quarta-feira, maio 11, 2011

Petróleo irriga a economia de Santos


Em cinco anos, só a Petrobras investiu R$ 25 bilhões na região e plajeda mais que dobrar esse valor até 2014

Por conta da exploração da maior bacia sedimentar brasileira de petróleo e gás no mar, a Bacia de Santos, a Petrobras já investiu na região US$ 15 bilhões – algo em torno de R$ 25 bilhões - em cinco anos. “Só no pré-sal, nossa previsão é investir US$ 33 bilhões (R$ 54,5 bilhões) até 2014”, afirma José Luiz Marcusso, gerente-geral da estatal em Santos, no litoral paulista. A área do pré-sal se estende de Santa Catarina ao Rio de Janeiro.

Marcusso diz que hoje há 24 sistemas em funcionamento na região de Santos, com cerca de 100 pessoas trabalhando em cada um. São 17 sondas de perfuração e equipamentos perfurando na área e mais sete sistemas produzindo petróleo e gás. “Três deles estão no pré-sal. É uma grande revolução”, avalia o executivo. Cada um desses sistemas tem um barco de apoio. “São entre 3.000 e 3.500 pessoas no mar. E mais 1.000 pessoas em terra para dar suporte a essas operações”, diz ele.

Toda essa movimentação está irrigando a cidade de Santos. Ela passa por um momento único de renovação. “Santos vive hoje o seu melhor cenário nos últimos 50 anos”, afirma João Paulo Tavares Papa, prefeito da cidade. “Por isso, estamos nos preparando.” Essa preparação, segundo ele, passa por projetos em parceria com a iniciativa privada e também com organismos de fomento.

A Petrobras, além de toda a operação, está construindo na área conhecida como Valongo, bem próxima ao Porto de Santos, sua sede para a região. Comprou por R$ 15,18 milhões um terreno onde irá erguer três torres. A primeira está orçada em cerca de R$ 400 milhões, deverá ficar pronta em 2013 e receber 2.200 pessoas. Em todo o complexo, que deverá estar construído até 2017, serão 6.100 funcionários.

Diante dos valores, Marcusso avisa: “Para perfurar cada poço, gastamos entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. Um projeto total de petróleo e gás, dependendo do porte, passa de US$ 4 bilhões, US$ 5 bilhões”.

Segundo o executivo da Petrobras, o plano para o pré-sal é que em 2017 a Bacia de Santos esteja produzindo 1 milhão de barris de petróleo equivalente por dia. “O Brasil levou de 1953, data da criação da Petrobras, até 1998 para atingir a média de 1 milhão de barris/dia”, lembra.

Inteligência da exploração

O prefeito Papa não quer deixar escorrer um tostão de toda essa dinheirama. “A exploração do pré-sal chega em um momento em que a cidade já está bem posicionada. O que nos interessa é tirar o melhor proveito do nosso desenvolvimento e capacitar nossa mão de obra para a inteligência da exploração, para atuarmos na gestão”, diz Papa.

O peemedebista tem feito diversos projetos, muitos deles em parceria com a iniciativa privada, para aproveitar a maré de recursos. A cidade é um canteiro de obras a céu aberto. Todos os dias surgem novas torres residenciais e comerciais. Há planos de uma nova ponte e áreas de armazenagem privada. “São sete hotéis em construção, prontos ou em projetos”, afirma o prefeito. “Isso após 20 anos sem um único investimento no setor.” Os negócios de menor porte, com mais dinheiro em circulação, estão crescendo exponencialmente.

Um dos planos ambiciosos da prefeitura é passar a explorar a área continental de Santos. A população da cidade é hoje de 420 mil habitantes, com crescimento de apenas 0,5% no último Censo, espremida nos 39 quilômetros quadrados da área insular. A renda per capital anual é de pouco menos de R$ 60 mil, segundo dados de 2008. Para serem explorados, há os 231 quilômetros quadrados da área continental disponíveis. Mas o prefeito ressalva que hoje apenas pouco mais de 4% podem ser ocupados – o restante faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar ou é área de manguezais.

Já está na Câmara Municipal um projeto que amplia essa fatia a ser explorada para 8,7% do total continental, ou 20,16 quilômetros quadrados. É pouco, mas mais que a metade da área atual da cidade. “Essa área sempre foi considerada o futuro de Santos, pois tem um grande potencial para o desenvolvimento de atividades de apoio offshore”, lembra Papa.

