domingo, março 13, 2011

Exxon perde dinheiro com poços secos no pré-sal .


Russell Gold
The Wall Street Journal

Depois de perfurar três caros poços em águas profundas na costa brasileira, a Exxon Mobil Corp. não conseguiu encontrar petróleo.

É um grande revés para a petrolífera americana, numa parte do mundo em que outras empresas, especialmente a Petróleo Brasileiro SA, conseguiram algumas das maiores descobertas petrolíferas das últimas décadas.

Um porta-voz disse que a Exxon planeja "continuar analisando os dados dos três poços" e ainda não desistiu totalmente de encontrar petróleo na região.

A Exxon informou que deu baixa contábil no custo dos poços no quarto trimestre de 2010, que totalizaram centenas de milhões de dólares. A empresa ainda não divulgou seus resultados do quarto trimestre.
A empresa também confirmou que já contabilizou um terceiro poço, de 2009, que ela já havia reconhecido que não tinha petróleo.

Nos últimos anos, a petrolífera texana havia anunciado suas concessões nas águas brasileiras como de "alto potencial". O governo brasileiro calcula que a região inteira tenha entre 50 bilhões e 100 bilhões de barris de petróleo.

Mas os campos brasileiros estão embaixo de um espesso domo de sal que dificulta localizar o petróleo e furar poços.

A Petrobras fez descobertas de bilhões de barris nos últimos anos perto de onde a Exxon explorou. Graças a essas descobertas, o Brasil deve se tornar um importante exportador de petróleo e já está construindo dezenas de plataformas de perfuração e navios de suporte para explorar o petróleo.

Mas o esforço é caro e tem seus riscos. A Hess Corp., dona de 40% da concessão da Exxon na costa brasileira, contabilizou ontem despesa extraordinária de US$ 111 milhões (US$ 72 milhões depois de impostos) para dois dos três poços. Com base na sua fatia, é possível inferir que o custo de perfurar esses dois poços passou de US$ 250 milhões. A Exxon tem 40% da concessão e a opera. A Petrobras tem os 20% restantes.

Notando que a Petrobras já obteve recentemente várias descobertas bem-sucedidas perto da concessão da Exxon, Brinker diz que a costa do Brasil ainda promete uma quantidade gigantesca de petróleo. Mas ele acrescentou: "Podemos ver que nem tudo vai às mil maravilhas".

Fonte: http://online.wsj.com/

O estopim da recente alta foi a interrupção parcial da produção na Líbia


Estima-se que o país esteja operando com apenas 25% da capacidade. Responsável por somente 2% da produção mundial, sozinha, a Líbia não seria capaz de afetar o mercado mundial. “O preço subiu por causa do medo. Ninguém sabe qual será o próximo país a ser afetado”, diz Tim Parker, vice-presidente do maior fundo de ações especializado em empresas de recursos naturais do mundo, o T. Rowe Price.

O principal temor é que a revolta chegue à Arábia Saudita, maior produtora de petróleo, dona da maior reserva e responsável pelo incremento da produção que está tapando o buraco deixado pela Líbia. Por enquanto, o país continua imune ao contágio que já alcançou seus vizinhos Bahrein, Kuwait e Omã. “A situação na Arábia Saudita é diferente da do Egito e da Líbia. O rei Abdullah é bastante popular, seu poder é tido como legítimo — não é fruto de golpe militar — e o país está crescendo”, afirma Thomas Lippman, especialista em Oriente Médio do Council on Foreign Relations.

Mesmo que o pior não se materialize, os analistas já trabalham com a possibilidade de o preço do barril começar uma tendência de alta — além da instabilidade, a recuperação da economia mundial pressiona a cotação para cima. No caso dos Estados Unidos, o maior importador do mundo, o aumento do preço para 120 dólares pode minar a frágil trajetória de recuperação da economia. Os americanos gastam com petróleo o correspondente a 4,3% do PIB, ou quase 700 bilhões de dólares por ano. “Se o preço do barril chegar a 120 dólares, o poder de compra dos americanos cai e o crescimento do PIB em 2011 pode diminuir 0,5 ponto percentual”, diz James Hamil­ton, professor de economia da Universidade da Califórnia e especialista em choques do petróleo.

