segunda-feira, outubro 17, 2011

Bacia de Campos, descoberta há 30 anos, virou complexo com 40 mil pessoas




Bacia de Campos tem PIB maior que muitas cidades brasileiras

Durante cerca de 50 minutos de vôo num helicóptero, a imagem é a mesma em qualquer lugar para que se olhe: a imensidão do oceano com suas águas de um intenso azul escuro, onde é impossível distinguir a linha do horizonte. Mas logo em seguida se vêem dezenas de plataformas com a chama acesa em suas torres de segurança. É o complexo da Bacia de Campos, uma cidade em alto mar, com população, literalmente, flutuante de 40 mil pessoas e que já pode ser vista até por satélite no litoral brasileiro, tamanha a concentração de luz.

Com área de cem mil quilômetros quadrados, a Bacia de Campos vai desde a cidade de Vitória (ES) até Cabo Frio, no litoral fluminense. Os campos estão localizados a distâncias que variam de cem a 200 quilômetros da costa do Rio e garantem a produção diária de 1,25 milhão de barris de petróleo, o que equivale a 80% da produção nacional.

A Bacia de Campos — que completa este mês 30 anos da sua descoberta — é sinônimo de produção de petróleo no Brasil e constitui uma riqueza à parte na contabilidade nacional. Suas 64 plataformas são responsáveis por um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 18 bilhões, ou cerca de R$ 54 bilhões por ano. Segundo os últimos dados do IBGE, esse PIB é maior do que o do estado da Bahia (R$ 52 bilhões), equivale ao PIB somado dos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e é praticamente igual ao de toda Região Norte (R$ 57 bilhões).

Para dezembro, recorde de produção num só dia

O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, diz que a meta é bater o recorde de produção de petróleo em um único dia em dezembro próximo. E quem vai contribuir será Campos. Para isso, a estatal conta com o início de produção da plataforma P-43, que está a caminho para ser instalada no campo de Barracuda, também na bacia. Com capacidade total para produzir 150 mil barris diários de petróleo, tão logo for instalada, a P-43 poderá atingir uma produção até dezembro de 90 mil barris por dia.

Além desse equipamento, segundo o diretor, outros poços em Campos deverão elevar sua produção. Isso será possível graças ao trabalho de recuperação que os técnicos estão fazendo nos poços mais antigos, que apresentam queda na produção. O último recorde foi de 1,64 milhão de barris/dia, em março de 2003:

— Vamos bater o recorde de produção. E isso não é um sonho, é concreto, e a Bacia de Campos continua sendo a estrela principal.

Os números da Bacia de Campos são impressionantes. As plataformas, com suas usinas termelétricas, têm capacidade de gerar energia elétrica para iluminar uma cidade de um milhão de habitantes (640 MW). São consumidas por semana 512 toneladas de alimentos e geradas 38,4 toneladas de lixo. O atendimento às plataformas é feito por 120 embarcações e navios que prestam serviços de apoio. São cerca de mil poços interligados em 4.200 quilômetros de dutos no fundo do mar. As instalações em alto-mar incluem campo de futebol, tratamento de esgoto, enfermaria e até cinema, afirma o gerente-geral da Unidade de Negócio da Bacia de Campos, Plínio César de Mello, há 25 anos na Petrobras. Ele é um dos três “prefeitos” da bacia, dividida em três unidades.

Os funcionários que trabalham nas plataformas da Petrobras são transportados em 6.300 vôos mensais de helicópteros. Os plantões em alto-mar incluem jornadas de 14 dias nas plataformas com 21 dias de folga em terra. O trabalho, em turnos, é contínuo 24 horas por dia.

— É um trabalho sofrido, porque seja que dia for, Natal, Ano Novo, seu aniversário, ou doença de filho, o trabalhador está na plataforma — diz Mello, que já trabalhou embarcado, e lembra que, às vezes ao chegar em casa, a filha de dez meses não o reconhecia.

Dos 150 trabalhadores da P-18, seis são mulheres. Uma delas é Erica Lelis Cruz da Silva, responsável pelos sistemas de operação da plataforma como, por exemplo, os geradores de energia elétrica. Erica trabalha embarcada há um ano e três meses e diz que namora um petroleiro da plataforma de Pampo, na mesma Bacia de Campos. Eles se conheceram em um curso da Petrobras. Erica afirma que hoje os petroleiros já convivem sem preconceito com as mulheres nas plataformas.

