quarta-feira, novembro 21, 2012

Petróleo deles e prejuízos nossos

Enquanto as jazidas do pré-sal brasileiro não forem sugadas na quantidade esperada, mesmo com os altos índices de produção própria, nosso País seguirá sofrendo com mais intensidade os efeitos das oscilações do preço internacional do petróleo.

Em verdade, mesmo quando a produção sonhada estiver jorrando, as variações do preço global do produto seguirão interferindo no valor cobrado aos brasileiros, pois mesmo abundante, não se justifica o populismo econômico. Até porque estamos tratando de um bem não-renovável e cujo uso deve ser balizado pelos valores reais de mercado como forma de evitar desperdícios, depreciações e coisas do tipo.

Mais pressões se ajuntam sobre a Petrobras, fazendo com que os prejuízos da empresa se ampliem. O saldo negativo da estatal já alcança a estratosférica marca de R$ 14,6 bilhões, segundo as contas do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O motivo desse vermelhão, repetimos, é a diferença entre os valores que a estatal paga pelos produtos no exterior e os de venda interna. Detalhando esse prejuízo, de janeiro a setembro deste ano o estrago é de R$ 11,1 bilhões para os negócios com óleo diesel, e R$ 3,5 bilhões para a venda de gasolina. E, a partir de agora, tende a aumentar.

O agora multiplicador desse dano à Petrobras é o tradicional aumento de preço do petróleo quando estouram guerras no Oriente Médio. O recrudescimento da beligerância entre Israel e os palestinos sitiados na Faixa de Gaza é o fator turbinante da hora. Ora, mas nem Gaza nem Israel produzem petróleo, poderia redarguir alguma voz desavisada. Verdade. Mas quando israelenses e palestinos entram em batalha aberta, todo o mundo árabe sente-se ameaçado, e responde com sua arma mais eficiente: o aumento do preço do petróleo.

Como a paz está cada dia mais distante das terras médias orientais e, além da matança em curso na Faixa de Gaza, as tensões sobre o Irã só aumentam, ulula a evidência de novos aumentos no preço internacional do óleo de pedra. E nós vamos pagar mais caro por esta conta brasileira que está sendo fechada errada desde antes.

Fonte: gazetaweb.globo.com

Brasil é uma potência tecnológica na exploração de pré-sal, diz Viana

Geólogo aponta os desafios tecnológicos no setor de O&G


Mais de um terço das descobertas mundiais em águas profundas e ultra-profundas nos últimos cinco anos é atribuída à Petrobras. Quanto ao pré-sal, a estatal esteve presente em 100% das descobertas. Desde 2010, o volume de reservas da Petrobras cresceu 8%. Mas, para conquistar maior autonomia energética, o país precisa continuar apostando em avanço tecnológico na área de exploração de petróleo e gás, segundo o geólogo e gerente de novas fronteiras exploratórias da Petrobras, Adriano Viana, responsável pela descoberta de pré-sal no poço de Tupi, na Bacia de Santos.

“O Brasil é uma potência tecnológica na exploração de pré-sal e já tem autonomia energética . Sem dúvida, em uma década o país estará produzindo plenamente no pré-sal”, avalia Viana, em entrevista ao NNpetro durante o Congresso Nacional de Oceanografia, no Rio de janeiro

O desafio – encarado pelo Brasil como uma grande oportunidade para aumentar a produção de óleo e gás e iniciar uma revolução tecnológica – é a exploração das reservas de hidrocarbonetos localizadas em águas profundas e ultraprofundas, podendo chegar a 5 mil metros de profundidade. É o caso do poço de Lula, também na Bacia de Santos, em que a extração do petróleo nessa formação de pré-sal brasileiro está nesta marca e chegou a profundidade máxima de 7,6 mil metros, recorde de perfuração brasileira. Além da complexidade geológica, Viana aponta outro desafio: a complexidade ambiental.

“Trabalhar em águas profundas e ultraprofundas é um desafio. A Petrobras já tem esta tradição na Bacia de Campos, que atua nesta área há mais de 20 anos, e é reconhecida mundialmente pela liderança em tecnologia. O desafio hoje é muito mais uma questão.

Indústria X meio acadêmico

A projeção de exploração das reservas brasileiras é de um total 15 bilhões de barris recuperáveis, com grande chance de superar esta marca, segundo Viana. Para alcançar este número, se faz necessário uma aproximação da indústria com o meio acadêmico. A companhia busca produzir 4,2 milhões de barris diários em 2020, tendo que duplicar a produção em menos de uma década.

“Indo para áreas de fronteira temos condições de explorar camadas de muito valor, além de melhorar o fator de recuperação de campos já descobertos. Para isso, precisamos de tecnologia de ponta, além de investir em capital humano. A demanda é tão grande que os fornecedores estão sobrecarregados. Nós exigimos muito deles. O desafio hoje é a indústria acompanhar o ritmo de demanda da Petrobras”, aponta o geólogo.

A companhia investiu fortemente em investigação e desenvolvimento (I&D) e em parceria com empresas de serviços e equipamentos, como a Schlumberger e a Baker&Hughes. A Petrobras é a quarta maior do seu setor que investe em I&D. Entre 2001 e 2010, a estatal cresceu 59% na área de recursos humanos em exploração e produção (E&P). “A exploração tem que estar pautada em custo, tempo e investimentos. Os desafios são na área de conteúdo nacional, competitividade aliada à sustentabilidade, além da simplificação e padronização”, finaliza Viana, lembrando que “este é o momento da Petrobras resgatar o seu investimento”.

Fonte: NN Petro