sexta-feira, novembro 23, 2012

GE investe em petróleo para avançar no Brasil

Apesar das atenções internacionais se voltarem para o México, como economia mais promissora para investimentos na América Latina, a GE segue apostando suas fichas no Brasil. O presidente do grupo na região, Reinaldo Garcia, disse ao Valor não ver alteração desse cenário nos próximos anos.
“Nós vemos o Brasil como país altamente estratégico em todos os aspectos. É um dos mais ricos no mundo em recursos naturais, além de ter um grande mercado interno”. De acordo com o executivo, o país responde por quase metade da operação industrial na região – o braço financeiro GE Capital tem pouca atuação no país.
Sobre investimentos, Garcia não fala em valores totais para a América Latina, mas garante que a fatia majoritária dos projetos está no Brasil. Somente na construção de um centro global de pesquisa no Rio de Janeiro, a empresa vai investir R$ 500 milhões. Será o quinto da GE no mundo. Outros quatro estão na China, Índia, Alemanha e Estados Unidos.
A divisão que vem recebendo mais aportes por aqui é a de petróleo e gás. Não à toa o centro global de pesquisa será instalado no Rio e com um laboratório específico para esse setor. Enquanto no mundo a área de petróleo responde por cerca de 10% do faturamento da GE, no Brasil esse percentual oscila entre 20% e 30%, diz Garcia.
Desde 2011, a companhia investiu mais de US$ 12 bilhões em aquisições na área de petróleo no mundo, além de investimento nas operações de Macaé (RJ) e Jandira (SP), que foram ampliadas. O presidente de petróleo e gás para América Latina, João Geraldo Ferreira, sinalizou que as aquisições teriam uma pausa. Mas Garcia diz ver a situação de forma diferente. “Não diria que a empresa parou, estamos confortáveis com o portfólio que temos, mas continuamos atentos às oportunidades.”
O executivo faz questão de ressaltar, contudo, que a GE vem reforçando todas as divisões no país. Ele citou a aquisição da fabricante mineira de equipamentos médicos XPRO. A transação – realizada neste ano, sem valor revelado – tem importância estratégica para a divisão de Healthcare, ao complementar o portfólio com produtos adequados ao mercado brasileiro. “É uma plataforma que adquirimos aqui no Brasil e que podemos levar ao resto do mundo.”
A GE está expandindo também a atuação em segmentos em que tinha participação menor no Brasil, como mineração – que ganhou importância na estrutura mundial da empresa, após ser elevada à condição de unidade específica de negócios – e iluminação.
Nesse segundo departamento, a GE havia se desfeito de uma fábrica de lâmpadas fluorescentes no Rio, em 2008. A estratégia agora é focar na tecnologia de LED e abrir uma nova linha de montagem no país. Garcia afirma que a empresa ainda espera sinalizações mais claras a respeito de futuras licitações para mudar o sistema de iluminação pública nas cidades. “É uma tecnologia muito superior e quando se fala isso para o setor público, todo mundo acha sensacional.”
O executivo afirma que uma definição sobre essa unidade certamente não acontecerá mais neste ano. “Mas em breve teremos mais novidades em outros setores”, afirmou, sem abrir mais detalhes. A companhia vem falando em possibilidades na divisão de transportes. Além da ampliação da capacidade em Contagem (MG), a GE tem estudado construir novas fábricas de locomotivas no país. Com forte presença mundial em soluções para transporte de cargas, a empresa enxerga o potencial de expansão logística no país.
“A falta de infraestrutura, dado o nível de atividade econômica, é um problema bom”, avaliou o executivo, fazendo alusão ao que foi discutido em evento promovido pela GE sobre a competitividade no Brasil. Ele avalia positivamente o esforço do governo federal em incentivar investimentos e reduzir custos produtivos. Mas pondera que as medidas seriam melhor implementadas se houvesse mais consultas com as empresas antes de serem definidas.
Mesmo com uma representatividade pequena ante o desempenho mundial da GE, o Brasil é chave na estratégia recente de crescimento do grupo. A receita global da GE vem caindo nos últimos anos: era de US$ 154 bilhões, em 2009, e ficou em US$ 147 bilhões em 2011. Ainda assim, a empresa conseguiu manter a elevação na linha final de seu balanço.
O caminho para alcançar esse resultado foi racionalizar as operações e avançar nos mercados em desenvolvimento. Enquanto o faturamento nos Estados Unidos, seu principal mercado, caiu de US$ 75,8 bilhões, em 2009, para US$ 69,8 bilhões em 2011, nas Américas, que se resume essencialmente à América Latina, o faturamento foi de US$ 11,3 bilhões para US$ 13,2 bilhões.
 
