quinta-feira, abril 25, 2013

Indústria do petróleo leva 50 mil estrangeiros ao Brasil em três anos

Apesar de indicar uma pequena desaceleração, o ano de 2012 viu quase 17 mil permissões de trabalho sendo concedidas nas áreas ligadas ao petróleo

Londres (Inglaterra) - O crescimento da indústria petrolífera no Brasil, aquecida com as recentes descobertas de petróleo e gás nos últimos anos, está fazendo com que o Brasil "importe" um número cada vez maior de estrangeiros com alta qualificação para trabalhar no setor.

Um levantamento feito pela BBC Brasil com a Coordenação Geral de Imigração (CGIg), que faz parte do Ministério do Trabalho em Emprego (MTE), mostra que 49.801 profissionais de países como a Grã-Bretanha, Estados Unidos, Noruega, Holanda e França entraram no Brasil entre 2010 e 2012 para trabalhar no setor de petróleo e gás.

O número, que é o mais recente divulgado pelo MTE, coloca o setor petrolífero na liderança da emissão dos vistos para estrangeiros no país, o que representa 25% de todas as permissões de trabalho temporárias e permanentes no período, dentro de uma abrangência de 15 atividades econômicas diferentes.

Em 2011, a atividade petrolífera registrou um boom com a contratação de mais de 23 mil engenheiros e técnicos da área de petróleo e gás, dado que é quase dez vezes maior ao registrado em 2006, quando apenas 2.645 profissionais de outros países entraram no Brasil para atuar em empresas do setor.

Para o superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Paulo Buarque de Macedo Guimarães, o trabalho de estrangeiros na indústria petrolífera brasileira está diretamente ligado à falta de mão de obra brasileira qualificada para atuação no setor.

"A demanda por profissionais qualificados no setor petrolífero é um assunto que nos preocupa há muito tempo", disse ele à BBC Brasil.

"O fato de estrangeiros estarem repondo os brasileiros nesse mercado não é bom para a economia."

"Uma empresa chega a pagar, além do salário, mais de US$ 100 mil para manter um profissional estrangeiro e sua família no país. Seria muito mais competitivo contratar um profissional brasileiro, que está criticamente em falta no País", disse Guimarães à BBC Brasil.

Pré-sal

A entrada de estrangeiros para atuarem no setor teve um pico em 2011, quando começaram os diversos projetos da Petrobras para criar a infraestrutura para exploração do chamado pré-sal, porção do subsolo que se encontra sob uma camada salina situada alguns quilômetros abaixo do leito do mar.

A assessoria da Petrobras confirmou à BBC Brasil que prevê investimentos de US$ 53,4 bilhões no pré-sal para o período entre 2011 e 2015. Somente nas áreas de cessão onerosa (áreas que o governo concedeu à Petrobras – Lei 12.276/2010) serão investidos US$ 12,4 bilhões.

Com isso, a participação do pré-sal na produção brasileira de petróleo deve passar dos atuais 2% em 2011 (dado mais recente disponível) para 18% em 2015 e para 40,5% em 2020.

Navio em testes antes de seguir para bacias do pré-sal

Apesar de liderar a demanda por profissionais estrangeiros da área petrolífera, a Petrobras não contrata diretamente estes profissionais.De acordo com a legislação brasileira, que rege a estatal, não é permitida a participação de estrangeiros nos processos seletivos públicos da empresa. Somente brasileiros ou portugueses que tenham adquirido o direito de morar e viver no Brasil participam dos concursos.

A Petrobras terceiriza a contratação de profissionais estrangeiros. Estes trabalham para empresas brasileiras ou estrangeiras.

O engenheiro francês Guillaume Pringuay, que trabalha para a multinacional Technip, é um dos estrangeiros que está ajudando o Brasil a desenvolver a tecnologia para exploração petrolífera em bacias de grande profundidade, em parceria com a Petrobras.

Fonte: BBC

Mar de petróleo

A s projeções feitas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para o Ceará, nos próximos anos, correspondem a uma década de fartura, de geração abundante de negócios e de aberturas de novos mercados prestadores de serviços à indústria petrolífera. Demorou, mas a escolha do Estado como área estratégica para essa atividade começa a deslanchar.

Não faz tanto tempo porque ocorreu, precisamente, na década de 70, a primeira mobilização para as sondagens e pesquisas sobre indícios de petróleo no litoral cearense, começando, exatamente, por Paracuru, onde hoje há exploração. Àquela época, em plena crise internacional de petróleo, divulgou-se exatamente o contrário: a inviabilidade do litoral cearense para a extração do outrora chamado “ouro negro”.

Evidentemente, fazia sentido manter os resultados da pesquisa sob a guarda dos interesses maiores do País para com uma riqueza estratégica como o petróleo. Quando as nações dependentes de seu suprimento amarguravam reajustes constantes na cotação internacional, o Brasil mapeava suas reservas para um futuro que já chegou.

O Ceará, Estado do nordeste de economia fragilizada, por conta da escassez de chuvas no tempo adequado para alimentar sua economia primária, se prepara, agora, para ancorar a atividade exploratória do petróleo descoberto na margem equatorial brasileira, englobando bacias situadas entre o Rio Grande do Norte e o Amapá.

Na exposição realizada para o empresariado local, na Federação das Indústrias do Ceará, a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Magda Chambriard, detalhou esse plano exploratório, justificando a posição estratégica do Ceará, entre o Norte e o Nordeste. Pesou também na escolha da nova base englobando fornecedores de bens e serviços a infraestrutura portuária disponível.

A 11ª Rodada de Licitações de blocos de petróleo e gás, com focos concentrados nas duas regiões, desencadeará mudança significativa na geografia da indústria petrolífera. Nessa concorrência, o Estado está “fortemente contemplado” com 11 blocos em águas profundas no leilão da Bacia do Ceará, somando 7,3 mil quilômetros quadrados em ofertas.

O papel relevante do Ceará no próximo leilão resulta, ainda, das novas descobertas de petróleo em seu espaço marítimo, a partir do primeiro poço aberto em águas profundas. Ele apresenta analogia geográfica com outras regiões da África e da América do Sul, consideradas áreas promissoras. A área do Ceará vem sendo considerada pelos especialistas como “quente” pelos resultados previstos.

O novo leilão implicará naturalmente em novas áreas de exploração. Isto porque a localização marítima precisará de apoio portuário e infraestrutura para receber as sondas, os barcos de apoio que transportam às plataformas água, comida, óleo diesel e insumos essenciais, além de espaço para o abastecimento.

O leilão da ANP está programado para os dias 14 e 15 de maio, para o qual foram qualificadas 64 empresas. Este número é recorde quando comparado com as rodadas realizadas anteriormente. Os novos contratos serão celebrados no dia 6 de agosto, quando a Agência Nacional de Petróleo comemora o 15º aniversário de assinatura do primeiro contrato de concessão no País.

O Ceará tem, assim, possibilidades ilimitadas nesse novo mercado exploratório do petróleo, a partir das condições operacionais do Porto do Pecém e das reservas petrolíferas negadas, há 40 anos, mas agora configuradas.

Fonte: Diário do Nordeste