sábado, dezembro 10, 2011

Novo boom do petróleo nos EUA tem alto custo em água .




Um proprietário rural vende água para petrolíferas que estão perfurando poços com fragmentação hidráulica
.A água foi sempre uma preocupação para Joe Parker, de 65 anos, administrador de uma fazenda de gado de 8.000 hectares, aqui no sul do Texas. "A água é escassa na nossa região", diz ele, e uma seca de um ano a tornou ainda mais rara.

O que deixa Parker especialmente apreensivo são os equipamentos de perfuração que agora pontuam a paisagem plana e desordenada. Os poços de petróleo instalados na região usam uma técnica conhecida como fratura hidráulica e exigem cerca de 23 milhões de litros de água para romper as rochas bem abaixo da superfície e liberar petróleo e gás natural. Parker diz que tem dúvidas se a água subterrânea será suficiente para suprir a necessidade das fazendas e da exploração energética.

Darrell Brownlow, um outro criador de gado, diz que, se a região economicamente deprimida tiver que optar entre os dois, a escolha será simples.

Brownlow, que tem doutorado em geoquímica, diz que são necessários cerca de 1,6 bilhão de litros de água para irrigar quase 260 hectares e produzir o equivalente a cerca de US$ 200.000 de milho em uma área árida. A mesma quantidade de água, diz ele, poderia ser usada para fragmentar um volume de poços suficiente para gerar o equivalente a US$ 2,5 bilhões em petróleo. "Sem água, não há fragmentação, não há riqueza", diz Brownlow, que alugou sua fazenda de gado para a exploração de petróleo.

A fragmentação hidráulica reavivou as perspectivas de produção de petróleo e gás nos Estados Unidos. Menos de três anos depois das descobertas, o campo de petróleo de Eagle Ford, aqui da região, já representa 6% da produção econômica do Sul do Texas e sustenta 12.000 empregos em tempo integral, conforme um estudo feito este ano pela Universidade do Texas em San Antonio, com financiamento de um grupo apoiado pela indústria.

Mas a fragmentação também está forçando várias comunidades a batalhar para encontrar um equilíbrio entre os benefícios econômicos e os custos potenciais. Até o momento, as críticas à fragmentação têm como foco principal o temor de que a fonte geológica da água seja contaminada. Representantes do setor petrolífero consideram que esse risco é administrável. O maior desafio para o desenvolvimento, dizem eles, é simplestmente o acesso a um volume suficiente de água.

A questão não está surgindo apenas em regiões sedentas como o sul do Texas. A Dakota do Norte, outra grande fonte de petróleo a partir de fragmentação, teme que o setor esgote as fontes de água.

No ano passado, o Estado da Louisiana aprovou uma lei para regulamentar o que chamou de "uso sem precedentes de enormes quantidades de água"pelo setor, que, se não controlado, tem o "potencial para caos e conflitos. Outros Estados e também municípios americanos têm criado leis para conter o uso de água por petrolíferas.

A fragmentação envolve a perfuração profunda em grandes faixas de rocha densa, onde o petróleo e o gás estão presos. Para fraturar a rocha e permitir que o petróleo e o gás fluam, as petrolíferas injetam milhões de litros de água, misturada com areia e produtos químicos, sob forte pressão.

Após estimular um rápido crescimento da produção de gás natural, a fragmentação hidráulica passou também a ter um papel crítico na impressionante expansão da produção de petróleo nos EUA, provocando discussões sobre a redução da dependência dos EUA de fontes internacionais de combustíveis.

Aqui no sul do Texas, a tensão está crescendo à medida que empresas buscam assegurar seu acesso à agua para perfurar poços de petróleo e gás natural. Em todo o Estado, as empresas estão comprando avidamente, garantindo direitos à escassa água dos rios. Lideradas pela Exxon Mobil Corp., também estão perfurando poços de água três vezes mais que há cinco anos. Estão até mesmo recorrendo aos sistemas de água municipais, embora cidades com reservas limitadas de água tenham começado a impedir o acesso.

