A Petrobras revisou suas metas de expansão, baixando em 700 mil barris de petróleo por dia a estimativa de aumento na produção até 2020.
O primeiro plano de negócios (2012-2011) divulgado sob a gestão de Maria das Graças Foster – que assumiu a presidência da Petrobras em fevereiro – enfatizou o foco em metas pragmáticas e “absolutamente realistas”, que possam ser cumpridas, e cobradas, no futuro, segundo a executiva.
“Historicamente, a Petrobras não cumpre suas metas de produção. Verificamos que nos oito planos de negócios (anteriores), não temos cumprido nossa meta de produção. Uma de nossas conclusões é que nosso plano esteja sendo trabalhado em metas ousadas, que se mostraram metas não-realistas ano após ano”, afirmou Foster.
Durante os três meses após a posse de Foster, o setor de Exploração e Produção da estatal reavaliou o cronograma de seus projetos e chegou a uma nova curva de produção.
A projeção considerada mais “realista” pela presidente chega a ser um milhão de barris por dia menor do que a anterior, no período entre 2017 e 2018.
Em 2020, a previsão é que o país alcance uma produção de 4,2 milhões de barris por dia, 700 mil barris a menos que a projeção anterior.
Otimismo revisto
A palavra “realista” se repetiu em diversos trechos do plano de negócios, que foi apresentado nesta segunda-feira a investidores, analistas e jornalistas na sede da estatal no Rio de Janeiro.
A empresa vai investir US$ 236,5 bilhões (R$ 416,5 bilhões) até 2016, com prioridade para projetos de produção de óleo e gás no Brasil, que respondem por 60% dos recursos.
Segundo o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Miranda Formigli, o plano anterior (2011-2015), divulgado no último ano da gestão de José Sergio Gabrielli, contava com cronogramas “muito otimistas”.
“Isso (a revisão da produção) está associado aos cronogramas otimistas que foram sendo utilizados, às curvas de produção que em alguns casos colocávamos como possíveis de serem atingidas”, afirmou Formigli.
Ele diz que prazos anteriores para a construção e interligação de poços foram prejudicados por “atrasos significativos” da chegada de sondas encomendadas no exterior ao Brasil, que atrasaram em média um ano.
A previsão atual da companhia é que produção chegue a 2,5 milhões de barris por dia até 2016. O plano anterior previa uma produção de 3,07 milhões de barris já em 2015.
Os investimentos no pré-sal têm destaque no próximo quadriênio, respondendo por mais da metade dos investimentos em exploração e produção até 2016, o que equivale a cerca de US$ 67 bilhões.
Foco na eficiência
A presidente da Petrobras anunciou ainda que a empresa está elaborando um programa de otimização de custos operacionais. O objetivo é reduzir gastos com ativos de produção (com plataformas, refinarias e usinas termelétricas) e linhas de custo (como estoques de material e combustível, logística e gestão de manutenção).
Atualmente, os gastos gerenciáveis respondem por 30% do desembolso anual da estatal. O programa está sendo estruturado e deve ser apresentado em dezembro.
Foster se mostrou rígida em relação às metas de desempenho e à cobrança que imprime em sua gestão. Sua fama de “durona” transpareceu na apresentação aos investidores da empresa, quando interveio para responder uma pergunta sobre se as metas de produção da empresa eram confortáveis.
“Aqui ninguém trabalha com conforto de absolutamente nada. Conforto é uma palavra proibida entre nós. Aqui é desconforto 365 dias por ano, 24 horas por dia, para poder atender à demanda de todos os senhores e senhoras”, disse.
Foster afirmou ainda que a Petrobras continuará praticando sua política de ajustes nos preços de combustíveis para não prejudicar o mercado interno com as flutuações do preço do petróleo.
Na última sexta-feira, a companhia anunciou aumento de 7,83% para a gasolina e de 3,94% para o diesel vendido nas refinarias. Os novos preços não serão repassados ao consumidor, já que o governo decidiu zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tributo cobrado sobre combustíveis.
O aumento dos subsídios à gasolina no país foi anunciado no dia do encerramento da Rio+20, a Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, e gerou críticas de ambientalistas.
Fonte: Terra