segunda-feira, novembro 29, 2010

Petrobrás cria empresa para operar sondas


O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou à Agência Estado que será criada uma empresa para operar as sondas de perfuração que estão em processo de contratação para a exploração da área do pré-sal.


Essa nova empresa será independente da Petrobrás e deverá ser constituída por companhias especializadas na atividade de operação de sondas, por grandes bancos, fundos de pensão de empresas estatais e pela própria Petrobrás, além de outros interessados.

A Petrobrás, entretanto, terá participação pouco representativa, de 5% a 10%. A ideia é transferir para a empresa despesas que possam aumentar o nível de endividamento da Petrobrás.

"Trabalhamos no core business (atividade principal) de exploração e produção, que é produzir petróleo. Para outras áreas temos especializadas e nos servimos delas", disse o diretor financeiro da Petrobrás.

Investimentos. O aporte inicial dos sócios na criação da nova empresa deverá ficar entre 20% e 30% do valor das sondas. "O restante seria financiado", afirmou Barbassa.

Considerando-se a melhor oferta feita no recente processo de licitação das sondas, do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de US$ 4,65 bilhões, ou US$ 664,2 milhões por unidade, o aporte inicial na nova empresa seria de US$ 1,2 bilhão.

O capital administrado pela nova empresa pode chegar a US$ 30 bilhões, levando-se em conta o valor da licitação dos 28 navios sonda de exploração do pré-sal.

Barbassa explicou ainda que a nova empresa deverá operar apenas as 28 sondas que estão sendo licitadas. "O contrato para a fabricação de sondas será assinado por uma subsidiária da Petrobrás, que pode ser vendida para essa nova empresa no futuro", afirmou.

Plano de negócios. A criação da empresa será responsável por operar a sondas de perfuração não resultará em qualquer mudança no plano de negócios da Petrobrás até 2014. Segundo Barbassa, o plano não incluía investimentos a serem feitos pela Petrobrás na contratação das sondas.

O modelo de contratação de empresas terceiras responsáveis por operar sondas não é inédito. De acordo com o executivo, a Petrobrás possui aproximadamente 50 sondas offshore em operação, sendo a grande parte contratada junto a outras empresas.

A Petrobrás mantém um pequeno número de sondas operada de forma independente para, segundo Barbassa, ter informações sobre o desenvolvimento tecnológico e questões operacionais da atividade.

Barbassa falou à Agência Estado pouco antes de receber da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) o prêmio de profissional do ano de 2010 na categoria finanças.

Fonte: http://www.estadao.com.br/

Mais petróleo na Amazônia


Descoberta da Petrobras torna região ainda mais vulnerável à cobiça internacional
A Petrobras anunciou ontem mais uma descoberta de petróleo e gás fora do eixo Rio de Janeiro-Espírito Santo. Dessa vez, a petrolífera confirmou a existência de reservas na Amazônia, região cobiçada internacionalmente não só pelas riquezas ambientais como minerais. O comunicado da estatal traz de volta a polêmica da internacionalização da região que cada vez mais atrai os olhos do mundo inteiro. Com ela, as preocupações com segurança e soberania.

Segundo o engenheiro Fernando Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), a qualidade do óleo encontrado é excelente. “Outro fato bastante interessante é que a reserva fica a 30 Km de Urucu, outra unidade de produção da companhia, o que vai facilitar muito a produção em termos de logística”, comemorou. Mas ele acrescenta que a descoberta reacende preocupação com a cobiça internacional.

“A grande cobiça em relação à Amazônia está assentada sobre três coisas: biodiversidade, jazidas de minérios estratégicos e biomassa”, avalia. A Amazônia é o local que mais tem terra, água e sol, componentes para gerar biomassa que substituirá o petróleo no futuro. O especialista explica que o mundo tem interesse na substituição do petróleo por outros combustíveis renováveis.

“Como o petróleo está acabando, porque nós estamos no limiar da produção, há potências sem reservas petrolíferas, em situação de insegurança energética dramática. O pré-sal não resolve o problema delas, porque representa até 9% das reservas mundiais. Eles querem ainda o substituto: a biomassa”, alerta. De acordo com ele, a cobiça tende a crescer a partir do anúncio desta descoberta.

Outro interesse na internacionalização da Amazônia vem das reservas de nióbio. A região é a maior fonte do planeta deste minério que é um importante componente da indústria espacial. “Coincidentemente, as reservas de nióbio ficam exatamente debaixo das reservas indígenas, que organizações não governamentais querem transformar em nações independentes. Independentes entre aspas. Tanto como as colônias e, certamente, submetidas ao domínio intercional”, avalia o presidente da Aepet.

