sexta-feira, julho 06, 2012

Estudo propõe 'cláusula de saída' para regra de conteúdo local no pré-sal

Técnicos da FGV sugerem que, além de eleger objetivos claros, o governo estabeleça portas de saída, com metas a serem checadas ao longo do tempo

Rio de Janeiro (RJ) - A decisão da Petrobras, sob inspiração de Maria das Graças Foster, sua nova presidente, de rever as metas do seu Plano Estratégico, reduzindo, por exemplo, a meta de produção de petróleo de 4,91 milhões para 4,2 milhões de barris em 2020, significou uma admissão de que a companhia não está conseguindo contratar equipamentos críticos necessários para ampliar sua produção no tempo previsto.
A "confissão" de Foster abre espaço para a rediscussão da estratégia nacional para o setor que, em última instância, pode vir a ser uma referência para o conjunto da indústria. Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) propõem um debate sobre qual a melhor forma de concretizar a política de conteúdo local de modo a obter o máximo de ganhos econômicos e tecnológicos com a exploração e produção de óleo no pré-sal.
 Sem contestar a validade de o país ter ou não uma política industrial baseada na exigência de conteúdo nacional na produção de bens e de equipamentos, eles apresentaram com exclusividade ao Valor um estudo no qual propõem que o programa tenha objetivos específicos de produção própria, baseados nos equipamentos que mais estimularem o desenvolvimento tecnológico, abrindo o restante à competição internacional.
 O trabalho, elaborado pelo pesquisador Maurício Canêdo Pinheiro, foi também apresentado por Luiz Guilherme Schymura, diretor do Ibre, Marcio Lago Couto, superintendente, e Armando Castelar, coordenador-geral de pesquisa econômica aplicada.
 "Apostar na verticalização pode funcionar. Difícil é [ter] escala para fazer tudo", argumenta Schymura. Os técnicos da FGV sugerem que, além de eleger objetivos claros, o governo estabeleça portas de saída, com metas a serem checadas ao longo do tempo, de modo a assegurar que ao final do período estabelecido a indústria tenha alcançado competitividade internacional e elevado grau de desenvolvimento tecnológico, espalhando sua influência benéfica para outros setores da indústria. Sem isso, concordam os pesquisadores, o Brasil corre o risco de ter uma indústria onde tudo será, naturalmente, 25% ou 30% mais caro, sem promover ganhos de eficiência que permitam a essa indústria competir globalmente.
 No estudo apresentado, Pinheiro ressalta que políticas de estímulo a conteúdo local trazem benefícios, como geração de emprego e renda nos setores encadeados, mas trazem também ônus decorrentes da proteção assegurada, como o aumento de custos na exploração e produção de petróleo e gás. O saldo será positivo "se os benefícios são perenes e os custos transitórios", frisa Pinheiro, arrematando que "política industrial tem que ser transitória". Shimura acrescenta que o difícil, nesse caso, é "funcionar na escala de fazer tudo".
 A Noruega, na própria indústria de hidrocarbonetos, e a Coreia do Sul, que usou como uma alavanca do seu desenvolvimento a indústria de construção naval, foram os exemplos de políticas industriais bem-sucedidas apresentados pelo pesquisador da FGV. Em ambos os casos, o trabalho sustenta, não foi interposta "nenhuma barreira à importação de insumos ou regra de conteúdo local mínimo".
 No caso sul-coreano, a meta de tornar a construção naval internacionalmente competitiva foi implantada com criação de demanda doméstica, crédito subsidiado direcionado para investimento e exportação, além de subsídios e isenções fiscais para investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), tudo apoiado em metas claras de exportações e na redução gradual da proteção.
 No caso norueguês, diz o trabalho, o objetivo de fomentar a cadeia de óleo e gás com ênfase em tecnologia também passou por subsídios e isenções fiscais para P&D e pelo incentivo, mas sem obrigação, do uso de fornecedores locais. Foram fomentadas parcerias com empresas estrangeiras para a absorção de tecnologia.
 O exemplo negativo veio também da indústria naval e de uma experiência brasileira, a tentativa de desenvolver o setor nas décadas de 1960 e 1970, um fracasso retumbante que resultou no fechamento de praticamente todos os estaleiros existentes na época. Segundo o trabalho da FGV, a ênfase para o desenvolvimento foi o mercado doméstico (foi criada reserva de mercado de cargas de e para o Brasil para a marinha mercante nacional) com crédito subsidiado.
 No caso da indústria atual de fornecedores para o setor de óleo e gás, Pinheiro ressaltou que ela tem baixa inserção internacional, com apenas 25% das empresas atuando como exportadoras, sendo que grande parte delas exporta menos de 10% da produção. O trabalho ressalta ainda que a política de conteúdo local para o setor não pode ser usada como substituta de políticas que tragam benefícios para a atividade econômica como um todo (horizontais), como racionalização da carga tributária, investimentos maciços em educação e em infraestrutura.
 "O Brasil até tem sorte porque a descoberta do petróleo [em larga escala] veio depois que o país conseguiu se diversificar", ressaltou Pinheiro, lembrando que em outros países, como Venezuela e Nigéria, o petróleo vem afirmando a chamada "maldição das matérias-primas" que funciona como espécie de barreira ao desenvolvimento da economia como um todo.
 Castelar disse que, mesmo com uma indústria diversificada, o Brasil não está imune à chamada "doença holandesa" (referência à desindustrialização sofrida pela Holanda após a descoberta de gás natural nos anos 60) por conta do estímulo concentrado no setor petróleo. Na economia, os sintomas dessa doença são a entrada vertiginosa de dólares obtidos com a venda de commodities e financiamento a investimentos que apreciam o câmbio e afetam a competitividade da indústria local.
 Castelar destaca que, com uma movimentação de recursos da ordem de US$ 400 bilhões até 2020 - o BNDES estima que, para cada dólar investido pela Petrobras, será investido algo entre US$ 1,6 e US$ 2 pelos fornecedores, sem contar as outras empresas que operam no país - o setor poderá, por meio da atração de recursos externos para financiar parte dos investimentos, provocar a elevação da taxa de câmbio, retirando a competitividade de outros setores.
Fonte: Valor Econômico

