RIO - A empresa de petróleo HRT, que no mês passado arrecadou R$ 2,3 bilhões no lançamento de suas ações ao mercado (IPO), anunciou hoje que pretende perfurar, no mínimo, 12 poços na Bacia do Solimões em 2011. A companhia aposta nas perfurações em terra na região amazônica depois de encontrar um tipo de gás que indica a presença de petróleo em camadas tão profundas quanto às do pré-sal costeiro. "Independentemente de onde estamos furando, se formos profundo, teremos grandes descobertas em todas as partes da bacia", disse hoje o presidente da HRT Participações, Márcio Rocha Mello, em teleconferência com analistas.
Mello, um dos mais renomados geólogos do País, disse estar seguro da presença de petróleo depois de encontrar "gás úmido" (uma mistura de metano, etano, propano e butano) em testes em diferentes pontos da bacia, cuja área de cerca de 480 mil quilômetros quadrados se aproxima à do território da França.
O gás úmido, explica, aparece numa estrutura geológica diferente da do gás seco (metano), ocultando as camadas de petróleo no fundo. Ele acrescenta que até pouco tempo a tecnologia não conseguia avaliar o tipo de gás extraído. No passado foram perfurados 226 poços na bacia, sendo apenas três abaixo dos 3 mil metros de profundidade.
Para chegar a camadas ultraprofundas a empresa contratou quatro sondas com capacidade para perfurar a 4,5 mil metros, que serão entregues entre dezembro e fevereiro. "Os resultados vão ser muito rápidos", disse Mello. "Nos últimos dez anos, somente dez poços foram perfurados e, desses dez, sete tiveram sucesso", afirmou.
A empresa, que após o IPO chegou um valor de mercado de R$ 5,3 bilhões, divulgou na sexta-feira seu resultado consolidado do terceiro trimestre, que ficou negativo em R$ 29,8 milhões, um prejuízo 55% maior do que no trimestre anterior (R$ 19,2 milhões). A HRT diz que o resultado se explica pelo fato de a companhia ainda estar em fase pré-operacional. No trimestre, a receita bruta foi de R$ 3,6 milhões, com queda de 38,5% em relação ao trimestre anterior.
Além do Brasil, a HRT tem concessões no mar na Namíbia. Segundo a empresa, estudos mostraram condições geológicas no país africano muito semelhantes às das áreas no Brasil onde estão localizadas recentes descobertas gigantes do pré-sal, como Tupi, Iara e Júpiter. A formação geológica é anterior à separação dos continentes americano e africano.
"A Namíbia é como se fosse a Bacia de Santos do outro lado do Atlântico, a analogia é imensa. Os sistemas petrolíferos são iguais", afirmou em teleconferência com analistas. "Um potencial fantástico nos espera".
Atualmente, a HRT é a operadora de cinco blocos de exploração na costa da Namíbia, que cobre uma área de cerca de 27 mil quilômetros quadrados, o equivalente, diz Mello, ao território da Dinamarca.
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