quinta-feira, dezembro 06, 2012

Terminais marítimos privados e petróleo

Um dos grandes desafios para o crescimento sustentável da economia brasileira é o problema gerado pelo gargalo na infraestrutura logística nacional. Os investimentos nessa área são da ordem de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), muito aquém do que é necessário para o Brasil despontar no comércio internacional. Diante do estado que se encontra a estrutura portuária no país, os portos privados apresentam-se como a melhor solução para suprir as ineficiências operacionais de importação e exportação enfrentadas por esse setor. A preocupação atinge todos os setores da economia, mas especialmente a indústria do petróleo, que tem projeções e metas ambiciosas de ampliação da oferta com as recentes inovações nos processos de prospecção, desenvolvimento e produção.

Atualmente a maior parte do apoio logístico à exploração de óleo e gás é feita por meio de terminais situados dentro dos portos públicos. Esses, em sua grande maioria, são obsoletos – não acompanharam o ritmo de crescimento da indústria e carecem de reformas para modernização e ampliação -, pouco eficientes operacionalmente e caros para os usuários. Além disso, estão instalados dentro de centros urbanos densamente povoados, o que torna mais difícil e, em alguns casos, inviabiliza projetos de expansão da infraestrutura portuária, ampliação das áreas de armazenagem e dos acessos rodoviários e ferroviários.

Adicione-se a esse quadro a disputa por espaço e atendimento dentro dos portos públicos com as cargas consideradas mais nobres e com maior escala. É comum nos depararmos com uma enorme quantidade de navios, inclusive os de apoio à logística offshore, aguardando ao largo a oportunidade de atracar. Esse é um custo irrecuperável para o contratante e que vai impactar no custo final de produção. Nesse tipo de mercado, onde as extremidades da cadeia contratam equipamentos com custos diários altíssimos, é impensável considerar a interrupção das operações.

A questão que se coloca é como viabilizar o aumento de produção sem uma infraestrutura logística eficiente

Os portos públicos foram a saída encontrada para solucionar até hoje o problema de como fornecer apoio à produção de óleo e gás. Mas, atualmente, com tudo o que o pré-sal representa em termos de potencial de exploração, é preciso avançar. Os projetos privados apresentam-se como uma alternativa melhor para a indústria petrolífera, pois possuem agilidade para identificar as demandas específicas desse mercado e oferecem soluções integradas de operação e serviços exclusivos ao setor. Além disso, são terminais projetados para atender unicamente essa indústria, considerando suas particularidades e exigências de segurança, agilidade e confiabilidade.

Outra vantagem relevante oferecida pelos terminais privados é a gestão mais profissionalizada e com metas de desempenho. A eficiência operacional e a constante revisão dos processos possibilitam, inclusive, ganhos de produtividade que ampliam a capacidade de atendimento ao setor petrolífero sem a necessidade de novos investimentos na área portuária.

Hoje o Brasil possui 34 portos públicos e 129 terminais privativos. O número pode parecer expressivo, mas é insuficiente para tornar a nossa indústria competitiva. É por isso que tantas companhias colocaram em operação portos privados para movimentar carga própria e de terceiros. Contudo, o mercado ainda sentia falta de uma regulamentação clara que incentivasse mais o investimento privado.

É exatamente por todos esses motivos que existe uma expectativa enorme do empresariado brasileiro para o lançamento do pacote do governo federal de desenvolvimento dos portos, que deve ser anunciado oficialmente pela presidente Dilma amanhã. Com investimentos previstos que giram em torno de R$ 60 bilhões para os próximos anos em novas instalações e ampliação da capacidade existente, segundo as matérias mais recentes sobre o plano, espera-se a redução do custo Brasil e a diminuição de barreiras para o comércio exterior. Esses problemas afligem especialmente a indústria petrolífera, que vem perdendo competitividade frente a outras oportunidades de negócios no setor de óleo e gás do mercado internacional. Assim, o lançamento do pacote será uma iniciativa muito bem-vinda do governo federal.

No setor petroleiro, em especial, a necessidade de mais e melhor infraestrutura para o apoio logístico na exploração e produção offshore e no escoamento da produção é latente e preocupa o mercado. A descoberta do pré-sal estabeleceu uma nova condição para o Brasil no mercado internacional, ampliando suas reservas e duplicando sua capacidade de produção até 2020. Só a Petrobras, por exemplo, pretende investir US$ 236,5 bilhões em cinco anos, segundo o Plano de Negócios 2012-2016 da companhia.

A questão que se coloca é como viabilizar o aumento de produção e grande parte desses investimentos sem uma infraestrutura logística eficiente. Modernizar e ampliar a capacidade dos portos públicos será fundamental. No entanto, será necessário muito mais que isso. Por conta da sua importância para a economia brasileira e de suas especificidades, a indústria petrolífera brasileira precisará de uma estrutura própria, capaz de possibilitar a máxima eficiência na prestação de serviços para toda a cadeia de óleo e gás. Dessa forma, o incentivo aos terminais privados será uma ação determinante para o futuro do setor.

Fonte: Valor Econômico/Álvaro de Oliveira Jr diretor de Itaoca Offshore

Petrobras faz nova descoberta em águas ultraprofundas na Bacia de Sergipe-Alagoas

A Petrobras informa que descobriu nova acumulação de hidrocarbonetos leves em águas ultraprofundas da Bacia de Sergipe-Alagoas, na área de concessão BM-SEAL-10, localizada no bloco SEAL-M-424. A descoberta ocorreu durante a perfuração do poço 1-BRSA-1108-SES (1-SES-172).

O poço está localizado a 85 km do município de Aracaju, na costa do Estado de Sergipe, em profundidade de água de 2.583 metros. A perfuração foi concluída a 5.347 metros de profundidade total. Esta é a quarta descoberta importante de hidrocarbonetos feita pela Petrobras, este ano, em águas ultraprofundas daquela bacia. De agosto a outubro deste ano a empresa já havia anunciado a presença de acumulações de hidrocarbonetos nos poços 1-SES-168 (Moita Bonita), 3-SES-165 (Barra) e 1-SES-167 (Farfan).

A descoberta do poço 1-SES-172, conhecido informalmente como Muriú, ocorreu em reservatórios da formação Calumbi. A comprovação da descoberta ocorreu por meio da análise dos dados de perfis. Estudos das pressões registradas nos reservatórios e amostragem de fluidos indicaram a presença de petróleo leve. O petróleo foi encontrado em reservatórios de excelente qualidade, com 67 metros de espessura. A Petrobras é operadora da concessão SEAL-M-424, com 100% de participação.

A Companhia dará continuidade à operação de perfilagem (registros de características de uma formação) e coleta de dados de rocha e fluido nesse poço, com o objetivo de elaborar a estratégia de avaliação da nova descoberta, assim como caracterizar as condições dos reservatórios encontrados. A etapa seguinte será apresentar o Plano de Avaliação de Descoberta para a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Fonte: Petrobras – Gerência de Imprensa – Comunicação Institucional