terça-feira, outubro 25, 2011

Grupo Techint vai gerar 3 mil empregos no litoral do Estado



O Grupo Techint, que está reativando sua unidade em Pontal do Paraná, tem a intenção de utilizar o litoral do Estado como base para uma série de operações que pretende realizar para apoio à exploração do pré-sal. Os planos da multinacional foram apresentados por executivos do grupo, na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), durante reunião da Câmara de Petróleo e Gás. Somente nos projetos iniciais de fabricação de duas plataformas petrolíferas, a empresa deve gerar 3 mil empregos diretos nos próximos três anos, além de demandar uma série de produtos e serviços, abrindo oportunidades para empresas paranaenses de vários segmentos.

Atuando no Brasil há 64 anos, a Techint já manteve sua unidade em Pontal do Paraná ativa em dois períodos: na década de 1980 e entre 2004 e 2006. Na última etapa, a empresa produziu jaquetas para a plataforma PRA-1, da Petrobras. Agora, serão construídas duas plataformas para a OSX ? uma das companhias que atuará na exploração do petróleo do pré-sal ?, cada uma pesando cerca de 23 mil toneladas. Para comportar o empreendimento, a Techint já está ampliando seu canteiro, que passará dos atuais 150 mil metros quadrados de área para 200 mil. Além disso, a empresa também possui uma área de 100 mil metros quadrados em Antonina, que também deve ser utilizada em seus projetos para o pré-sal.

O superintendente de Desenvolvimento de Negócios da Techint, Luís Guilherme de Sá, explica que, enquanto na construção dos componentes da PRA-1 foram empregadas entre 1,2 mil e 1,5 mil pessoas, agora devem ser gerados cerca de 3 mil empregos diretos e outros 6 mil indiretos ao longo do projeto. Segundo ele, a empresa dará prioridade para mão de obra local. ?Precisamos de formação de mão de obra especializada. É importante a parceria com entidades como Senai, Sesi e governo do Estado, para qualificar a mão de obra local e retê-la na região?, afirmou. Nesse sentido, o Senai Paraná já realizou investimentos em sua unidade de Paranaguá para ampliar a capacidade de formação de profissionais, especialmente soldadores. Além disso, a instituição mantém conversas constantes com a empresa para discutir outras prioridades.

O executivo acrescentou que, apesar de o contrato da Techint com a OSX ter duração prevista de cerca de 3 anos, a intenção da multinacional é estender seu período de atuação em Pontal. ?Queremos criar um conjunto de atividades que torne perene nossa operação no Paraná?, disse. Entre essas atividades, além da construção de outras plataformas fixas, a empresa tem a intenção de utilizar a unidade de Pontal para produzir módulos que são instalados nos chamados navios FPSOs, embarcações que ficam ancoradas em alto-mar e fazem o primeiro processamento no petróleo antes que sejam trazidos á costa. ?Nosso objetivo é não só produzir os módulos como fazer a integração deles aos FPSOs. Hoje existem poucos estaleiros que fazem isso no Brasil, e a Techint quer trazer isso ao Paraná.?, explicou Sá.

De acordo com o executivo, cada projeto de montagem de um navio FPSO leva em torno de 1 ano e meio, demandando investimentos que podem chegar a U$ 3 bilhões por unidade. Atualmente, a Petrobras está com licitações abertas para encomendar oito FPSOs, projetos que interessam à Techint. ?É uma concorrência estratégica, com fornecimentos de 5 anos para a Petrobras, que podemos garantir para a Techint e o estado do Paraná?, declarou.

Posição estratégica

Na opinião de Luís Guilherme de Sá, o litoral paranaense, por sua localização em relação aos campos petrolíferos, tem potencial para ser uma importante base tanto para construção e montagem de estruturas quanto para prestar apoio técnico e logístico ao pré-sal. ?O Paraná tem importância estratégica para o pré-sal?, disse.

Com isso, abrem-se inúmeras oportunidades para empresas paranaenses de diversos setores. Outro executivo da Techint, o diretor comercial Nelson Aun, explicou que apenas para a ampliação da unidade de Pontal já estão sendo demandadas a contratação de fornecedores, por exemplo, de andaimes, estruturas metálicas, obras civis, fornecimento de refeições, aterro hidráulico, serviços de limpeza e vigilância, projeto básico de ampliação do cais, tratamento de efluentes e instalações de telecomunicações, entre outros.

