O Sepetiba Tecon, terminal de contêineres do Grupo CSN, localizado no porto de Itaguaí (RJ), vai investir cerca de US$ 130 milhões, a partir das próximas semanas, em equipamentos e obras de adequação de seu cais acostável. Com isso, seu cais contínuo passará dos atuais 540 metros para 810 metros, e a capacidade de operação de contêineres irá subir dos atuais 400 mil para cerca de 900 mil TEUs. Em 2011, o terminal operou 320 mil TEUs (contêineres de 20 pés ou equivalentes) e espera, este ano, expansão de 6%. A atual expansão irá levar14 meses. A profundidade oficial é de 14,5 metros, mas já foi feita dragagem para 15,5 metros, que apenas aguarda homologação por parte da Marinha.
As informações são do diretor comercial do Sepetiba Tecon, Marcelo Procópio. Além disso, o grupo CSN tem área próxima de 10 milhões de metros quadrados, da qua lum espaço de cerca de 800 mil metros quadrados deverá se transformar em um Pólo Logístico Multimodal, pelo qual diversas empresas se instalarão do lado do Sepetiba Tecon, com investimento estimado de US$ 250 milhões.
A par de incertezas da conjuntura global e até de redução de ritmo de crescimento do Brasil, o Sepetiba Tecon tem alguns trunfos. Informa Procópio que o tamanho dos navios porta-contêineres está em alta e isso dá ao terminal excelentes condições de competição. O local já pode receber navios de 8.500 contêineres e está se preparando para operar com navios de 9.400 TEUs. Estima-se ainda que a costa Brasileira deva receber navios de 11 mil TEUs já em 2013.
-O país tem diversos portos de águas profundas, mas os situados no Norte/Nordeste estão distanciados da principal área de consumo, que é o Sul/Sudeste, região mais rica do país – disse.
Outro fato especial para o terminal é que movimenta muita carga de transbordo – contêineres destinados a outros portos – o que acaba por atrair outras cargas, por saber que armadores irão freqüentar o porto. Segundo o dirigente, o fim de incentivos de ICMS para alguns portos também é motivo de aumento de operações onde não havia incentivo tributário especial, como Itaguaí.
O Sepetiba Tecon começou a operar em 2000 e teve sua primeira linha regular em2003. No momento, além de contêineres, recebe cargas “ de projeto”- equipamentos para grandes obras – trilhos e até barcos de lazer importados. Marcelo Procópio destaca a tendência para que, cada dia, mais cargas saiam do transporte em grandes quantidades – a granel – para o container, o que permite operação com sol ou chuva e facilita destinação de menores partidas para clientes específicos. Estão sendo enviados em contêineres cargas como café, algodão, açúcar, grãos em geral, carepa (resíduo oriundo do processo siderúrgico com alto teor de minério), minério de ferro, nióbio, níquel e auto-partes. O Sepetiba Tecon dispõe de um terminal de 5 mil metros quadrados para ovação de contêineres de primeira linha, que permite a mistura de até 9 tipos de café, em misturas (“blendings”), conforme requisitos dos importadores. Em geral, o café vem do Sul de Minas Gerais.
ELDORADO EM ITAGUAÍ
Se em Angra dos Reis, no Sul fluminense, há frustração, diante da negativa de expansão do terminal da Petrobras, o contrário ocorre em Itaguaí, nas proximidades do porto. O movimento de caminhões, com sua poeira crescente, é um sinal claro da vitalidade do local. Outro sintoma é que os habitantes da região avisam que por lá não falta emprego. Algumas empresas, que só contratavam pessoas que morassem nas proximidades, ampliaram o raio de admissão, por temer ficar sem empregados.
O porto de Itaguaí, antes chamado de Sepetiba, apresenta bom movimento. Lá estão duas unidades do grupo CSN – Sepetiba Tecon e Terminal de Carvão- e um cais da Vale. Aparentemente, o terminal da Valesul é uma exceção à euforia local. E a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) tenta, há bom tempo, licitar um terminal de granéis, chamado de “terminal do meio”, mas ainda luta com os burocratas ambientais. A expansão industrial de Resende (RJ) e arredores repercute no porto. Além disso, o Arco Rodoviário – que está atrasado, mas um dia será inaugurado – vai fazer com que cargas do Espírito Santo cheguem com mais facilidade ao porto. A super refinaria da Petrobras, o Comperj, disporá deporto próprio, mas cargas maiores terão de chegar pelo Porto do Rio ou por Itaguaí.
Antes exemplo de desolação, a estatal Nuclep é um canteiro de obras, tudo em função da Base de Submarinos da Marinha, que está em construção, mediante parceria da brasileira Odebrecht com a francesa DCNS. Talvez nem no auge da construção de Angra I e Angra II a Nuclep tenha tido tanta ocupação. O grupo de Eike Batista,além do estaleiro no Norte fluminense, está construindo o Porto do Sudeste. E dá para se saber, por informação visual, que as obras estão avançados e o píer que avança pelo mar já está pronto.
A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), mesmo estando à venda pelo grupo ThyssenKrupp, é um grande investimento. Não gera cargas para portos, pois tem seu próprio acesso. Duas empresas produtoras de motores estão se instalando no local: a Rolls Royce, mais adiantada e a Wartsila em fase embrionária, ainda. Gerdau e Usiminas também enriquecem a região.
A Petrobras é um caso à parte. A empresa número um do país tem área de 8 milhões de metros quadrados e pode fazer do local uma das bases do pré-sal, mas há um problema, pois seu acesso ao mar é polêmico. O terreno é interior e apenas tem acesso através de uma ponta. Fala-se que o governador Sérgio Cabral teria prometido à estatal uma solução, para viabilizar esse projeto que, como sempre, é bilionário.
Os executivos locais se queixam do acesso terrestre. Dizem que, por rodovia, há um grande empecilho, pois a descida da Serra das Araras, na via Dutra – explorada pela CCR – é um obstáculo ao desenvolvimento, pois suas curvas foram construídas em 1928. Quanto às ferrovias, diz-se que a gigante MRS se preocupa excessivamente com minério de ferro e dá pouca atenção a cargas menos pesadas. Já o acesso marítimo ao porto também precisa de melhorias, mas, bem ou mal, embora o canal de acesso não esteja duplicado, isso é questão de tempo. Afinal, ninguém pode imaginar que o porto de Itaguaí e o porto Sudeste vão depender de fila para acesso de navios
Fonte: NetMarinha por (Sergio Barrreto Motta)