terça-feira, novembro 30, 2010

Petróleo impulsiona Rio das Ostras


Funcionários de empresas instaladas em Macaé preferem a cidade, que também é escolhida por aposentados e explora o turismo
Pontualmente às 6h30, como todos os dias, Radmak Moura sobe no seu jipe japonês. Da sua casa, no bairro de classe média alta de Marileia, até a BJ Services do Brasil, no Polo Offshore de Macaé, onde trabalha, são apenas 24 quilômetros. Normalmente, seriam 20 minutos pela BR-101. Não na hora do pico, quando se forma longa fila de carros com funcionários da Petrobrás e das empresas que lhe prestam serviços, que enfrentam uma hora de congestionamento de ida e outra de volta para morar em Rio das Ostras e trabalhar em Macaé.


"Escolhi Rio das Ostras em função das opções de entretenimento, da tranquilidade, da beleza", explica Moura, de 39 anos, que em 2008 veio de Aracaju com a mulher e duas filhas, transferido pela empresa para coordenar a manutenção. "Macaé é mais movimentada, tem mais praticidade, shoppings e lojas de departamento, mas aqui é melhor para a família." Eles vieram para ficar: compraram uma das muitas casas geminadas de Rio das Ostras, artifício para driblar a lei - que impede a construção em mais de 50% do terreno -, e atender a imensa demanda por moradia na cidade.

"Vale a pena pegar a estrada", diz Fábio Carvalho, de 38 anos, gerente de logística da Pride do Brasil. "Macaé é cara e não dá qualidade de vida. Não tem como comparar a beleza das duas cidades." Parte da orla de Rio das Ostras é delineada por um calçadão revestido de porcelanato, com academias de ginástica públicas em que se pode marcar horário com um instrutor da prefeitura, rua coberta de calçamento vermelho e restaurantes que concorrem no Festival de Frutos do Mar, todos os anos em novembro.

Pesquisa encomendada pela prefeitura há três anos mostrou que 95% dos moradores da cidade vieram de fora. Hugo Ronaldo Oliveira, de 26 anos, experimentava os equipamentos de ginástica na praia de Costa Azul, no meio da tarde, depois de sair do serviço. Ele veio há três anos de Porto Seguro (BA), onde foi contratado pela construtora baiana Odebrecht para trabalhar nas obras de pavimentação e drenagem que se alastram pela cidade, engolfada pela maré alta.

Trabalhou um ano e quatro meses nas obras e arranjou emprego na lavanderia de um hotel. "A cidade me conquistou", diz Oliveira, que trouxe os irmãos de 24 e de 15 anos, a mãe, que trabalha de cozinheira num restaurante, e o padrasto, que arranjou emprego de pedreiro. "É difícil encontrar pessoas paradas aqui."

O afluxo de gente a Rio das Ostras se reflete no mercado imobiliário. O secretário de Serviços Públicos e Obras, Nilton Teixeira, conta que comprou por R$ 3 mil o terreno de 360 m² onde construiu sua casa, em 1998. Hoje, o terreno valeria R$ 300 mil. Um Alphaville, condomínio de alto padrão, está sendo construído perto da divisa de Macaé e da Zona Especial de Negócios, um parque com 80 empresas dos mais diversos ramos.

Quando o prefeito Carlos Augusto Balthazar (PMDB) iniciou seu primeiro mandato, em 2005, 20% das ruas eram pavimentadas. Hoje, segundo a prefeitura, são 60%. Com a diferença de que a pavimentação tem sido feita depois da drenagem e da instalação de rede de água e de esgoto. Mesmo assim, 30% das residências não recebem água. Das outras 70%, a maioria não é abastecida todos os dias. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) está investindo R$ 10 milhões para aumentar a vazão de 300 para 500 litros por segundo.

Com o solo encharcado pelas águas do mar, do rio que dá nome à cidade e do lençol freático, as fossas e sumidouros refluem, entupindo os sanitários. De 2005 para cá, a prefeitura investiu R$ 139 milhões em estação de tratamento de esgoto, rede coletora, 17 estações elevatórias e um emissário oceânico de 4 km.

Na Região dos Lagos, a 170 km do Rio, a cidade recebe 500 mil turistas por ano, atraídos não só por suas praias, mas pelos festivais de jazz e blues e de dança, encontro de motociclistas, turismo rural, torneios de surfe, bodyboarding e esportes náuticos.