Qualidade acima do pré-sal

A Petrobras anunciou que os primeiros dados do Teste de Longa Duração iniciado em setembro no poço Igarapé Chibata confirmam a descoberta de nova acumulação de óleo leve (46° API) e gás natural no Município de Tefé (AM), a 630 km de Manaus e a 32 km da Província Petrolífera de Urucu. A Petrobras detém 100% de participação dos direitos de exploração e produção do poço, que fica na Bacia do Rio Solimões.

Para se ter ideia da qualidade do petróleo encontrado no Amazonas, o Grau API é uma escala hidrométrica do American Petroleum Institute (API). Pela metodologia utilizada para medir a densidade, o petróleo leve é o de maior qualidade. Para ser considerado leve, essa padronização determina que o grau seja superior a 31,1.

A elevada pontuação na escala utilizada internacionalmente demonstra que o óleo de Igarapé Chibata é superior ao de Tupi, no pré-sal, que tem 28º API, e ao dos golfos Pérsico e do México, além do Mar do Norte, que registram entre 38° e 40°. O poço tem capacidade de produzir 2.500 barris de óleo diários, o que é considerado excelente nesse tipo de bacia no Brasil — país que hoje concentra sua produção em alto mar.

Mais gás e energia na Região Norte

Patinho feio dos sistemas de energia no País, a Região Norte entrou em nova fase. A Petrobras comemorou ontem, com a presença do presidente Lula, o início da geração de energia elétrica com gás natural.

As termelétricas Tambaqui (95 MW), Jaraqui (76 MW) e Manauara (85 MW), em Manaus, fazem parte do parque termelétrico da Petrobras e vão operar com gás. A capacidade instalada é de 256 MW.

Fonte: http://odia.terra.com.br/

Estudo do Greenpeace mostra que exploração de gás e óleo atinge 8,7% de áreas que deveriam ser protegidas


Caso seja confirmada a previsão de reservas de até 60 bilhões de barris de petróleo estocados na camada do pré-sal, o Brasil - que já é dono de uma das maiores faixas costeiras do mundo - vai colecionar mais um megatítulo. O país será elevado à categoria de grande produtor mundial de petróleo, só que, para isso, as sondas de perfuração do pré-sal terão de colocar em risco espécies da biodiversidade brasileira. A difícil tarefa de conciliar interesses às vezes inconciliáveis, como a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico, é o tema de mapeamento inédito do Greenpeace intitulado "Mar, petróleo e biodiversidade - A geografia do conflito".

No estudo, o Greenpeace sobrepôs as áreas de concessão e exploração de petróleo definidas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) àquelas consideradas prioritárias pelo Ministério do Meio Ambiente para a conservação da biodiversidade. Segundo a entidade, o Brasil tem percentual de preservação marinha baixíssimo: 0,71%. O considerado ideal é de 10%, meta que precisa ser cumprida até 2020. Hoje há apenas 87 unidades de conservação, entre integrais (o que significa a proibição de qualquer atividade econômica) e sustentáveis, que somam 25 mil quilômetros quadrados de área marinha protegida. O país é dono de uma costa litorânea de 3,5 milhões de quilômetros quadrados. O cumprimento da meta de 10% obrigará o país a elevar a área protegida para 330 mil quilômetros quadrados.

- A exploração e produção de gás e óleo foi aquinhoada, até agora, com 8,77% de áreas que deveriam ser transformadas em $marinhas protegidas - diagnostica Sérgio Leitão, diretor do Greenpeace, chamando atenção para o fato de que, com a exploração do pré-sal, vai ficar mais difícil criar unidades de conservação na zona marinha.

O Greenpeace concluiu que a velocidade em licitar os novos blocos de pós e pré-sal é maior que a de criação de mais áreas de conservação marinha.

- Os recursos advindos da exploração do pré-sal poderão ser decisivos para assegurar o alcance das metas de conservação, tanto da biodiversidade marinha quanto da biodiversidade do bioma confrontante à $área do pré-sal na Mata Atlântica - avalia Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, que defende uma visão integrada de exploração e conservação.

Por enquanto, nenhuma das bacias licitadas nas rodadas da ANP teve impacto direto nas unidades de conservação. As exceções teriam sido as bacias do Jequitinhonha e de Espírito Santo-Mucuri, ambas próximas ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos. Só que a Justiça Federal de Eunápolis (BA) acabou acolhendo denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e a licitação foi suspensa. Por enquanto, está proibida a explo$ção de blocos de petróleo e gás num raio inferior a 50 quilômetros em torno de Abrolhos.

Em nota, a ANP afirma que "em 2010, a agência intensificou sua fiscalização offshore, com maior presença nas instalações das concessionárias. Essa atuação tem caráter de orientação e punição e pretende promover o cumprimento da legislação".

Fonte: http://oglobo.globo.com/