No detalhamento da operação divulgado ontem, Petrobrás informa que os US$ 360 milhões pagos em 2006 para adquirir 50% da refinaria incluem estoques no valor de US$ 170 milhões
São Paulo (SP) - Após reportagem do Estado sobre perda significativa de valor da refinaria de Pasadena (Texas, Estados Unidos) desde sua aquisição, iniciada em 2006, a Petrobras informou ontem em nota que não há "obrigatoriedade nem urgência" para se desfazer do ativo. A refinaria é um dos bens que a companhia avalia vender como parte de seu plano de desinvestimento, estratégia para levantar recursos para o pré-sal.
A nota da companhia confirma as informações publicadas na matéria e detalha ainda alguns pontos com informações de documentos oficiais. "O acordo mencionado tornou a refinaria um ativo negociável, ainda que não haja uma obrigatoriedade nem urgência em se desfazer da mesma." O Estado mostrou que a Petrobras gastou, em dois estágios, US$ 1,18 bilhão para adquirir o controle de Pasadena. Em 2005, sua ex-sócia, a trading belga Transcor/Astra, comprou 100% da refinaria por US$ 42,5 milhões. Fontes que participaram do negócio acreditam que, num cenário otimista, a refinaria possa valer hoje US$ 400 milhões. Num cenário pessimista, poderia valer menos de um décimo do que foi investido.
No detalhamento da operação divulgado ontem, Petrobras informa que os US$ 360 milhões pagos em 2006 para adquirir 50% da refinaria incluem estoques no valor de US$ 170 milhões. Segundo o Estado apurou, os documentos oficiais que a Transcor/Astra enviou à bolsa europeia em 2006 mostram que os US$ 42,5 milhões gastos para comprar 100% da refinaria em 2005 também incluíam estoques. Nem Petrobras nem Astra informaram os volumes de estoques envolvidos.
A refinaria tem capacidade para refinar 100 mil barris por dia de óleo leve, e não teve sua capacidade de processamento alterada. No último dia 29, a Petrobras pagou mais US$ 820,5 milhões para encerrar processos judiciais com a Astra e adquirir os outros 50% da refinaria.
Os desentendimentos entre as sócias começaram pois a Petrobras queria dobrar a capacidade da refinaria para 200 mil barris por dia, sendo 140 mil para o pesado óleo do campo de Marlim. O investimento necessário seria de US$ 3 bilhões, já que o maquinário para processar óleo pesado é mais sofisticado e caro.
No anúncio da parceria, em setembro de 2006, Petrobras e Astra anunciaram publicamente intenção de dobrar a capacidade da refinaria e adaptá-la a óleo pesado. A belga, no entanto, desistiu dos planos posteriormente e decidiu exercer seu direito de venda de 50% da refinaria, iniciando processo arbitral que culminou no acordo de US$ 820,5 milhões. Sem o investimento na conversão para óleo pesado, a transação se provou um mau negócio para a Petrobras.
Fonte: O Estado de São Paulo