O rating da estatal na agência é BBB, igual ao do Brasil em moeda estrangeira, com viés 'estável' - perspectiva nem positiva nem negativa
Brasil - A agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) dificilmente tirará o "grau de investimento" da Petrobrás, mesmo havendo uma piora no índice de alavancagem da estatal. A S&P é uma das três maiores classificadoras de risco mundiais e o "grau de investimento" é uma nota a partir da qual a empresa - ou os governos, pois as agências também fazem avaliação do risco das dívidas públicas - apresenta pouco risco de calote.
"O rating final é pouco provável que mude", disse ontem ao Estado Luciano Gremone, analista da S&P que acompanha a Petrobrás. Segundo o especialista, a metodologia da agência para companhias estatais, que considera a possibilidade de o governo socorrer a empresa em casos extremos, é o trunfo da Petrobrás.
O rating da estatal na agência é BBB, igual ao do Brasil em moeda estrangeira, com viés "estável" - perspectiva nem positiva nem negativa. A nota foi revisada pela última vez em agosto, quando foi mantida. Nos próximos meses, a S&P divulgará uma atualização do relatório de agosto, mas não há motivos recentes para revisar o risco, segundo Gremone.
O endividamento medido pela relação entre dívida líquida e geração de caixa (Ebitda, na sigla em inglês) saltou de 2,42 vezes para 2,77 vezes, do terceiro para o quarto trimestre. Mês passado, a Agência Estado antecipou que a alavancagem havia superado a marca de 2,5 vezes, o que acendeu um sinal de alerta dentro da companhia porque esse patamar é usado como referência para o grau de investimento. Quando comparado com o final do ano passado, o indicador apresentou alta de 67%, ao saltar de 1,66 vez para 2,77 vezes.
Esperado. Segundo Gremone, no entanto, essa alta era esperada. "A empresa está financiando um plano de investimentos muito grande".
O especialista preferiu não traçar cenários caso a alavancagem volte a subir nos próximos trimestres, mas disse que os olhares deverão estar atentos para a geração de caixa, que "é muito dependente dos reajustes de combustíveis".
Gremone destacou ainda que, se o perfil financeiro da Petrobrás e a intervenção do governo no sentido de evitar reajustes de preços têm peso negativo, o perfil de negócios mitiga o risco. Nesse caso, o aumento das reservas de petróleo, com as descobertas no pré-sal, conta positivamente.
Fonte: Estadão