quinta-feira, dezembro 27, 2012

Petrobras colocará em operação seis novas plataformas em 2013

Capacidade das unidades é de 840 mil barris por dia. Produção vai compensar redução em outras plataformas

Rio de Janeiro (RJ) - A Petrobras colocará em operação no próximo ano seis plataformas, que acrescentarão cerca de 840 mil barris de petróleo à capacidade atual da companhia. Segundo a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, três delas – a P-63, P-55 e a P-61 – são de produção única da companhia. Outras três – Cidade de São Paulo, Cidade de itajaí, e Cidade de Paraty – serão instaladas em campos do pré-sal, na Bacia de Santos, e parte da produção será dos parceiros da Petrobras nos blocos.

— Vão entrar essas seis unidades novas de produção e a produção da Petrobras de terceiros vai aumentar bastante — disse Graça Foster.

Isso não significa, ela destacou, que todo esse volume será somado à produção atual de petróleio. A produção em cada plataforma vai aumentando de forma gradual, e também existe a queda natural da produção dos campos atualmente em operação.

Mas Graça Foster estima que, em 2013, a produção deverá ficar na faixa dos 2,022 milhões de barris diários, podendo ser 2% para cima ou para baixo.

A presidente da Petrobras explicou que, no próximo ano, a produção total da Petrobras, incluindo a parcela dos parceiros nos campos, principalmente no pré-sal, vai aumentar significativamente. Este ano, segundo Graça Foster,a Petrobras está produzindo, em média, 38 mil barris diários de petróleo de terceiros, além da sua própria produção.

No próximo ano, com o aumento das atividades no pré-sal, a Petrobras vai produzir cerca de 80 mil barris diários de petróleo dos parceiros. Graça Foster estima que, no fim de 2013, a parcela da produção da Petrobras de terceiros chegue a 100 mil barris diários.

— É petróleo de terceiros produzido pela Petrobras e esse muitos desconhecem isso. Vamos passar a mostrar esses dois valores, a da produção própria e a produção de terceiros — destacou graça Foster.

A primeira unidade a entrar em operação, já nos primeiros dias de 2013, será a FPSO (unidade que produz e armazena petróleo) Cidade de São Paulo, com capacidade total de produção de 120 mil barris diários. