segunda-feira, outubro 24, 2011

Empresas, institutos de pesquisa e universidades unem esforços para atender demanda do pré-sal


Consenso entre os participantes do Gás na Economia 2011 é de que inovação e formação de mão-de-obra qualificada virá com uma aproximação maior entre academia e iniciativa privada

O Brasil vai precisar de 200 mil engenheiros e tecnólogos só para atender a cadeia de petróleo e gás nos próximos anos. Além disso, cerca de 90% do material e equipamento utilizados atualmente no segmento é de empresas estrangeiras (importados ou produzidos no Brasil), o que revela um promissor campo a ser ocupado por empreendedores brasileiros. Para atender essa demanda, a necessidade de uma maior aproximação entre empresas, institutos de pesquisa e universidades é consenso entre especialistas que participaram do GÁS NA ECONOMIA 2011 – Fórum de Ciência e Tecnologia, Pesquisa e Inovação / Parque Tecnológico de Santos, evento que reuniu cerca de 350 pessoas no dia 20 de setembro (terça-feira),no Mendes Convention Center, em Santos-SP.

Para o secretário nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ronaldo Mota, a criação de parques tecnológicos como o que será implantado em Santos é fundamental para promover essa interface. ?Além de despertar o empreendedorismo e atrair empresas novas, oferece oportunidades de pesquisa e desenvolvimento. As cidades que mais vão aproveitar os benefícios trazidos pelo petróleo e gás são aquelas que promovem uma maior sinergia entre as universidades e quem quer investir?, ressaltou.

A Petrobras, que terá um núcleo regional de pesquisa inserido no futuro parque tecnológico de Santos, também foca esta aproximação entre empresa e pesquisa. Segundo Luis Claudio Souza Costa, gerente de relacionamento com a Comunidade de Ciência e Tecnologia (Cenpes), a estatal está cada vez mais voltada para o desenvolvimento da tecnologia nacional. ?Trabalhamos com três eixos neste segmento: a própria Petrobras, os centros, universidades e institutos de pesquisa e também nossos fornecedores. Entre 2008 e 2010 investimos US$ 2,6 bilhões em desenvolvimento de tecnologia?, afirmou.

Durante o Gás na Economia 2011, o diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas e Sociais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Guilherme Sales Soares de Azevedo Melo, destacou a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial (Embrapii), que deve entrar em atividade já em 2012.

A instituição seguirá os moldes da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e terá o apoio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo(IPT), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Bahia (Senai-Cimatec), Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e da Inovação (Setec/MCTI) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Parque está próximo – A Prefeitura de Santos já está concluindo os estudos necessários para a implantação do parque tecnológico na área do Valongo, no Centro Histórico do Município. O Governo do Estado vai, por sua parte, acelerar a implantação da unidade assim que receber os projetos. Este foi o compromisso assumido pelo secretário municipal Desenvolvimento e Assuntos Estratégicos, Márcio Lara, e pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Paulo Alexandre Barbosa, durante painel realizado no Gás na Economia 2011.

“Será um parque de terceira geração, com o que há de mais moderno no mundo. Haverá no espaço uma rede coesa de trabalho conjunto de centros de pesquisa, universidades, órgãos e empresas para consolidar a imagem de Santos como uma cidade de conhecimento, tecnologia e inovação. Estamos concluindo os últimos planos para encaminhar ao Governo do Estado”, disse Lara.

O secretário estadual Paulo Alexandre Barbosa disse, por sua vez, que, assim que receber os planos, vai acelerar a implantação do parque tecnológico santista. “Nenhuma região do País vai se desenvolver como Santos nos próximos anos. Precisamos preparar a região para o que está por vir com os investimentos em petróleo e gás”, afirmou.

Momento histórico – O prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, destacou o momento histórico que passa a Cidade: ?Este evento Gás na Economia mostra que o Município está unido em torno desse objetivo de promover um desenvolvimento de forma sustentável. O mais importante é que tudo vem sendo construído com a participação de todos os segmentos da sociedade, principalmente com o envolvimento de todas as universidades da região. A Baixada Santista saí na frente e só tem a ganhar com isso?.

O presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), Michael Tim, também destacou a participação coesa dos vários setores da sociedade. “A implantação do Parque Tecnológico é resultado direto desta parceria entre as universidades e as empresas, com o auxílio do Governo do Estado. Santos têm competência para contribuir nas áreas de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento da economia do Estado e do País”, ressaltou.

