terça-feira, outubro 16, 2012

Pré-sal está produzindo 50% mais que o previsto

As explorações do pré-sal, especialmente na Bacia de Santos (litoral norte de São Paulo e sul do Estado do Rio de Janeiro), têm surpreendido a Petrobras. Os primeiros quatro poços do campo gigante de Lula, por exemplo, estão produzindo 50% a mais do que o previsto – sucessos exploratórios que têm ofuscado internamente a acentuada queda de produção no pós-sal da Bacia de Campos (litoral norte do Rio e sul do Espírito Santo). Em Santos, o índice de sucesso é de 90%, contra os cerca de 30% da média mundial.
Diante do potencial, o governo, que no mês passado anunciou previsão de data para o primeiro leilão do pré-sal (novembro de 2013), usará um modelo de concorrência que considera também o volume produzido, não apenas a área cedida – uma forma de aproveitar o máximo das reservas, cujo gigantismo a cada dia se prova mais concreto.
Apenas os recursos da área da cessão onerosa e o potencial recuperável dos dois campos do pré-sal (Lula e Sapinhoá) que a Petrobras declarou comercialidade à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) equivalem a tudo o que a companhia produziu desde sua fundação, em 1953. São 15,4 bilhões de barris.
“Só isso é igual a toda a produção que a Petrobras já teve, e vocês sabem que não é só isso”, disse à Agência Estado o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga. “Os poços têm tido produtividade melhor do que o inicialmente esperado”.
Os quatro campos de Lula chegaram à meta esperada para seis poços: 100 mil barris por dia. Hoje, o pré-sal já responde por 5% da produção de cerca de 2 milhões de barris diários da companhia. A previsão é de que passe para 31% em 2016 e 50% em 2020.
Categoricamente, nossa avaliação hoje em relação ao pré-sal é muito melhor do que tínhamos há alguns anos. Cada um pode escrever o que quiser, mas essa é a mais pura realidade”, disse Fraga.

Fonte: AE

SPE promove workshop sobre integridade de poços

A SPE (Society of Petroleum Engineers) realizará o workshop “Gerenciamento de Integridade de Poços com foco em Águas Profundas”, nos dias 7 e 8 de novembro de 2012, em Salvador (BA), dentro de um programa global de eventos promovidos pela entidade com o intuito de disseminar a informação e reforçar a interação entre os profissionais do setor.

Especialistas de empresas da cadeia produtiva de óleo e gás farão mais de 20 apresentações técnicas, compartilhando experiências com distintas tecnologias e as melhores práticas utilizadas em sua região. A SPE estima a participação de aproximadamente 100 profissionais da área de integridade de poços de petroleiras e empresas de bens e serviços que atuam no mercado de petróleo e gás natural no país.

O gerenciamento da integridade e os principais desafios em águas profundas, novos requisitos e regulação e tecnologias inovadoras são os temas centrais das seis sessões técnicas que terão a participação de profissionais de empresas como Baker Hughes, Ecopetrol, Exprosoft, National Oilwell Varco, OGX, Petrobras, Schlumberger, Sinopec Argentina e Weatherford, que integram o comitê técnico do evento, presidido por Otto Luiz Alcantara Santos, da Petrobras, e Neal Adams, consultor na área de integridade de poços.

“Este workshop proporcionará uma excelente oportunidade para especialistas e gestores conhecerem e discutirem as novas tendências, melhores práticas e desafios em gerenciamento da integridade de poço, em todas as fases da sua vida produtiva (desde o projeto e perfuração até o abandono total do mesmo), especialmente daqueles localizados em águas profundas”, observa o engenheiro Otto Luiz Alcantara Santos, que é consultor sênior da Petrobras e Chairman da Seção SPE Bahia/Sergipe.

A questão da integridade de poços, principalmente em águas profundas, em condições cada vez mais severas, é um aspecto crítico para a indústria petrolífera mundial, que vem investindo na melhoria dos procedimentos de operação durante o processo de planejamento, construção, funcionamento e manutenção do poço, assim como em novas soluções que garantam maior longevidade e segurança a estes ativos.

Serviço

Well Integrity Management: A Deepwater Approach

Data: 7 e 8 de novembro de 2012

Local: Pestana Bahia Hotel

Endereço: Rua Fonte do Boi, 216 - Rio Vermelho - Salvador, Bahia, Brasil - CEP: 41940-360

Parceria com fornecedor é saída para atender ANP

Presidente global da unidade de petróleo e gás da ABB, Taylor diz que, além dos parceiros, a empresa resolveu produzir ela mesma componentes antes importados
 