Petrobras deve captar US$ 80 bilhões até 2016

SÃO PAULO – Para financiar seu plano de investimentos 2012-2016 de US$ 246 bilhões, a Petrobras deve captar até US$ 80 bilhões nos próximos cinco anos no mercado de títulos privados de dívidas, principalmente com a emissão de bônus internacionais. Segundo a gerente de Relações com Investidores da Petrobras, Bianca Nasser Patrocínio, a necessidade de captações anuais durante o período do plano é de US$ 16 bilhões, sendo US$ 8,7 bilhões em dívida líquida quando considerada a rolagem da dívida da companhia. “É nossa política informar ao investidor internacional que vamos acessar o mercado preferencialmente em uma grande operação por ano”, disse Bianca, ao participar de debate no 14º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, realizado nessa terça-feira, em São Paulo.
A Petrobras já captou US$ 7,2 bilhões no mercado internacional em 2012. “Não temos nenhuma data para outra operação”, disse Bianca aos jornalistas. A companhia petrolífera brasileira não emite debêntures no mercado doméstico desde 2002. “Vamos avaliar as condições das debêntures de infraestrutura, mas o importante é fomentar esse mercado para a captação de nossos fornecedores”, concluiu Bianca. Do total de dívida da companhia – US$ 82 bilhões – 70% estava vinculada ao dólar.