Com a construção das primeiras plataformas, surgirão novas demandas, especialmente pela obrigatoriedade de presença de conteúdo nacional nos empreendimentos do pré-sal. ?Temos um timing para nossos projetos e é fundamental que haja mobilização das empresas fornecedoras. Temos empresas que são qualificadas, mas que não visualizam como podem estar participando deste processo?, disse Aun. Para o diretor, reuniões como a organizada pela Câmara de Petróleo e Gás da Fiep são importantes para que a Techint possa conhecer empresas interessadas e capacitadas para fornecer à companhia.

Fonte: http://www.petroleoetc.com.br/

Rio reúne “inteligência” do petróleo


Se a Califórnia tem o seu Vale do Silício, região que aglutina empresas de tecnologia de ponta, o Rio avança para criar um Vale do Pré-sal ou Vale da Energia. Esse polo, que reúne a inteligência do petróleo, está em fase de desenvolvimento no parque tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, onde a Petrobras inaugurou o novo prédio, que amplia seu centro de pesquisas. Ali, estão em estudo tecnologias eletromagnéticas para caracterização de reservatórios profundos, ressonância magnética nuclear e equipamentos especiais para perfurar o pré-sal de forma segura e veloz.

Em um primeiro momento, 12 empresas devem se instalar no parque tecnológico da UFRJ, prevê Segen Estefen, diretor de tecnologia e inovação do Coppe), instituto ligado à universidade. “A Ilha [do Fundão] se configura como um grande cluster tecnológico do pré-sal, o que o Vale do Silício foi para a área de informática”, diz Estefen. As empresas, conta, se instalam ali motivadas pela parceria com a UFRJ e pela perspectiva de trabalhar com a Petrobras. “É uma interação tripartite”, afirma.

As últimas empresas a anunciar a construção de centros de pesquisa no parque tecnológico da UFRJ foram a Halliburton, prestadora de serviços na área offshore, e a TenarisConfab, fabricante de tubos de aço. As duas vão construir unidades de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor. Antes delas, Schlumberger, FMC, Baker-Hughese Usiminas fizeram anúncios semelhantes. A Schlumberger inaugurou centro de pesquisas em novembro, investimento de US$ 48 milhões.

Há ainda casos de empresas que assinaram memorandos de entendimento com a Petrobras para uma futura cooperação tecnológica em projetos de pesquisa e desenvolvimento, caso da GE. A companhia americana deve se instalar em uma área contígua ao parque tecnológico e, no momento, negocia a compra de 100% da Wellstream, fabricante de dutos flexíveis para transporte de petróleo e gás. Outras ainda estão em fase de negociação com a estatal para assinar acordos de cooperação, como a Weatherford, a Cameron, a própria Wellstream e a IBM.

A meta da Petrobras é manter próximas dela as empresas que desenvolvem tecnologia. Carlos Tadeu Fraga, gerente-executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), diz que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) feitos pela estatal cresceram cinco vezes na década – são cerca de US$ 800 milhões por ano.

Segundo Fraga, o Brasil será um polo tecnológico da indústria de óleo e gás na próxima década. A Petrobras tem obrigação contratual com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) de investir pelo menos 1% da receita bruta dos campos que pagam participação especial em projetos de P&D. Metade desse percentual é investido em universidades (R$ 400 milhões por ano).

Um dos focos dos estudos são as rochas carbonáticas, onde se depositam os reservatórios de óleo do pré-sal. Esses estudos abrangem outras universidades. O professor Dimas Brito, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro (SP), cita a iniciativa de criação da Unespetro, um centro de geociências aplicadas ao petróleo sediado na universidade.

O centro será integrado por professores, pesquisadores, graduandos e pós-graduandos e profissionais da indústria, do país e do exterior. A Unespetro terá como foco o estudo e o ensino das rochas carbonáticas. Cerca de R$ 10,5 milhões estão sendo aplicados na estruturação do centro, considerando edifício e equipamentos. Quase 90% deste valor é investimento feito pela Petrobras. Na visão de Brito, entre os principais desafios da Unespetro nos próximos dez anos estará o acompanhamento das demandas geocientíficas e tecnológicas na área do petróleo. (CS e FG)

Fonte: Adm. Vinicius Costa Formiga Cavaco