Fonte: Valor Econômico

Ambev passa Petrobras e é a empresa mais valiosa do Brasil

Com o fechamento do pregão a companhia de bebidas agora vale R$ 248,76 bilhões, enquanto petrolífera R$ 247,20 bilhões de valor de mercado.
SÃO PAULO – A Ambev (AMBV4) se tornou a empresa mais valiosa do Brasil nesta quarta-feira (21), passando a Petrobras (PETR3; PETR4) nos últimos minutos do pregão na BM&FBovepa. Com a alta de 1,61% das ações PN e de 1,47% das ações ON (AMBV3), a distribuidora atinge valor de mercado de R$ 248,76 bilhões – contra R$ 247,20 bilhões da petrolífera.
A Petrobras valia R$ 358,7 bilhões no começo do governo de Dilma Rousseff, mas perdeu forças conforme a política de preços enfraqueceu o desempenho das ações e levou a companhia a registrar seu primeiro prejuízo em mais de uma década. No último trimestre, a estatal voltou a ter lucros, mas ainda enfrenta temores do mercado por conta de sua política de conteúdo nacional e a volumosa quantia de investimentos necessários para explorar o potencial do pré-sal.
Já a empresa comandada por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, viu seu lucro subir mais de 50% na última divulgação de resultado, atingindo R$ 2,5 bilhões. Comparada as ações com maior liquidez de cada empresa – PETR4 e AMBV4 -, a estatal já recuou 11,21% no acumulado do ano até esta quarta-feira, enquanto a empresa de bebidas subiu 30,20% – fatores que colaboraram para que uma passasse a outra.
Previsibilidade e MSCI
A empresa de bebidas conta com a vantagem de ter resultados previsíveis, fator levado em conta principalmente em épocas de crise, contra uma empresa que responde basicamente aos mandos e desmandos do governo, que prejudica sua rentabilidade no momento em que usa a política de preços para conter a inflação.
Aliado a isso, vale ressaltar que na semana passada as ações ordinárias da Ambev foram impulsionadas pela notícia de que elas seriam incluídas no MSCI, o índice de ações feito pelo Morgan Stanley e que serve como importante balizador para investidores estrangeiros. Com o ingresso de AMBV3 nesse índice, muitos fundos passivos com rentabilidade atrelada ao benchmark deverão incluir esses papéis em seus portfólios, colaborando para uma forte pressão compradora no papel.
 
Fonte: InfoMoney Por (Felipe Moreno)

Plataforma de petróleo infla saldo da balança

Para evitar imposto, plataforma é exportada contabilmente para filial da Petrobrás na Holanda
 
Brasil - As exportações de três plataformas de petróleo estão ajudando a dar fôlego extra para a balança comercial. As operações representaram vendas externas de quase US$ 1,5 bilhão, mas, na prática, são apenas contábeis, porque as plataformas nunca deixaram o Brasil.
As plataformas de petróleo são adquiridas de fornecedores brasileiros pela subsidiária da Petrobrás na Holanda e depois internalizadas novamente no País como se estivessem sendo "alugadas" através do regime aduaneiro especial Repetro.
As operações são legais e obedecem a uma instrução normativa da Receita Federal. No jargão técnico, são exportações "fictas", que ocorrem apenas contabilmente. O objetivo é economizar no pagamento de impostos.
O Repetro permite que as petroleiras importem determinados bens livres de tributos por um determinado período de tempo. Ao utilizar o Repetro em vez de adquirir diretamente no Brasil, a Petrobrás economiza o pagamento de PIS, Cofins e IPI sobre as plataformas.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, foram exportadas plataformas nos meses de fevereiro, (US$ 405 milhões), outubro (US$ 382 milhões) e novembro (US$ 670 milhões). O valor total envolvido é de US$ 1,456 bilhão.
Não é a primeira vez que isso ocorre. No ano passado, também foram exportadas três plataformas de petróleo, que somaram US$ 1,043 bilhão. Em 2008, outras três entraram nas estatísticas por US$ 1,485 bilhão. Em 2009 e em 2010, não houve exportações desse tipo.
Por meio de nota, a Petrobrás diz que a exportação de plataformas para sua subsidiária na Holanda é "procedimento de rotina e uma condição para a aplicação do Repetro". A estatal diz que os valores "estão de acordo com os praticados pelo mercado".
Saldo. O problema é que essas operações inflam o saldo da balança. As plataformas de petróleo são registradas como exportações, mas, como voltam ao País como "admissão temporária de bens", não aparecem nas estatísticas de importação.
Até a terceira semana de novembro, o País registrou superávit de US$ 17,31 bilhões, queda de 35,2% em relação ao mesmo período em 2011. Sem as plataformas de petróleo, esse valor cairia para US$ 15,85 bilhões. Se também for descontado o atraso no registro de importações de petróleo, o superávit ficaria em apenas US$ 9,85 bilhões.
O Estado mostrou recentemente que cerca de US$ 6 bilhões em importações de petróleo e derivados feitas pela Petrobrás estavam com o registro atrasado até o fim de outubro. Após a publicação da reportagem, as importações de combustíveis tiveram um salto, o que pode compensar parcialmente esse valor até o fim do ano.
Fonte: Estadão