Não há dúvida de que essa demanda súbita seja muito positiva para as economias locais, e poucos moradores estão pedindo o fim da fragmentação. A procura por empregados é tão alta que Carrizo Springs parece um campo de trabalho construído às pressas, com milhares de trabalhadores temporários lotando os mais de dez novos estacionamentos para carros de passeio. A população da cidade quase dobrou, para cerca de 11.000 pessoas, nos últimos dois anos, de acordo com autoridades locais. Um estudo da Universidade do Texas em San Antonio prevê que, até 2020, os campos de petróleo serão responsáveis por 68.000 empregos, e que sua produção econômica vai aumentar quase nove vezes.

Comparado à demanda das cidades, dos fazendeiros e até mesmos de geradoras de energia, o volume de água necessário para desenvolver poços de petróleo e gás no Texas é pequeno. Em setembro, o Conselho de Desenvolvimento de Água do Texas divulgou um esboço do plano de água do Estado para 2012 — um relatório que é preparado a cada cinco anos. O documento dizia que 56% da água do Texas são destinados à agricultura comercial; 26,9% vão para cidades e sistemas públicos de água; 9,6%, para a indústria, incluindo refinarias; 4,1%, para geradoras de energia; 1,8% para a criação de animais; e 1,6% para a mineração, que inclui a exploração de petróleo e gás.

Mas o relatório observou que o crescimento da fragmentação tem sido tão intenso que não está completamente refletido no relatório. Além disso, o uso de água pelo setor de petróleo se concentra em algumas partes do Estado, o que amplia o impacto sobre essas regiões.

No ano passado, as empresas de petróleo perfuraram 2.232 novos poços de água no Texas, ou três vezes mais que cinco anos antes, como mostra uma análise dos documentos da agência estatual de saneamento feita pelo Wall Street Journal. É esperado que o número de poços cresça, e que o setor aperfeiçoe suas técnicas e que perfure poços mais profundos, ampliando a quantidade de água consumida para cada poço.

Há muito tempo a indústria petrolífera já acreditava que sua sede poderia causar problemas. O Instituto Americano de Petróleo, uma associação do setor sediada em Washington, fez um alerta contra o uso de água potável para a fragmentação em seu aconselhamento de boas práticas em 2010. Em um email, o instituto disse que o setor deveria considerar o uso de água não-potável "sempre que possível", mas as decisões precisam ser tomadas "caso a caso".

Algumas empresas estão tomando medidas para reduzir o uso da água potável. A Anadarko Petroleum Corp. diz que está estudando a possibilidade de extrair água salgada de fontes geológicas inadequadas para o consumo humano ou para a agricultura. A Devon Energy Corp. começou a reciclar uma pequena quantidade da água que usa para a fragmentação.

Até mesmo pessoas como Parker, o fazendeiro preocupado com a escassez de água, acham difícil resistir às ofertas das petrolíferas. No sul do Texas, a água necessária para a fragmentação de um único poço pode representar uma receita de mais de US$ 50.000. Parker decidiu vender a água. "Se eles não comprassem de mim", disse ele, "comprariam do meu vizinho".

Fonte: http://online.wsj.com/

Empresas exploram oportunidades no setor de óleo e gás


Apostas são tanto em mão de obra como em produtos.
Investimento previsto no setor no país até 2014 é de mais US$ 200 bilhões.
O Brasil abriu os olhos para a falta de mão de obra especializada no setor de petróleo e gás. Muitos empresários começam a explorar um novo filão de negócio, seja como fornecedores de mão de obra ou de produtos.

Mais de US$ 200 bilhões. Este é o investimento previsto para o segmento de petróleo e gás no Brasil até 2014. É disparado o maior mercado do país. E as oportunidades estão aí, para quem souber aproveitar.

