O gás natural foi um dos temas mais discutidos na 15ª edição da Rio Oil & Gas, realizada entre os dias 13 e 16, no Rio de Janeiro. Entre os debates, a questão da queima de gás foi ressaltada, principalmente por ocasião da apresentação dos dados de produção de petróleo de agosto, divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), também na feira. Segundo a agência, no mês passado, o país queimou 10% de sua produção total – de 62,5 milhões de metros cúbicos.
De acordo com a avaliação da própria ANP, essa é um valor alto, uma vez que o órgão autoriza, em via de regra, 3% de queima, com mais 2% de margem, estudada caso a caso, salvo exceções em qua a agência valida pedidos de quema mais elevados. Como meta, a ANP trabalha para chegar a 95% de aproveitamento do gás no Brasil e avalia os números coletados como uma evolução. Dessa maneira também pensa Sylvie D’Apote, Sócia-diretora da Gas Energy, empresa de consultoria e assessoria nas áreas de petróleo, gás, energia, química e petroquímica.
“A queima no Brasil vem diminuindo ano após ano. Em relação ao que foi queimado até julho de 2010, comparado ao mesmo periodo de 2009, a queima reduziu 34%. No ano passado havia uma queima muito alta”, analisa Sylvie, contrapondo o valor de 10% de queima apresentado pela ANP, em agosto desse ano. Entrando no mérito da Petrobras, maior produtora de gás associado, que representa 80% do que o Brasil produz, a executiva ressalta que em 2009 houve uma queda drástica na demanda, que explicava a queima da estatal, definida como técnica.
A justificativa da Petrobras era de que muitos campos estavam queimando gás devido à realização de testes, o que eleva o percentual de descarte do recursco. “Há analistas, inclusive nós (da Gas Energy), que defendíamos que essa queima técnica estava muito além do que se pode fazer. Mas como a ANP não divulga os dados de queima por campo, mas por estado, a Petrobras pode contar qualquer historinha, porque, na verdade, não se sabe quanto foi queima técnica e quanto foi a quantidade que ela não conseguiu escoar por falta de mercado”, afirma Sylvie, antes de observar, porém, que a estatal vem diminuindo a queima, mas que os objetivos são diferentes por bacia.
Queimar o gás não é o objetivo
Na Bacia de Campos, por exemplo, onde há a maioria dos campos mais antigos e uma produção muito alta de gás associado, é permitida uma queima um pouco mais elevada. Mas há campos pequenos, não conectados, sem infraestrutura de escoamento. Nesse caso, há três caminhos: usar o gás nas plataformas para gerar energia, reinjetar no poço para ajudar na produção ou queimar. “Nenhum produtor, seja empresa pública ou privada, inclusive a Petrobras, não gosta de queimar, prefere vender o gás. Mas o Brasil produz 80% do gás associado ao óleo, ou seja, quem decide é a produção de petróleo. O gás acaba sendo um subproduto, valioso, mas também fonte de problemas, porque como a produção é offshore nem sempre há dutos disponíveis”, explica a executiva da Gas Energy.
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