Rio de Janeiro (RJ) - O setor de petróleo e gás é a grande aposta do Brasil na área de energia para os próximos anos. Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2021, do governo federal, o setor vai responder por 68% dos investimentos, estimados em US$ 1 trilhão. No mesmo período, a produção de petróleo deve passar dos atuais 2 milhões de barris por dia para 5,4 milhões de barris diários.
O ambiente de negócios está cheio de oportunidades, mas também de desafios. Um dos maiores é conseguir desenvolver uma cadeia de fornecedores a tempo de atender a demanda, que cresce em ritmo explosivo, e de forma a cumprir os requisitos de nacionalização.
 Desde 2005, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) exige de 37% a 85% de conteúdo local dos consórcios responsáveis pela exploração em cada poço. A requisição varia de acordo com a profundidade em que está o petróleo e da etapa da exploração.
As multinacionais de equipamentos que entraram de cabeça nesse mercado desenvolveram estratégias variadas para aumentar a nacionalização dos seus produtos. A General Electric (GE) inovou ao adaptar fornecedores do setor automotivo para atender às demandas do setor petroleiro.
A iniciativa começou há pouco mais de um ano, quando a empresa implementou um programa para encontrar fornecedores para suas linhas de produção que tinham dificuldade em comprar matéria-prima e componentes produzidos localmente. Entre os setores, um dos mais importantes foi o de equipamentos para petróleo e gás, que incluem a produção de árvores de natal, cabeças de poço, turbogeradores e válvulas.
"Eles [do setor automotivo] tem uma mentalidade clara de qualidade e capacidade de investimento; não se assustam com a necessidade de investir dez ou quinze milhões de reais em uma linha de produção", afirma o diretor de suprimentos da GE Energy, Maurício Valadares.
Agora, no segundo semestre de 2012, estão sendo fabricadas, por esses fornecedores, as primeiras peças produzidas para equipamentos de petróleo e gás da GE. De acordo com o diretor, um resultado bastante satisfatório e que vem mostrando o sucesso da iniciativa. "Há dificuldades, como a questão de não serem peças seriadas [como no meio automotivo], mas, de forma geral, o saldo é muito positivo", afirma o executivo.
 
Valadares conta que tem sido fundamental o engajamento da GE no processo de adaptação. A empresa envia "engenheiros residentes" que acompanham passo a passo da instalação da nova linha de montagem. A GE tem também, no Brasil, cerca de 30 engenheiros de qualidade que analisam peça a peça para saber se elas atendem aos padrões da companhia.
Outro caminho trabalhado pela GE foi de prospectar fornecedores estrangeiros. Em março, a empresa promoveu um encontro entre 50 fornecedores internacionais e 50 locais. Só na área de petróleo e gás, a empresa convenceu seis fabricantes a virem ao país (três da Itália, um da Espanha, um dos Estados Unidos e um da República Tcheca). As empresas estudam se montarão unidades próprias ou se irão se associar a fabricantes locais.
A ABB, de sistemas e automação, também seguiu a linha de trabalhar com proximidade dos fornecedores. Em alguns casos, a companhia resolveu, porém, produzir ela mesma componentes antes importados. É o caso de disjuntores, motores, geradores e acionamentos elétricos, usados em sistemas para o mercado de petróleo e que passarão a ser produzidos na nova fábrica da ABB em Sorocaba (SP). A empresa está investindo US$ 200 milhões até 2015 para ampliar a capacidade de produção no país, com a construção da unidade e a expansão de outras fábricas.
Para trazer a produção para cá, no entanto, é necessário haver condições de mercado. "É caro produzir no Brasil e isso tem que ser avaliado caso a caso, é preciso haver ganho de escala, se não é melhor comprar de terceiros", afirma Sandy Taylor, presidente global da unidade de petróleo e gás da ABB.
Outra que aposta em trazer processos da fabricação de equipamentos para o Brasil é a Rolls Royce, que está fazendo investimentos da ordem de R$ 200 milhões em uma nova fábrica, em Santa Cruz (RJ). A unidade é parte do plano de substituir importações, no valor de US$ 1,5 bilhão nos próximos dez anos, e estreitar o relacionamento com fornecedores brasileiros.
 Atualmente, os turbogeradores da companhia têm parte do material comprado localmente e parte importada. A montagem é feita parcialmente no exterior e a expectativa é que esses processos sejam nacionalizados até 2016.
De acordo com o presidente da empresa no Brasil, Francisco Itzaina, a estratégia de fazer uma transição gradual é muito importante para a empresa e permitirá que ela chegue a 50% das plataformas da Petrobras nos próximos anos - hoje, a empresa atende a 40% das plataformas da estatal.
A companhia analisa com cuidado quais processos e materiais podem ser feitos e adquiridos localmente, sem comprometer a competitividade. No passado, relata Itzaina, a Rolls Royce teve experiências negativas como a tentativa de produzir, no país, módulos de energia para plataformas. "O jeito que foi exigido não era o nosso forte, tínhamos de comprar aço em pouca quantidade e não era lógico fazer assim", diz. Segundo o executivo, foi e está sendo um processo de aprendizagem para os empresários do setor. Os módulos, por exemplo, passaram a ser fabricados pelos estaleiros, que já adquirem aço em escala para construir embarcações.
A questão da competitividade dos equipamentos com maior grau de nacionalização é um ponto que vem sendo analisado de perto pela Siemens. O diretor da divisão de petróleo e gás da empresa no Brasil, Welter Benício, considera que a empresa tem alguma "tranquilidade" em cumprir os requisitos de nacionalização, por estar há décadas estabelecida no país. No entanto, ele afirma que a Siemens decidiu manter certos componentes importados por razões estratégicas.
Sobre usar uma cadeia de fornecedores locais ou instalar linhas de produção de componentes para atender aos requisitos de nacionalização, Benício entende que o importante é saber o que deve ou não ser terceirizado. "Aquilo que é 'core' é mantido dentro de casa, outros componentes, que não são tão vitais, a gente passa para fora, como componentes mecânicos, elétricos."
O executivo afirma que expandir a produção no Brasil é um caminho importante para o país e que tem o apoio das empresas do setor. O processo, porém, deve ser feito analiticamente, trazendo linhas de montagem de componentes na medida em que for viável e terceirizando com fornecedores locais ao passo em que a cadeia for se desenvolvendo. "Quanto mais madura for a cadeia, mais fácil será para nós terceirizar."
Fonte: Valor Online