Fonte:DCI por (Ernani Fagundes)

Empresa cearense vai fabricar robôs para explorar pré-sal

O robô Dragão do Mar, que está sendo desenvolvido pela Armtec, deve ficar pronto em três anos. O projeto prevê um submarino para atuar em profundidades de até 3 mil metros, operado por controle remoto.
Retirar petróleo da camada de pré-sal do litoral brasileiro sem causar impacto ambiental. É o objetivo do robô aquático Dragão do Mar, que está sendo desenvolvido pela empresa cearense Armtec – Tecnologia em Robótica, em parceria com oito entidades. É financiado em R$ 7 milhões pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O projeto prevê um submarino para atuar em profundidades de até 3 mil metros, operado por controle remoto e com capacidade para auxílio, manutenção e reparo de instalações de petróleo. A estimativa é que em três anos o produto esteja pronto. A cada seis meses um novo robô é lançado pela empresa e vários projetos são elaborados, levando em conta a demanda que o país necessita.
Para o diretor executivo da Armtec, Roberto Macêdo, esse robô vai trazer muitos benefícios à tecnologia brasileira. “A Petrobras utiliza equipamentos importados semelhantes. Cada qual custa milhões. Com a fabricação do Dragão do Mar, as petrolíferas vão economizar, gerar empregos e movimentar a economia brasileira”, diz Roberto.
Financiamento
Para conseguir o financiamento do projeto, a Armtec participou, em 2010, de uma chamada pública, que envolvia projetos que tratassem da camada de pré-sal brasileira. Foram R$ 110 milhões divididos para 58 propostas, voltadas para a indústria nacional de petróleo e gás. A Armtec recebeu a maior parcela de recursos do financiamento, mas a região Sudeste contemplou 75% das propostas aprovadas.
Roberto diz acreditar que a aprovação só foi possível pela parceria que a empresa tem com outras entidades. “O Dragão do Mar é o segundo maior projeto aprovado envolvendo o pré-sal. Buscamos desenvolver tecnologia para que possamos depender menos do mercado estrangeiros. Queremos um Brasil tecnológico e procuramos homenagear a cultura do País nos nomes dos robôs”, conta.
O envolvimento do empresário com a robótica começou ainda na faculdade. Aos 23 anos, o projeto de conclusão de curso de Engenharia Eletrônica foi um robô de combate a incêndios, intitulado Sistema de Apoio ao Combate de Incidentes (Saci); foi o primeiro do Brasil e o quarto do mundo. Com esse robô, Roberto ganhou o apoio da Petrobras e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), conquistando um espaço físico na Universidade de Fortaleza (Unifor).
“O Saci foi o pioneiro e já era bem menor que os concorrentes, com um jato 30% maior que os outros. Estamos sempre melhorando os nossos equipamentos”, explica.
Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
As entidades responsáveis pela construção do Dragão do Mar são: Armtec, Unifor, Instituição de Tecnologia da Informação e Comunicação do Ceará (ITIC), o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer Campus Nordeste (CTI-NE), a UFC, o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), a Universidade Federal Vale do São Francisco (Univasf) e a BWV Consultoria.
Perfil
Roberto Macêdo, 31, é engenheiro elétrico, formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e diretor executivo da Armtec – Tecnologia em Robótica. É diretor e conselheiro nacional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos e conselheiro da área de tecnologia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
SERVIÇO
Armtec – Tecnologia em Robótica
Onde: Av. Washington Soares, 1321 (CCT – NPT) – Universidade de Fortaleza (Unifor)
Telefone: (85) 3477 3321
Saiba mais
Outro robô fabricado pela Armtec é a Máquina Unificada para Lazer, Atendimento, Treinamento e Apresentações (Mulata), que foi projetada para atuar em aeroportos auxiliando passageiros, no campo militar ou auxiliando médicos durante as cirurgias.
O robô Submarino de Avaliação de Estruturas Marítimas, Fluviais e Meio Ambiente Brasileiro Automatizado (Samba) foi o primeiro submarino desenvolvido pela empresa e tem a capacidade de inspecionar estruturas submersas em até 100 metros de profundidade.
Em 2008 a empresa conquistou a ISO 9001, com ajuda da Petrobras e do Sebrae – ambos financiaram 40% cada dos custos de consultoria para a certificação. Atualmente a Armtec tem 17 funcionários e 40 pontos de trabalho, além de desenvolver, em parceria com o Governo do Estado, um programa de estágio para 300 alunos.

Fonte: O povo online por (Liane Braga)