— Agora é comum mulheres trabalhando nas plataformas. Não sinto discriminação, todos me respeitam — diz Erica.

Mas os homens reconhecem que o trabalho de embarcado é difícil e, em alguns momentos, eles também choram de saudade ou de tristeza. Pedro Luiz Caldeira, que trabalha na plataforma de Carapeba 2, desembarcou em Macaé de emergência para tratar de forte dor de dente. E conta que já passou por maus bocados.

Supervisor de contratos, Caldeira lembra com tristeza quando soube, há dois anos, que sua mãe adoecera. Conseguiu autorização especial para desembarcar de emergência, mas foi surpreendido com a notícia de que era tarde demais: ela havia morrido.

Outro momento difícil foi quando, num acidente, bateu a cabeça num equipamento:

— Tenho uma placa de titânio, enxerto ósseo e seis parafusos. Foi uma cabeçada e o capacete enterrou.

Carlos Eli Chiarelli, 35 anos — dos quais 16 na Petrobras — diz gostar do trabalho em plataforma, mas não esconde a satisfação em cada volta para casa. Técnico de manutenção, ele mora no Espírito Santo com a mulher e a filha Rebeca, de cinco anos. Chiarelli gosta do trabalho que faz, gosta do clima de amizade com os colegas, mas garante que, muitas vezes, a saudade bate mais forte:

— É muito duro ficar ausente por tantos dias. Estou chegando à saturação — desabafa.

Fonte: http://www.clickmacae.com.br/

Trabalhadores de plataforma moram no Nordeste, no Sul e até no exterior


O dia começa cedo nas plataformas na Bacia de Campos. Ou melhor, as atividades são ininterruptas, 24 horas por dia, todos os dias do ano. Assim é também na plataforma P-18, instalada no Campo de Marlim, há dez anos produzindo cem mil barris diários de petróleo e 2,4 milhões de metros cúbicos de gás natural. Lá, os turnos de trabalho começam às 7h da manhã.

O almoço é servido entre 11h30m e 13h30m. Às 3h da madrugada, sai o café para o pessoal de plantão. Aliás, as cores dos uniformes indicam quem está operando e em horário de folga. No primeiro caso, eles usam uniformes laranjas. Já no refeitório, nas áreas de lazer e no salão de jogos circulam funcionários à paisana. O gerente da plataforma, Vitor de Almeida, cuida de tudo no dia-a-dia da P-18, como as operações dos poços, as equipes que chegam e saem e até a comida.

— Tentamos amenizar o melhor possível o ambiente de trabalho. Nas épocas especiais (como carnaval) fazemos até festas — diz Almeida.

Unidade produz água, tem academia e cinema

A P-18 tem duas unidades geradoras de energia com capacidade de 12,5 megawatts (MW) cada e uma estação de tratamento de esgoto, além de um unidade para produzir água potável. Como nas demais plataformas, além do refeitório e dos dormitórios (onde ficam quatro funcionários), existe uma área externa para fumantes. Há ainda uma academia, sala para cinema e jogos e quatro computadores com acesso à internet. Contando com uma minicentral de comunicações, a P-18 tem ainda cabines telefônicas e orelhões a bordo.

— A facilidade das comunicações ajuda as pessoas a ficarem mais próximas da família apesar de embarcados — diz Almeida.

Ele conta que os trabalhadores da P-18 são de outras regiões do país, como do Nordeste e do Sul. Segundo o gerente-geral da Unidade de Negócio da Bacia de Campos, Plínio César de Mello, em outras plataformas existe até trabalhador que mora nos Estados Unidos, em Miami:

— Tem gente até do exterior nas plataformas. Porque depois dos 14 dias embarcados, eles têm 21 dias de folga.

José Geraldo de Santana mora no Ceará e trabalha embarcado há sete anos. Ele é operador de produção nos poços da P-18 e diz estar acostumado ao ritmo de trabalho.

— Cada um encara de uma forma diferente. Consigo separar as coisas. Embarco tranqüilamente, sem apreensão — diz Santana ao admitir, contudo, que sente saudades de seus três filhos, um de 14 anos e gêmeos de 2 anos e meio.

