domingo, agosto 12, 2012

Pré-sal, fracasso ou excesso de discursos?

A Petrobras divulgou prejuízo líquido, no segundo trimestre, de R$ 1,346 bilhão, ou US$ 663 milhões, comparado com lucro líquido de R$ 10,943 bilhões no mesmo período de 2011. Isso abalou a Bovespa no início do pregão nesta segunda-feira.

Mas não durou sequer 30 minutos a pressão negativa das ações de Petrobras em cima da Bovespa.

Após a companhia declarar, durante teleconferência, de que os fatores que levaram ao prejuízo de pouco mais de R$ 1 bilhão no trimestre passado não devem ocorrer em outros trimestres, os papéis da Petrobras reduziram consideravelmente a queda, abrindo espaço para que os negócios locais acompanhassem o bom humor dos mercados no exterior.

Pois se fala demais na área dos combustíveis, enquanto o Brasil – via Petrobras – está importando gasolina, etanol e óleo.

Ora, que contraste para quem, há menos de dois anos, alardeava que o pré-sal era a redenção para tudo e todos, que o etanol abasteceria as Américas e o combustível sobraria para o Brasil e para vender no exterior.

Ninguém pode esquecer que a experiência é comparável à moda, pois uma ação que resulta em êxito em um dia poderá ser inaproveitável ou impraticável amanhã, como ocorre com a Petrobras.

Na administração federal, como no Piratini, os governantes devem mais evitar o fracasso do que obter o êxito imediato. O êxito não é senão um estado de espírito. Talvez somente dois, entre mil sábios, definirão o sucesso com as mesmas palavras.

Mas quanto ao fracasso ele é sempre descrito da mesma maneira. O fracasso é a incapacidade de os dirigentes em atingir os seus objetivos ainda em vida ou no seu período de governo, sejam eles quais forem.

A história ensina que a única diferença entre os que falharam e os que obtiveram sucesso está na diferença dos seus bons ou maus hábitos.

Bons hábitos, como gastar menos ou igual ao que se arrecada ou se direcionar o pré-sal para a felicidade de todos e o bem da Nação, são a chave do sucesso. Em consequência, maus hábitos levam ao fracasso.

Cabe aos dirigentes e empresários, as lideranças nos três níveis de governo, trabalharem para que tenhamos menos discursos, promessas e frases de efeito e muito mais obtjetivos concretos sendo alcançados. Na administração pública, deve-se formar bons hábitos e deles se tornar escravos.

O que se verifica são muitos discursos e pouca ação. A Petrobras não está seguindo as regras do mercado e segura os preços para evitar inflação. Sofisma, pois, ao fim, quem paga a diferença é o Tesouro ou os empréstimos que a empresa estatal faz.

Como não há concorrência, jamais se sabe se está certo ou errado. Mas o prejuízo é a prova que não praticamos o livre mercado com fins demagógicos.

Por isso, insistimos, a importação maciça de combustíveis quando era apregoado aos quatro ventos que o País tinha total autossuficiência em gasolina, etanol e óleo. Ora, é inadmissível esta situação que beira ao grotesco.

O fato de ter um apoio popular acima de todos os ex-presidentes, não dá direito à presidente Dilma Rousseff deixar que a Petrobras fique ao leo. Afinal, ela foi secretária e ministra das Minas e Energia, conhece demais os meandros da nossa gigantesca estatal do petróleo.

Fonte: Jornal do Comércio – RS – Editorial

Petróleo abre oportunidades para pequenos e médios

O setor de petróleo e gás deve demandar investimentos da ordem de US$ 400 bilhões até 2015 no Brasil que incluem os projetos da Petrobras e o pré-sal. De olho nesta fatia de mercado, a Redepetro Paraná organizou uma rodada de negócios na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), com a participação de 150 pequenas e médias empresas paranaenses e 22 grandes indústrias do setor de petróleo e gás com o objetivo de mostrar os produtos e serviços que o Paraná pode oferecer nesta área. O balanço das negociações deve ser divulgado dentro de uma semana.

”O paranaense ainda não tinha despertado para este mercado”, disse o diretor executivo da Redepetro-PR, Juarez Marcio Machado. A entidade fez um estudo no qual detectou 250 tipos de produtos e serviços que o setor de petróleo e gás precisa e vai necessitar nos próximos anos. ”São demandas constantes e não pontuais”, destacou.

O setor vai precisar desde fornecedores de água mineral e produtos de escritório até usinagem, materiais de construção e válvulas de precisão. ”Hoje o mobiliário utilizado nos navios é importado enquanto temos um Arranjo Produtivo Local (APL) de móveis em Arapongas”, disse Juarez Machado.

Outros produtos e serviços que interessam para o segmento de petróleo são andaimes, advocacia, projetos de engenharia, equipamentos de proteção, manutenção industrial, refeições coletivas, infraestrutura portuária, tubulações para o transporte de óleo, entre outros. ”Uma plataforma de petróleo é uma cidade”, destacou Machado.

Segundo ele, as pequenas e médias empresas acabam se intimidando em serem fornecedoras do setor porque as grandes indústrias exigem muita documentação e também por um certo comodismo em desbravar novos mercados.

Na hora de escolher um fornecedor, as grandes indústrias de petróleo e gás primam por empresas que têm comprometimento, se preocupam com a sustentabilidade, com a segurança no trabalho, possuem sistemas de gestão e tradição no fornecimento para o setor, além de melhoria contínua nos processos, segundo o presidente da Redepetro-PR, Valdemiro Kreusch Júnior.

”O Paraná não é apenas um estado agrícola”, disse Machado. Segundo Kreusch, a única coisa que o Brasil ainda não tem é a alta tecnologia de extração no alto mar como a Noruega, a Itália, o Canadá e a Grã-Bretanha.

A empresa Estaleiros do Brasil (EBR) foi uma das que participou da rodada de negócios para conseguir fornecedores. O técnico em planejamento da companhia, Luis Fernando Ribeiro, disse que a EBR, que é do Rio Grande do Sul, quer estreitar laços com fornecedores do Paraná. A empresa vai construir um estaleiro no RS que exigirá investimentos de R$ 1,2 bilhão e precisará de serviços e produtos de usinagem e infraestrutura.

A empresa Conduspar de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, também participou do evento que aconteceu na quarta-feira e ontem. A companhia produz fios e cabos elétricos há 30 anos. Segundo o comprador da empresa, Carlos Augusto Alves, a indústria poderá atuar em instalações elétricas no setor de petróleo e gás. ”Hoje temos 8% do mercado nacional e acreditamos que há espaço para mais do que isso”, disse Alves.

A Cocamar de Maringá também estava no evento. Os compradores da empresa Roberto Zirondi e Marcos Tavares disseram que a cooperativa utiliza diesel e lubrificantes. ”Queremos fomentar novos fornecedores nas áreas de manutenção, pintura, usinagem, manutenção elétrica e mecânica, fornecimento de peças e materiais”, explicaram. ”Temos comprado produtos e serviços de São Paulo que existem em Curitiba”, afirmou Zirondi. Na rodada eles conversaram com cerca de 70 diferentes fornecedores.

Fonte: Folha de Londrina,PR / Andréa Bertoldi