SÃO PAULO - O Brasil pode perder uma grande oportunidade de inovação caso opte pelo trem-bala de roda-trilho. A constacão é do professor Richard Stephan, da Escolha de Engenharia da UFRJ/Coppe. Stephan é um defensor do modelo de levitação magnética.
“Eu fiquei triste por não ver a palavra levitante no edital do projeto. O Brasil perde uma grande oportunidade de apresentar ao mundo nova solução menos poluente e mais eficaz energicamente caso opte pelo formato antigo”, diz o pesquisador.
Segundo Stephan, a tecnologia de material rodante, usada nos principais trens-balas atualmente, possui um custo para instalação das linhas mais alto. Isso porque os trens de roda-trilho possuem uma capacidade para superar rampas limitada em 3%. “O contato metal com metal não permite superar obstáculos mais ingrimes. Dessa forma, é preciso construir tuneis e viadutos que superem os acidentes geográficos”, explica ele.
Já os trens de levitação magnética possuem uma capacidade de inclinação de até 10% (são capazes de ganhar 10m de altura em um trecho de 100m de distância), o que o torna apto para superar os acidentes geográficos sem maiores intervenções.
Por outro lado, trens de levitação demandam um maior investimento inicial em equipamentos, devido aos custos dos imãs e supercondutores. O retorno viria com a economia de energia e com o valor de manutenção reduzido.
“Imagine um trem andando a 300 km/h sobre trilhos de metal. Isso gera um desgaste, além da necessidade de constante de alinhamento dos trilhos”, explica Stephan.
Para o acadêmico, a nova linha do trem-bala poderia ser construída ao lado da Rodovia Presidente Dutra ou da ferrovia MRS Logística. Trens de levitação magnética também poderiam ser utilizados em projetos urbanos, como o para ligar aeroportos aos centros das cidades.
A Coppe inclusive negocia com o BNDS o financiamento para a instalação de uma linha experimental de um trem de levitação de baixa velocidade para ligar pontos internos do campus da UFRJ, no Rio. O projeto é orçado em 4,1 milhões e pode sair até 2011.
A China é exemplo de um país que adotou o modelo de levitação. Em Shangai, o trem é capaz de atingir até 431 km/h em um trecho de 30 quilômetros entre o aeroporto de Pudong e a cidade. A Alemanha também domina a tecnologia.
“A tecnologia de material rodante de alta velocidade foi implantada pela primeira vez em 1964. É uma tecnologia que já exauriu suas possibilidades de aperfeiçoamento tecnológico. Imagine um atleta de 16, que possui uma infinidade de possibilidades de desenvolvimento técnico e físico, e um atleta de 30 anos que já queimou todas as suas possibilidades. Essa é a diferença entre os trens de material rodante e os de levitação magnética”, explica o professor.
Fonte: http://info.abril.com.br/