A iniciativa dos estaleiros com foco no pré-sal, com a participação de toda a cadeia de produção: os estaleiros, fornecedores de equipamentos, fornecedores de materiais, e serviços para o setor de óleo e gás.
O objetivo da associação é promover uma integração e parcerias entre os setores envolvidos que resultem em ganhos de produtividade e competitividade para as indústrias brasileiras.
A indústria naval, em todo o mundo, é considerada de importância estratégica, sendo apoiada e incentivada pelos governos. É um elo vital na inserção dos países na economia. Após um período de recessão na década de 80, o cenário brasileiro atual é otimista e extremamente positivo para o Brasil, com perspectivas de aumento da demanda nos mercados externo e interno, trazendo perspectivas para o mercado de trabalho para as futuras gerações.
Consequentemente, o crescimento da exploração e produção de petróleo e gás natural em águas profundas tornou o segmento offshore, nos últimos dez anos, um importante mercado para o setor, que atualmente está num ritmo de crescimento acelerado.
Neste novo cenário, com a demanda do pré-sal, a previsão é que a indústria de óleo e gás, que responde por 10% do PIB brasileiro, dobre a sua participação.
A importância do pré-sal também é dimensionada pela perspectiva de aumento da reserva de barris: hoje o país conta com 14 bilhões de barris em suas reservas e poderá chegar a 100 bilhões com a descoberta do pré-sal.
Com a previsão de que a indústria naval e offshore alcance um faturamento da ordem de US$ 15 bilhões por ano, nos próximos dez anos (o que representa o dobro do que fatura o setor aeroespacial), a questão primordial a ser discutida é: será que a indústria brasileira vai conseguir acompanhar o ritmo do pré-sal? Estará ela preparada para este crescimento? Ela será competitiva suficientemente para enfrentar a concorrência estrangeira?
Neste contexto, foi criada a Abenav (Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore). Trata-se de uma iniciativa dos estaleiros com foco no pré-sal, com a participação de toda a cadeia de produção: os estaleiros, fornecedores de equipamentos e fornecedores de materiais.
A missão da Abenav é ajudar a as empresas brasileiras a se prepararem para concorrer com as companhias estrangeiras tendo como base a qualidade, preço e prazo; acompanhar a implantação e exploração do pré-sal nos aspectos técnico, regulamentar e comercial; articular isenções fiscais e tributárias, além de novos financiamentos para as empresas do setor, frente aos governos estadual e federal.
O seu principal desafio é ajudar a criar uma indústria nacional sólida, tendo como base o modelo de incentivos e apoios adotados pela Noruega, Grã Bretanha e Coréia, desde o desenvolvimento de suas indústrias, até os dias de hoje.
Com sede no Rio de Janeiro, a Abenav é presidida pelo empresário Augusto Mendonça, atual vice-presidente do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore).
A Abenav já nasce com a participação dos principais estaleiros brasileiros, além de representar os setores naval e offshore e fornecedores de materiais e serviços para o setor de óleo e gás. Também fará parte da associação toda a cadeia fornecedora de bens e serviços e suas entidades, ou seja, todos que têm interesse de fornecimento para a exploração do pré-sal.
Segundo Dr. Augusto Mendonça, o objetivo da associação é mobilizar todas as entidades envolvidas na exploração do pré-sal para que se possa incentivar a criação de uma indústria nacional forte.
A atuação da Abenav será em nível nacional e a entidade vai trabalhar em sinergia com instituições, entidades e Governo, para que, juntos, possam contribuir para o pleno desenvolvimento do setor do pré-sal.
Para o Brasil acompanhar esse crescimento, será preciso um conjunto de ações voltadas para o desenvolvimento e aumento da competitividade industrial, tendo as seguintes metas: política industrial ousada, ações concretas e decisões corajosas.
O pré-sal é a oportunidade de crescimento e desenvolvimento da indústria brasileira, mas é preciso que as regras do pré-sal sejam bem definidas para se evitar o risco do fenômeno econômico conhecido como doença holandesa, termo que surgiu nos anos 60, quando o preço do gás subiu muito na Holanda e as exportações da matéria-prima também cresceram muito, valorizando a moeda local. O resultado apareceu nos anos 70: as exportações dos produtos industrializados ficaram extremamente prejudicadas e a indústria quebrou.
Segundo Dr. Augusto Mendonça, presidente da Abenav, o otimismo do setor está em sintonia com o apoio e comprometimento do governo federal com a indústria brasileira e com a importância que o pré-sal representa para o país, já que é um forte gerador de mão-de-obra especializada em um setor estratégico como a construção naval e offshore.
Atualmente, os estaleiros empregam 60 mil pessoas e até 2018 chegará ao número de 110 mil empregados diretos, que é o que a indústria automobilística emprega hoje.
"O efeito deste crescimento na indústria em geral deverá ser extremamente positivo. As estimativas da Abenav indicam que o pré-sal irá implicar produção de 97 plataformas de produção, 510 barcos de apoio e 80 navios, com conteúdo nacional entre 65% e 70% do valor total. Isso deverá significar um volume espantoso de encomendas no mercado interno, desde tubos, a parafusos, material elétrico e motores”, informa o presidente da entidade.
Augusto Mendonça ressalta que é importante reter essa riqueza no Brasil, já que a cada emprego direto nos estaleiros mais cinco a sete são gerados na economia, e que não se esgotará nos próximos 50 anos, daí a importância do papel da Abenav para o setor.
Fonte:
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