Projetos

Entre os planos para a nova área, diz o prefeito, estão a ampliação do Porto de Santos, atividades retroportuárias – como documentação aduaneira e atividades ligadas ao comércio externo -, empresas que precisem de galpões para montar e desmontar seus produtos em área próxima ao porto, e um espaço para o Parque Tecnológico, recém-criado. “É preciso cuidar da ocupação voltada para o desenvolvimento econômico.”

João Paulo Papa lembra que o orçamento da cidade para este ano é de R$ 1,4 bilhão, incluindo os gastos previdenciários com os servidores. “Para desenvolvermos a nova parte da cidade, o papel do setor público é preparar institucionalmente e legalmente o território”, avisa. Dinheiro, só dos parceiros.

Márcio Lara, secretário de Desenvolvimento do município, lembra que, para atrair empresas ligadas à atividade de petróleo e gás, Santos reduziu a alíquota de Imposto sobre Serviços (ISS) de 4% para 2%. Outro setor beneficiado é o das empresas de sistemas tecnológicos e de call center, que tiveram a taxa de ISS cortada de 5% para até 2%. O benefício, inclusive, já atraiu duas gigantes, a Atento e a Tivit.

Lara afirma que a cidade planeja uma nova ponte, que irá abrir uma entrada por meio da Ilha Barnabé, facilitando o transporte com a área continental do município. Segundo ele, a Ecovias, companhia operadora do sistema Anchieta-Imigrantes, já mostrou interesse em participar da concessão.

O prefeito destaca que a autoridade portuária planeja triplicar a atuação do Porto de Santos, das atuais 80 milhões de toneladas por ano, para 240 milhões de toneladas, num projeto denominado Barnabé-Bagres. “O plano da Companhias Docas do Estado de São Paulo é estar com a obra pronta em cinco anos. É um projeto para cerca de R$ 10 bilhões”, prevê Papa.

Fonte: Grande Prêmio

Afinal, o que significa sustentabilidade?


O contraponto entre um ecologista pessimista e um desenvolvimentista animado marcou o primeiro debate da VII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na UENF. As duas perspectivas estiveram frente a frente nas falas do professor Arthur Soffiati, militante da causa ambientalista há 30 anos, e do professor Hermano Tavares, um 'desenvolvimentista assumido' há 52 anos. Eles ministraram na noite de 18/10, no Centro de Convenções da UENF, as palestras de abertura da Semana de C&T, organizada pela UENF, UFF e Instituto Federal Fluminense (IFF).

Soffiati já começou sua fala pedindo licença para divergir do entusiasmo com o tema geral da programação - 'Ciência para o desenvolvimento sustentável'. Disse que a noção de 'desenvolvimento' é historicamente recente (cerca de 500 anos) e que a civilização ocidental é a única marcada pela inquietação com o futuro - seja em termos de buscar acumulação, seja em termos de produzir utopias quanto a um mundo melhor.

- A proposta do desenvolvimento sustentável, que surgiu com força de um grupo de pensadores críticos da década de 1970, hoje eu já não sei exatamente o que significa - disse Soffiati, lembrando que o modelo ocidental baseado na exploração ilimitada dos recursos naturais não tem viabilidade.

Já Hermano Tavares recorreu ao bom humor dizendo que até aquele momento era um desenvolvimentista assumido, mas admitindo que a palestra de seu antecessor o teria deixado em dificuldades. Ex-secretário de Educação de Campinas (SP), Hermano apresentou um conjunto de dados sobre a melhoria nos índices de desigualdade do Brasil e lamentou que a educação pública continue fora da prioridade dos políticos.

- Estou na casa de Darcy Ribeiro, e foi ele quem disse uma vez que a crise na educação brasileira não era uma crise, mas um projeto - disse Hermano, defendendo uma prioridade radical a este tema por parte dos próximos governos.

Em Campos, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia tem atividades programadas conjuntamente pelas três instituições públicas de ensino superior presentes na cidade, UENF, UFF e IFF. Na UENF, a coordenação é da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEX).

Nesta terça, foram apresentados pôsteres da Mostra de Pós-Graduação da UENF e trabalhos orais e em pôster da Mostra de Extensão IFF-UENF-UFF. Centenas de estudantes do ensino básico também visitaram diversas instalações da Universidade.

Pré-sal em debate nesta quarta

A mesa-redonda sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal é uma das atrações da VII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia nesta quarta, a partir das 14h, no Centro de Convenções da UENF. O debate é parte da Mostra de Pós-Graduação da UENF.

