O acordo de US$ 1 bilhão que a petroleira brasileira HRT Participações e a anglo-russa TNK-BP divulgaram nesta segunda-feira abre caminho para a companhia estrangeira assumir o controle do negócio no futuro. Em sua estreia no Brasil, a TNK-BP adquiriu 45% de 21 blocos de exploração de petróleo e gás na bacia do Solimões, na Amazônia, transferidos pela HRT.
Após 30 meses da aprovação do negócio pelo órgão regulador brasileiro, a TNK-BP poderá ter direito à operação dos blocos, se optar por adquirir mais 10% do projeto, informou a companhia brasileira. A HRT pretende manter o controle do projeto até a conclusão da fase exploratória dos blocos. A empresa russa assumiria a operação durante as etapas seguintes, de desenvolvimento e produção dos campos.
Mas a empresa brasileira admite que poderá deixar de ser operadora antes de concluir a etapa de exploração de todos os blocos, se não conseguir concluir toda a exploração da área de 48,5 mil km quadrados no prazo de 30 meses após a aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Apetite dos russos
O acordo é o maior investimento estrangeiro já feito pela terceira maior empresa de petróleo da Rússia, uma joint venture entre a britânica BP e um quarteto de bilionáios russos.
De acordo com comunicado da empresa brasileira, o pagamento de US$ 1 bilhão pelos 45% do projeto na Amazônia será feito ao longo de dois anos.
Segundo a HRT, o acordo inclui a possibilidade de pagamentos adicionais por parte da TNK-BP que podem atingir US$ 5 bilhões em um período de dez anos.
Esses pagamentos serão feitos a uma relação de US$ 0,73 por barril no volume que exceder 500 milhões de barris na área de exploração no Solimões.
"O projeto nos dará acesso a significativas novas reservas num dos mercados que mais crescem no mundo", disse o presidente da TNK-BP, Mikhail Fridman, em comunicado.
"A empresa acredita em uma longa e bem-sucedida parceria com a HRT, assim como por novas oportunidades para expandir nossa presença na região", acrescentou.
Stan Polovets, presidente-executivo da AAR, a empresa que formou a joint venture com a BP na Rússia, confirmou que a empreitada nas Américas, começando por Solimões, poderá ser bem maior.
"A TNK-BP não iria vir para o Brasil para participar de apenas um projeto de exploração", afirmou.
"A empresa vai trabalhar no desenvolvimento de sua presença e de seus relacionamentos no Brasil e obviamente fará sentido para a TNK-BP eventualmente alavancar essa presença em termos de oportunidades futuras", acrescentou Polovets, que no entanto disse que o objetivo imediato é se concentrar no projeto com a HRT.
Outro patamar
Os blocos que baseiam a negociação contêm pelo menos 11 acumulações de hidrocarbonetos, que foram avaliadas pela certificadora DeGolyer and MacNaughton em 783 milhões de barris de óleo equivalente em recursos prospectivos e contingentes.
Investidores aguardavam há semanas uma definição sobre o negócio. Comentários sobre um possível cancelamento do acordo chegaram a provocar fortes quedas nas ações da HRT na Bovespa anteriormente, mas a companhia disse na ocasião que as negociações continuavam de pé e que a assinatura do contrato ocorreria em breve.
As ações HRT fecharam em alta nesta segunda-feira, em dia de perdas na Bovespa. A ação da empresa ganhou 3,7% no dia, enquanto o índice principal da bolsa perdeu 1,9%.
"Para a HRT é um ótimo sinal porque a coloca em outro patamar e mostra sua capacidade de negociar", afirmou o consultor independente Francois Moreau.
Segundo ele, no entanto, há um grande desafio no projeto de exploração de gás na região, que é a logística para transportar o produto.
Para escoar o gás na isolada área, em plena floresta amazônica, a HRT terá de negociar com a Petrobras o compartilhamento do gasoduto construído pela estatal para transportar o gás produzido em Urucu, reserva descoberta pela Petrobras há cerca de 20 anos.
Fonte:
http://not.economia.terra.com.br/