A edição de 2011 do Gás na economia é uma iniciativa conjunta do Sistema A Tribuna de Comunicação e da Associação Comercial de Santos e teve o apoio da Prefeitura de Santos e da Caixa Econômica Federal, além do apoio institucional do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e patrocínio da Petrobras. Em sua sétima edição, o fórum debateu os principais temas relacionados à tecnologia para o desenvolvimento regional sustentável a partir das atividades da extração de petróleo e gás na Bacia de Santos.

Fonte: Revista fator

Importação de engenheiro cresce 670%


SÃO PAULO – O engenheiro Leonardo Milan, argentino, queria deixar a vida de mudanças a que está obrigado pela profissão. E a ALL, companhia ferroviária com operações em dez Estados brasileiros e também na Argentina, precisava há tempos de um engenheiro com especialização em ferrovias. Os dois se encontraram e, há três meses, Milan trabalha em Bauru, no Interior de São Paulo, no comando da equipe de manutenção da via da ALL. O argentino, agora, prevê se estabelecer em definitivo na cidade.

A situação de empresas que apelam para a contratação de estrangeiros para vagas especializadas, e de estrangeiros que veem no Brasil a sua grande oportunidade profissional, tem sido cada vez mais frequente. No caso de engenheiros como Milan, em que a escassez é mais grave, o movimento cresceu de forma acentuada no Brasil.

Levantamento feito pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) a pedido do Estado mostra que o aumento desses profissionais estrangeiros trabalhando no Brasil nos últimos quatro anos é de 670%: em 2006, o Confea fez a validação e o registro, por meio dos Conselhos Regionais (Crea), de 79 diplomas. Este ano, até agosto, já foram feitas 422 validações, além de outras 109 que estão em andamento, totalizando 531 certificações.

Este é um número parcial do total de engenheiros importados, já que há processos em andamento nos Creas que ainda não chegaram ao Confea. E também existem casos de engenheiros que não fazem a validação, o que é comum quando não precisam assinar laudos técnicos. “Tenho recebido vários pedidos da embaixada da Espanha, que está em crise, de Portugal e dos países da Ásia”, diz o presidente do Confea, Marcos Tulio de Melo.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) também registra crescimento nas autorizações para trabalhadores estrangeiros, de 18,85% no primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período de 2009.

Segundo o MTE, das 22.188 autorizações concedidas no período, apenas 1.428 são permanentes. Este número é pouco menor do registrado em todo o ano de 2006, quando foram concedidas 25.440 autorizações, 2.055 delas permanentes.

As vagas temporárias estão relacionadas a profissionais que vêm ao Brasil para montar máquinas e equipamentos importados, para instalação ou repasse da tecnologia e também a tripulação de embarcações e pessoal de plataformas para exploração de petróleo estrangeiras.

Chineses

As contratações temporárias podem acontecer em grande escala, como no caso dos 500 chineses que participaram da instalação de uma coqueria de carvão da CSA, a nova unidade siderúrgica da Tyssenkrupp, em Sepetiba, no estado do Rio de Janeiro.

“Compramos a coqueria da China e o contrato incluía a instalação”, explica o diretor de Recursos Humanos do grupo, Valdir Monteiro. Os chineses vieram em ondas, ao longo de três anos, montaram a coqueria e treinaram 2,4 mil brasileiros para operá-la. A média por período era de 150 desses estrangeiros.

Este tipo de empreendimento gera outras contratações, de especialistas que faltam no Brasil, em ritmo acelerado. “Houve estagnação nos investimentos em negócios, com exceção do setor de petróleo e gás, retomados há dois anos com velocidade muito grande”, diz o diretor de operações da Sampling Planejamento, Treinamento e Consultoria, Fernando Quintella. “A formação de mão de obra não acompanha esse ritmo. Como ninguém vai esperar que os brasileiros se formem, o número de estrangeiros vai continuar crescendo”, diz.

A Sampling trabalha no setor de petróleo e gás, siderurgia, mineração e energia atômica, áreas que recorrem com mais frequência a estrangeiros. “Todas as grandes empresas têm especialistas estrangeiros em seu quadro”, garante Quintella.

Fonte: Estadão