Enquanto as jazidas do pré-sal brasileiro não forem sugadas na quantidade esperada, mesmo com os altos índices de produção própria, nosso País seguirá sofrendo com mais intensidade os efeitos das oscilações do preço internacional do petróleo.
Em verdade, mesmo quando a produção sonhada estiver jorrando, as variações do preço global do produto seguirão interferindo no valor cobrado aos brasileiros, pois mesmo abundante, não se justifica o populismo econômico. Até porque estamos tratando de um bem não-renovável e cujo uso deve ser balizado pelos valores reais de mercado como forma de evitar desperdícios, depreciações e coisas do tipo.
Mais pressões se ajuntam sobre a Petrobras, fazendo com que os prejuízos da empresa se ampliem. O saldo negativo da estatal já alcança a estratosférica marca de R$ 14,6 bilhões, segundo as contas do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O motivo desse vermelhão, repetimos, é a diferença entre os valores que a estatal paga pelos produtos no exterior e os de venda interna. Detalhando esse prejuízo, de janeiro a setembro deste ano o estrago é de R$ 11,1 bilhões para os negócios com óleo diesel, e R$ 3,5 bilhões para a venda de gasolina. E, a partir de agora, tende a aumentar.
O agora multiplicador desse dano à Petrobras é o tradicional aumento de preço do petróleo quando estouram guerras no Oriente Médio. O recrudescimento da beligerância entre Israel e os palestinos sitiados na Faixa de Gaza é o fator turbinante da hora. Ora, mas nem Gaza nem Israel produzem petróleo, poderia redarguir alguma voz desavisada. Verdade. Mas quando israelenses e palestinos entram em batalha aberta, todo o mundo árabe sente-se ameaçado, e responde com sua arma mais eficiente: o aumento do preço do petróleo.
Como a paz está cada dia mais distante das terras médias orientais e, além da matança em curso na Faixa de Gaza, as tensões sobre o Irã só aumentam, ulula a evidência de novos aumentos no preço internacional do óleo de pedra. E nós vamos pagar mais caro por esta conta brasileira que está sendo fechada errada desde antes.
Fonte: gazetaweb.globo.com