Outra opinião unânime entre os trabalhadores da plataforma na Bacia de Campos é que o regime de 14 dias embarcado ensina as pessoas a conviverem com as diferenças. Afinal, são quatro trabalhadores dormindo em cada cabine, disputando um banheiro e o televisor. É o caso de Oneida Nunes. Ela trabalha nos serviços de hotelaria embarcada há dois anos e meio. Por ser contratada de uma empresa terceirizada, seus turnos são 14 dias por 14 de folga — os funcionários da Petrobras trabalham 14 dias e folgam 21 dias.

Do choro às vantagens de ‘ficar mais com a família’

Os dois filhos de Oneida, de 12 e 14 anos, ficam com a mãe dela quando está embarcada. Ela confessa chorar muitas vezes por não poder estar presente sempre.

— É difícil quando se tem notícia de que eles estão com problema na escola e não se pode ir lá para resolver. Até o terceiro dia de embarcada ainda fico um pouco triste, mas depois embala. Ao completar a primeira semana, é uma maravilha, e fico contando quantos dias faltam. Mas gosto deste trabalho e há vantagens como ficar um bom período depois com a família.

— Quando se chega na plataforma tem que encarar a realidade, mas, na hora de vir, dá vontade de ficar mais em terra — diz Sandra Farias, operadora de telecomunicações.

Fonte: http://www.clickmacae.com.br/

Um Laboratório em Escala Real


A Geologia Marinha vem coletando dados e elaborando estudos aprofundados para apoiar e subsidiar a exploração e a explotação de petróleo, contribuindo para minimizar custos e aumentar a segurança dos projetos e instalações.

A evolução da Geologia Marinha na Petrobras deu-se em função do contínuo avanço da exploração de petróleo para águas profundas. Inicialmente, a atividade de geologia marinha foi conduzida descentralizadamente; muitos dados eram coletados, mas não agrupados de forma a permitir o aumento do conhecimento integrado sobre a região, muito voltados a cada projeto individualmente.

Criou-se informalmente, no final de 1987, o Grupo de Trabalho de Estudos do Fundo do Mar, a fim de montar o quebra-cabeças composto por dados de diferentes origens: levantamentos ambientais, oceanografia, geotecnia, perfuração de poços, estudos de fundo etc.
Em maio de 1989, este grupo de trabalho evoluiu para a formalização organizacional, com uma gerência específica criada com o objetivo de gerenciar e melhor utilizar os dados disponíveis. Iniciou-se, assim, a formação de um banco de dados, que permitiu uma abordagem moderna e localizada dos dados geológicos e ambientais do fundo do mar.

A necessidade era investigar o fundo do mar como suporte para novos avanços, integrando as técnicas de exploração de petróleo ao conhecimento da geologia marinha. O grupo se mantinha atento aos saltos tecnológicos e colaborava para a melhoria do produto, sempre antecipando-se às necessidades da atividade. Esta primeira fase serviu para montar um cenário regional integrado do fundo do mar e visualizar as informações encontradas, focando melhor a atuação de suporte à engenharia e à exploração de petróleo. Esses estudos pioneiros avaliavam a estabilidade do solo oceânico para a instalação de equipamentos no fundo do mar.

Na escalada da Geologia Marinha consta a participação no Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas -Procap-1000. Foram analisados dados de alta resolução e estudos sísmicos pioneiros sobre o talude continental das áreas de Marlim e Albacora, os limites mais profundos de exploração daquela época na Bacia de Campos.

O reconhecimento da necessidade e da qualidade destes trabalhos propiciou ao grupo de profissionais mergulhar na segunda fase, que consistiu na coleta de informações de alta resolução a nível regional, incluindo a participação no Procap-2000. Hoje, praticamente toda operação de engenharia desenvolvida no solo oceânico é precedida por estudos da equipe de geologia marinha.

O grupo hoje é estrategicamente qualificado, e se envolve em avançados estudos científicos de reputação internacional. Também representa a Petrobras na Comissão Interministerial de Recursos do Mar -CIRM, órgão ligado à Marinha do Brasil, atuando no Programa de Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Jurídica. Seus principais clientes são as gerências de Engenharia e de Exploração da Companhia, também a área de Meio Ambiente, além do Centro de Pesquisas (CENPES).

Com a contribuição da geologia marinha, a Bacia de Campos continuará sendo utilizada como laboratório em escala real para o desenvolvimento de novas tecnologias nos próximos anos.

Fonte: http://www.clickmacae.com.br/