As pequenas empresas entram como fornecedoras de serviços e produtos para indústrias como uma refinaria localizada na Baixada Santista, no litoral sul de São Paulo. Os equipamentos operam em alta pressão e temperatura, o que gera muito desgaste. Por isso, uma das oportunidades de negócio está na fabricação de peças de reposição para as refinarias.

Localizada em São Vicente, uma pequena empresa se especializou na fabricação de peças para os grandes equipamentos da refinaria. São produtos como pinos, eixos, engrenagens, polias e porcas, feitos de aço e bronze.

Segundo o empresário Kalenin Pock, nos últimos três anos, o mercado de petróleo e gás deu um salto. Até então, representava 4% do faturamento da empresa: hoje já é quase a metade, e deve chegar a 80% até 2014.

“Por lei, as empresas que trabalham nesse setor tem que ter 60% dos produtos empregados na cadeia de petróleo e gás, produzidos dentro do Brasil”, afirma o empresário.

A fábrica começou em 1984, com um investimento de R$ 100 mil em um torno manual, furadeira e ferramentas. Mas nos últimos anos o empresário percebeu que só sobreviveria se modernizasse a empresa. E investiu pesado em tecnologia.

Só uma máquina, de fabricação japonesa, custou R$ 500 mil. Ela é toda computadorizada, basta digitar a programação com o que tem que ser feito, e o equipamento vai executando.

Hoje a empresa tem cinco máquinas de usinagem. Produz 200 peças por mês. Muitas vezes, elas têm de ser feitas em poucas horas, para atender ao mercado exigente que não pode parar.

Mão de obra
O empresário encontrou mais um desafio: formar mão de obra para operar os equipamentos. Pock montou uma escola dentro da empresa. Ele dá um curso de quatro meses de duração. “A gente dá uma visão geral sobre a área mecânica, principalmente operação na área de usinagem desse pessoal”, diz.

Para o vice presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Coelho, iniciativas como esta podem ser uma solução para um mercado gigante e carente de profissionais.

“A mão de obra não existia porque não tínhamos a demanda, então temos que treinar gente, que esteja capacitada para esse setor da economia, e eu acho que temos todas as condições de fazer isso”, afirma Coelho.

Escola técnica
Para o empresário Samuel Pinheiro, a falta de mão de obra nesse mercado virou uma oportunidade de ganhar dinheiro. Ele montou uma escola técnica para quem quer trabalhar na exploração de petróleo e gás. O negócio virou franquia em 2010. Hoje, a rede tem quatro unidades e deve abrir mais seis em 2012.

“O Brasil está em franca expansão neste segmento. Investimento total da estatal brasileira. E ter bastante demanda ainda para os próximos 30 a 40 anos”, diz Pinheiro.

A rede funciona com autorização do Ministério da Educação (MEC). Hoje tem 500 alunos e conta
com o poder de atração de uma carreira promissora e cobiçada. “O crescimento na carreira que é exponencial. A gente está falando que um profissional em cinco anos pode aumentar o salário em quatro vezes do que ele começa ganhando”, revela Pinheiro.

O curso dura dois anos. A mensalidade varia de R$ 300 a R$ 350 por mês, conforme o módulo escolhido. “Quero ser um profissional completo, saber todas as etapas do petróleo, desde a distribuição até a entrega num posto de gasolina”, diz o estudante Rodrigo Soares.

Os alunos conhecem os equipamentos de segurança e exercitam as técnicas de manutenção das estruturas em alto mar.

Para montar uma franquia da escola, o investimento é a partir de R$ 95 mil. O valor inclui a taxa de franquia, reforma das salas de aula, equipamentos e capital de giro. A previsão para cada unidade é faturar R$ 40 mil reais por mês com 120 alunos. ”Apesar da crise, aqui no Brasil não vai faltar é clientes ou compradores para a indústria de petróleo e gás”, diz

Fonte: G1