A mesa terá presença de Aluizio dos Santos Junior, deputado federal eleito; José Alberto Bucheb, gerente de parcerias da Petrobras/E&P-Pré-sal/PAR; Ricardo Defeo de Castro, gerente de Exploração da Petrobras UOBC; Luiz Felipe Muniz, advogado e membro de um grupo de trabalho sobre divulgação do pré-sal vinculado à Petrobras; e Roberto Moraes, professor do IFF e estudioso da questão dos royalties do petróleo.

Também nesta quarta, 20/10, das 14h às 18h, o professor Francisco Gregório Filho, da Secretaria de Educação de Nova Friburgo (RJ), ministra palestra sobre 'o ato de contar histórias', no anfiteatro 2 do Centro de Convenções.

As visitas guiadas de estudantes continuam nesta quarta, das 8h às 17h30, percorrendo vários locais do campus da UENF, como Espaço da Ciência, Casa Ecológica, Centrífuga Geotécnica e Hospital Veterinário. A apresentação do Coral da UENF, inicialmente prevista para o dia da abertura, ocorrerá na quinta-feira, 21/10, às 16h.

Fonte: Assessoria de Imprensa da UENF

Petróleo em águas profundas e os recursos humanos



A Petrobrás é brasileira, mas Petrobrás não é o Brasil. Esse truísmo, esse fato óbvio, ganha novo sentido na procura da gigante estatal por gente habilitada para desenvolver suas descobertas em águas profundas, no que o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, diz ser o maior programa de investimento acontecendo no mundo hoje, orçado em mais de US$ 50 bilhões este ano. Numa entrevista, Gabrielli falou que a falta dessas habilidades é o maior obstáculo para trazer ao mercado as grandes jazidas de petróleo no Atlântico Sul, opinião secundada por outros técnicos da indústria.

Nas suas seis décadas de vida, a Petrobrás evoluiu como um sistema de conhecimentos, desde uma base rudimentar para padrões internacionais de profissionalismo. A Petrobrás não é o Brasil porque, desde sua criação, investiu pesado e com garra na capacitação de seus quadros técnicos, enquanto a classe política, torpe e mesquinha, recusou e ainda recusa esforçar-se para dotar o povo brasileiro com um ensino público decente.

"Havia só 64 geólogos no Brasil quando cheguei em 1954", explicou Walter Link, que era geólogo-chefe da Standard Oil of New Jersey (Exxon) antes de ser contratado para criar o novo departamento de exploração da Petrobrás. (Entrevistei Walter Link em sua casa em Laporte, Indiana, em 1975.) "Imediatamente, enviamos 26 brasileiros a algumas universidades nos Estados Unidos para treinar. A Petrobrás criou um departamento de geologia na Universidade da Bahia, próximo às primeiras descobertas de petróleo no Brasil. Outras universidades brasileiras depois fizeram o mesmo."

Nas décadas seguintes, a Petrobrás enviou centenas de seus geólogos e engenheiros mais talentosos ao exterior para estudos avançados, podendo assim reunir os conhecimentos que viabilizaram as descobertas em águas profundas dos anos recentes. No entanto, o ensino básico para a maioria dos brasileiros ficou mergulhado no fracasso, negligência, incentivos perversos e politicagem para o benefício em curto prazo dos prefeitos e governadores.

Ganhando fama mundial como um grande mercado de consumo e pela abundância de recursos naturais, o Brasil tropeça na falta de recursos humanos preparados para a aceleração sustentável de seu desenvolvimento. Numa economia superaquecida, a necessidade urgente para achar operários capacitados está impulsionando a criação de programas governamentais ambiciosos para desenvolver a capacidade humana e compensar os fracassos na educação básica.

Na indústria de petróleo, estudam na Universidade Petrobrás 70 mil funcionários ao ano em cursos de iniciação e reciclagem. O Programa de Mobilização da Indústria Nacional (Prominp) tenta treinar operários para a Petrobrás. Seguem nesses dias, anúncios bombásticos de programas emergenciais novos: Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) oferecendo oito milhões de vagas até 2014 em 800 escolas técnicas e institutos federais; Escola Técnica Aberta do Brasil (E-Tec) para ensino à distância de 263 mil alunos até 2014; Programa de Ensino no Exterior visualizando 100 mil bolsas até 2014. Esses anúncios desconhecem a falta de professores qualificados nos cursos técnicos já existentes, pela qual 20 mil alunos ficam sem aula nos institutos federais, conforme a reportagem "A crise das Fatecs federais" publicada no Estado na segunda-feira. Também faltam estratégia e esforço de longo prazo para superar, nas novas gerações, o analfabetismo funcional reinante hoje em grande parte da classe operária, até mesmo entre os que já completaram um ensino médio deficiente.

Fonte: http://www.clickmacae.com.br/