Não há maior patrimônio para uma nação do que a boa formação educacional e acadêmica de seu povo
As imensas reservas de petróleo a serem prospectadas a partir de agora no Brasil, como ocorre com todas as jazidas desse combustível fóssil, irão esgotar-se um dia. No entanto, seu impacto sobre o desenvolvimento nacional será perene, a partir da decisão da presidenta Dilma Rousseff de conceder ao ensino todos os royalties e participações especiais arrecadados com as futuras concessões e 50% do Fundo Social integrado pelos recursos do pré-sal.
Não há exagero em afirmar que, em longo prazo, o país obterá ganhos ainda mais substantivos para seu desenvolvimento com o expressivo suporte financeiro à educação do que com a exploração e venda do petróleo e do gás propriamente ditas. Não há maior patrimônio para uma nação do que a boa formação educacional e acadêmica de seu povo. Hoje, por ainda não termos democratizado a qualidade do ensino básico gratuito e o acesso a boas universidades, estamos pagando um alto preço, na forma do chamado apagão profissional, com a carência de recursos humanos qualificados em várias áreas, para fazer frente à expansão de nossa economia.
É fundamental, portanto, que o Brasil saiba utilizar com eficácia e inteligência o vultoso montante financeiro que passará a contemplar a educação. Nesse sentido, uma das prioridades é a solução do maior problema do setor: a falta de incentivo aos professores, especialmente da Educação Básica, constituída pelo Ensino Fundamental e o Médio. Os seus salários, na média da realidade nacional, não são adequados.
Ademais, lhes faltam capacitação permanente e a respectiva avaliação periódica. Todos esses fatores têm impacto negativo na qualidade da educação ministrada às nossas crianças e jovens.
Por isso, o Brasil está muito aquém dos índices razoáveis de aproveitamento, como se pode observar numa síntese dos problemas que enfrentamos nesse campo tão decisivo: ocupamos o 53º lugar, num universo de 65 países listados pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), da 7ª série em diante, coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); apesar das políticas públicas que incentivaram a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, mais de 700 mil ainda estão fora da escola (IBGE); o analfabetismo pleno, mais o funcional, atinge cerca de 30% da população com m ais de 15 anos; 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização não conseguem ler e 20% dos jovens que concluem o Ensino Fundamental e que moram nas grandes cidades não dominam a leitura e a escrita (Todos pela Educação); e elevado número de jovens fora do Ensino Superior.
Não podemos perder a oportunidade histórica de solucionar definitivamente essas questões graves, que se constituem em dos indicadores que nos separam das nações desenvolvidas. Se fizermos isso com sucesso e bons resultados, o nosso petróleo será o único do planeta a ser eterno, pois irá constituir-se no combustível do conhecimento.
*Custodio Pereira é o diretor geral da Associação Santa Marcelina, Mantenedora dos Colégios e da Faculdade Santa Marcelina (FASM).
Fonte: Último Instante - Custodio Pereira