Há 25 anos, uma ligação para o bisneto do inventor do
telefone marcou o início de uma nova era não apenas nas telecomunicações, mas também no comportamento, nas relações sociais, no modo de trabalho e em diversos outros aspectos da sociedade do fim do século XX até hoje.
Em outubro de 1983 foi feita a primeira ligação comercial com um
celular, quando Bob Barnett, presidente da Ameritech Mobile, telefonou dos Estados Unidos para o bisneto de Alexander Graham Bell, na Alemanha. Em seguida, foi lançado comercialmente o
Motorola DynaTAC 8000X, primeiro telefone portátil no mercado. "Portátil", aliás, pode soar estranho hoje em dia se considerarmos que o aparelho em questão pesava quase um quilo e tinha cerca de 30 centímetros de altura.
No entanto, o maior problema de carregar um "tijolo" como este não tinha a ver com peso ou volume, mas com os custos. Quem hoje reclama do preço de um iPhone talvez se surpreenda em saber que, com bem menos recursos, o estreante DynaTAC custava US$ 4 mil.
Além disso, o portador de um aparelho tão exclusivo pagava US$ 50 mensais pelo serviço, mais uma taxa de US$ 0,24 a US$ 0,40 por minuto - mas esta última parte não devia pesar tanto, já que a bateria não durava mais do que 30 minutos de conversa.
Durante o primeiro ano em que ofereceu o serviço, mesmo que disponível apenas em Chicago, a Ameritech Mobile chegou a contar com 12 mil assinantes.
Idéia antigaAs experiências com telefones celulares não eram novidade em 1983. Dez anos antes, o pesquisador Martin Cooper havia feito com sucesso uma ligação de um telefone móvel, em Nova York, e alguns historiadores afirmam que o conceito de telefone celular já vinha se formando desde a década de 1940.
Mas a comercialização de aparelhos e serviços não foi possível até 1983, quando a Motorola foi a primeira fabricante a receber a aprovação do Conselho Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC) para atuação no mercado.
US$ 20 mil para ser um brasileiro com celular O sistema de telefonia móvel só chegou ao Brasil em 1990, no Rio de Janeiro, pela operadora estatal TELERJ. Até o fim do ano, havia 667 assinantes no País - que desembolsavam US$ 20 mil para usar o aparelho que logo se tornou símbolo de status. Em 1991, foram contabilizados 6,7 mil clientes.
Brasília foi a segunda cidade a ter cobertura de telefonia móvel, que chegou a algumas cidades do Rio Grande do Sul em 1992 e a cidades da Bahia e de São Paulo no ano seguinte.
Expansão na virada do séculoUm fator determinante para o crescimento da telefonia móvel no Brasil foi a privatização do setor em 1997. Neste mesmo ano, foi fundada a agência reguladora Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Em 1999 surgiu o sistema
pré-pago. Neste ano, o mercado brasileiro sofreu um grande impulso: o número de celulares passou de 7,4 para 15 milhões. O sistema aumentou ainda mais a partir de 2001, com a liberação das bandas C, D e E.
Hoje, o Brasil conta com um total de nove
operadoras de telefonia móvel e mais de 140 milhões de usuários.
Do Tijolo ao MicroTijoloA Motorola, mesma empresa que comercializou o primeiro celular em 1983, só entrou no mercado brasileiro em 1996 com o modelo MicroTAC, que custava R$ 3.495. Apesar de "micro" no nome, essa ainda era a época dos "tijolões", e ele não fugia à regra: tinha 17,1 centímetros de altura e 3,1 centímetros de espessura.
O telefone também serve para telefonarOs primeiros telefones celulares - que têm esse nome porque as regiões abrangidas pelo serviço foram divididas em áreas chamadas de células - serviam exclusivamente para telefonar, o que pareceria óbvio se não tivéssemos, 25 anos depois, celulares que acessam a Internet, tocam música e fotografam, entre tantos recursos disponíveis.
Hoje eles são pequenos, leves, finos - o que os torna bem mais portáteis do que um telefone-maleta, por exemplo. São muito mais baratos e acessíveis, chegando aos lugares mais remotos do País. Além disso, ainda bem, não precisam mais de antena.
Mas, acima de tudo, celulares se tornaram indispensáveis em nossas vidas. Quem consegue ter um dia normal quando esquece o celular em casa?
A tendência, dizem especialistas, é que tal importância só venha a crescer. O celular deve deixar finalmente de ser um telefone, apesar de também cumprir essa função, para se tornar um aparelho multifuncional inteligente que reúna tudo o que precisamos em algo bem menor do que um tijolo. E então, definitivamente, esquecer o celular em casa não será uma boa idéia.
Fonte:
www.terra.com.br