplo, e os comercializa pela internet--, na televisão e no cinema --trabalhando com animação e cenários- e, também, na publicidade, desenvolvendo jogos para sites de empresas.
Aprendizes Na AIS Computação Gráfica, cenário da sala de estudos citada no começo deste texto, cerca de 500 alunos cursam o PlayGame, treinamento de desenvolvimento de jogos de videogames para PC e consoles, com duração de um ano e meio.
"Inicialmente, os pais resistem. Mas, depois, percebem que os filhos não estão apenas jogando, mas aprendendo desenho, escultura, até chegar aos games", afirma Alessandro Bomfim, diretor da escola.
Fã do jogo
Silkroad, Eric Garcia, 22, procurou o curso porque sempre quis participar da produção de um game.
No ano passado, ficou em primeiro lugar no campeonato
GNGWC, que o levou à grande final na Coreia. "Nunca tinha viajado, foi um êxtase. Agora, tenho certeza de que quero fazer jogos".
Fonte:
www.uol.com.br