quarta-feira, julho 25, 2012

P2 investe R$ 670 mi em estaleiro em SC

Caso a expectativa se confirme, o início da operação deve ocorrer em 2013. A entrega das primeiras embarcações está prevista para 2015

Santa Catarina (SC) - Sem alarde, o Pátria Investimentos e o grupo Promon estão se preparando para iniciar investimentos de R$ 670 milhões em um novo estaleiro para atender a indústria do pré-sal. Batizada com o nome fantasia de Oceana, a nova empresa será responsável pela fabricação de pelo menos quatro embarcações que serão oferecidas em licitações da Petrobras nos próximos meses.

A empresa foi criada pelo P2 Brasil, o fundo de investimentos em infraestrutura criado por Pátria e Promon. Conforme o Valor apurou, a área onde o estaleiro será erguido tem 310 mil metros quadrados e já foi adquirida pelo preço de R$ 30 milhões. O terreno fica na cidade de Itajaí - litoral de Santa Catarina. O local é próximo a fontes petrolíferas e tem ampla mão-de-obra especializada - hoje, a cidade já tem quatro estaleiros em operação: Detroit Brasil, Estaleiro Itajaí, Navship e Keppel Singmarine Brasil.

A Prefeitura concedeu, em troca da instalação da empresa, isenção de 50% do Imposto sobre Serviços (ISS) e até 100% de isenção de outros impostos municipais, como alvarás e taxas de aquisição de imóvel.

O empreendimento da Oceana já recebeu licença ambiental prévia da Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina em dezembro. Hoje, a companhia só aguarda a licença de instalação para construir o empreendimento. Essa licença estava prevista para sair, inicialmente, em abril - mas até agora não foi liberada. A empresa aguarda ter o documento nos próximos 15 dias.

Caso a expectativa se confirme, o início da operação deve ocorrer em 2013. A entrega das primeiras embarcações está prevista para 2015.

O Fundo de Marinha Mercante (FMM) incluiu o projeto dentre as prioridades para financiamento no fim do ano passado. Na época, foi determinado que o projeto poderia receber financiamentos de até US$ 138,4 milhões do fundo para sua construção. As quatro embarcações iniciais também foram incluídas, devendo receber até US$ 246,4 milhões em financiamentos. A empresa também já tem autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para operar por prazo indeterminado.

O estaleiro nasceu depois do diagnóstico, por parte dos controladores, de que as embarcações de médio porte e com alto teor tecnológico para apoio à indústria de óleo e gás são hoje predominantemente importadas. As primeiras unidades a serem fabricadas são do tipo PSV 4500 - mais da metade das unidades desse modelo que operam no país são de origem estrangeira.

Segundo o Valor apurou, mais embarcações podem ser incluídas nos projetos da Oceana caso haja demanda e novos modelos também podem ser fabricados.

A intenção dos controladores é que a companhia tenha duas subdivisões. Além da construção naval, atividade que será feita por meio da Oceana Estaleiro, ela atuará na operação das embarcações, por meio da Oceana Navegação. O objetivo da segunda companhia é oferecer o apoio logístico à indústria de produção e exploração de óleo e gás.

O comitê de gestão da empresa é composto por três membros, sendo que dois já têm experiência no setor de construção naval: Josuan Moraes Junior, ex-executivo do estaleiro Detroit a agora presidente da Oceana Estaleiro; e Divalmir de Souza, co-fundador do estaleiro ETP (no Rio de Janeiro) e atual presidente da Oceana Navegação. Além disso, participa do comitê Guilherme Caixeta, ex-executivo da Votorantim e atual diretor do P2 Brasil.

A Oceana é a terceira empresa a receber investimentos do P2. Criado em 2008 para administrar recursos em infraestrutura, o fundo captou US$ 1,15 bilhão e poderá investir cerca de US$ 5 bilhões (alavancados) em logística, óleo e gás e saneamento nos próximos anos.

Antes da Oceana, o fundo comprou 97% da NovaAgri especializada em logística de commodities agrícolas, e também criou a Hidrovias do Brasil - especializada em logística de transporte aquaviário. Procurada pela reportagem, a Oceana preferiu não comentar os investimentos.

Fonte: Valor Econômico