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaod

Pré-sal pode ameaçar biodiversidade marinha do Brasil, diz Greenpeace


Segundo relatório lançado nesta quinta, no Sudeste 21% das áreas marinhas prioritárias para conservação têm exploração ou prospecção de petróleo
Greenpeace Brasil lançou nesta quinta-feira um relatório sobre biodiversidade marinha e exploração de petróleo offshore (no oceano). "Mar, petróleo e biodiversidade - a geografia do conflito" traça um raio X da costa brasileira e contrapõe os setores de Meio Ambiente e Energia, fazendo a relação entre áreas prioritárias para a criação de Unidades de Conservação Marinhas e áreas onde a prospecção e a exploração de petróleo já acontecem.

Disponível no site da entidade, o documento mostra que na região Sudeste - onde se encontra o pré sal - 21% das áreas consideradas prioritárias para a implantação de Unidades de Conservação Marinhas já têm campos de exploração em atividade ou blocos de exploração em fase de prospecção. A previsão de reservas estocadas no pré-sal é de 60 bilhões de barris de petróleo. A região Sudeste é seguida de perto pelo Nordeste, com 17,8% de áreas prioritárias para a conservação já concedidas para petrolíferas. Ironicamente, são as duas maiores áreas de ocorrência de corais na costa brasileira: 91% dos recifes de corais do País estão na região Nordeste e o restante está no Sudeste.

"Os recifes de corais aglutinam a vida marinha, provendo abrigo e alimentos para diversas espécies. O impacto nessas estruturas pode ter reflexos em toda biodiversidade da nossa costa", explica Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace. Segundo ela, a rentabilidade do setro energético é um grande problema para a biodiversidade marinha.



"O setor energético é rentável. Por isso, áreas prioritárias para a conservação de aves e espécies marinhas já estão concedidas para exploração de petróleo. E a tendência é o crescimento dessa fatia de áreas concedidas para exploração no mar", salienta Leandra, explicando que o relatório foi concebido sobre dados secundários do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ministério das Minas e Energia (MME).


O economista e consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, confirma. "Hoje, no mundo, 20% do petróleo é retirado do mar. Mas esse número deve crescer nos próximos anos", afirma, lembrando que, no Brasil, 95% do petróleo extraído é explorado offshore. O País produz, hoje, 2 milhões de barris por dia. Para ele, a atividade tem riscos e um bom planejamento deve ser o início de toda iniciativa de exploração de petróleo no mar - principalmente no caso do pré-sal.


"Temos a seguinte situação: a tecnologia hoje é muito incipiente para dar conta de casos como o vazamento do Golfo do México. O pré-sal é um projeto de risco porque nunca ninguém foi tão fundo e nem tão longe da costa para buscar petróleo. Se há um acidente, é capaz de acontecer igual ou pior do que o que ocorreu no Golfo, com meses de vazamento", diz Pires.


Ele diz que há duas "maldições" que podem ser esperadas como consequência do investimento maciço de dinheiro na exploração do pré-sal.


"A primeira é que produzir petróleo demais pode sujar a matriz energética brasileira, uma das mais limpas do mundo. Porque o País todo vai começar a consumir muito mais combustíveis fósseis. A segunda é que, se o governo for com muita sede ao pote, pode provocar um acidente de grandes proporções e colocar em risco não só a biodiversidade marinha, mas a vida dos que dependem dos recursos do mar."


No relatório do Greenpeace, os autores afirmam que as emissões resultantes da exploração do pré-sal vão compensar o CO2 não emitido pela redução do desmatamento, mantendo o Brasil como um dos maiores poluidores do mundo. No pior cenário, lê-se no documento, as emissões nacionais – de 2,192 bilhões de toneladas por ano (de acordo com o segundo inventário nacional de emissão de gases do efeito estufa de 2005) seriam praticamente dobradas, posicionando o país entre os três maiores emissores de CO2 do mundo.

Fonte: http://www.estadao.com.br/

Alasca quer permissão para poços offshore


Governo tenta anular a suspensão federal para perfuração em águas do Oceano Ártico
O governo do Alasca iniciou um processo para tentar anular a suspensão federal para a perfuração offshore em águas do Oceano Ártico. Em maio,o secretário do Interior, Ken Salazar, suspendeu um pedido da Shell Oil para perfurar poços exploratórios nos mares de Chukchi e Beaufort.

O governador do Alasca, Sean Parnell, afirma que Salazar ilegalmente não consultou os funcionários do Estado nem emitiu uma decisão por escrito justificando a moratória.

O porta-voz de Salazar, Barkoff Kendra, diz que o Ártico apresenta desafios ambientais únicos e mais informações sobre o risco de derramamento de óleo e a capacidade de resposta a um acidente.

Fonte: http://www.estadao.com.br/