O medo da inflação

No momento atual, uma elevação tímida, mas continuada, teria consequências para um mundo que já estava vendo a escalada da inflação, com a alta dos preços das commodities não ligadas ao setor de energia. Se o preço do petróleo se estabilizar acima dos 110 dólares, a pressão inflacionária pode fazer com que o Banco Central Europeu decida por subir a taxa de juro, o que seria um novo obstáculo à recuperação da região. Segundo cálculos do governo espanhol, a cada 14 dólares de aumento no preço do barril do petróleo, a economia nacional perde 8 bilhões de dólares. Preocupado, o premiê José Luis Zapatero já anunciou medidas preventivas, como a redução da velocidade máxima nas estradas de 120 para 110 quilômetros por hora. Nos principais países emergentes — Brasil incluído —, a sirene da inflação já havia soado e agora existe a possibilidade de o ruído ficar mais alto.

Por aqui, segundo cálculos da equipe econômica do banco HSBC, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá meio ponto percentual se o barril chegar a 120 dólares e a Petrobras repassar o aumento para os postos de gasolina. A China, segundo maior consumidor e importador de petróleo, controla e subsidia o mercado de combustíveis, mas se viu obrigada a elevar o preço da gasolina e do diesel no final de fevereiro. Os chineses já estão tendo de lidar com uma inflação próxima de 5%, 1 ponto percentual acima da meta. Na Índia, onde o índice de preço ao consumidor está em 10%, a maior parte do petróleo consumido é importada. Cada dólar de alta na cotação do barril aumenta em 700 milhões de dólares — 0,04% do PIB — o déficit na balança comercial indiana.

Independentemente do que venha a acontecer no Oriente Médio, a atual crise serviu para lembrar ao mundo as desvantagens de depender de uma região tão propensa a conflitos. A dependência não é uma opção e deve perdurar por várias décadas. Mas investimentos maciços para a localização de poços em outras partes do mundo fizeram com que a participação do Oriente Médio no total das reservas globais caísse nas últimas décadas. As Américas do Sul e Central foram as regiões que apresentaram maior crescimento do volume de reservas desde 1989 — a região respondia por 7% das reservas mundiais e hoje detém quase 15% do total, puxado principalmente pelas descobertas brasileiras no pré-sal.

De acordo com o relatório Energy Outlook 2030, da petroleira europeia BP, o Brasil é apontado como um dos grandes produtores de petróleo do futuro. “Com o barril um pouco mais caro, poderemos ver um fluxo maior de capital no setor de energia brasileiro nos próximos meses”, afirma André Loes, economista-chefe do HSBC. Se não descarrilar a economia mundial nem impulsionar uma espiral inflacionária aqui e no mundo, a atual crise pode deixar até uma herança benigna para o Brasil. Isso sem falar que o mundo tem a chance de ser um lugar melhor sem déspotas, como o egípcio Hosni Mubarak e sua turma.

Fonte: http://www.clickmacae.com.br/

Dependência do petróleo reduz otimismo quanto à economia de Angola .


Enquanto a Angola, rica em petróleo, planeja levantar pelo menos US$ 2 bilhões de investidores ocidentais com sua primeira oferta internacional de bônus soberanos, a questão-chave para os investidores é o quanto o país pode diversificar sua economia, reduzindo a dependência do petróleo.

Para alguns países subdesenvolvidos, o petróleo pode ser uma maldição ao invés de uma benção, já que a falta de oportunidades econômicas alternativas alimenta o descontentamento em relação à aplicaçao da riqueza produzida pela commodity.

Em Angola, o petróleo é responsável por 90% da receita vinda das exportações, mas o setor emprega menos de 1% da população. Cerca de 63% da população ainda depende da agricultura para sobreviver, basicamente de culturas de subsistência. Vinte e sete anos de guerra civil, encerrada em 2002, desvastaram a indústria agrícola, barrando o acesso às sementes e aos fertilizantes e cortando rotas de exportação para a venda dos produtos. O país, que chegou a ser o quarto maior exportador de café do mundo e foi auto-suficiente no cultivo da maioria dos produtos, é agora um importador líquido de alimentos.

A guerra também deixou Angola com até 6 milhões de minas enterradas, fazendo com seja perigoso caminhar por metade de suas terras, que dirá plantar.

Embora o petróleo esteja mantendo a economia de Angola fora de crises, as empresas de classificação de risco, o Fundo Monetário Internacional e os potenciais credores estão de olho na prosperidade da agricultura no longo prazo.

Em maio, Angola recebeu as primeiras notas de crédito. A Moody's Investors Service Inc. deu à Angola a nota B1, em linha com a Standard & Poor's Corp. e a Fitch Ratings, que deram à nação africana a classificação de B+. As notas solidamente especulativas vieram depois que o FMI concordou em dar um empréstimo de US$ 1,4 bilhão, depois de ter interrompido negociações com o país dois anos antes. Na ocasião, Angola disse que não precisava de ajuda do FMI, mas os críticos alegaram que o governo queria evitar o escrutínio de suas receitas.

Fonte: http://online.wsj.com/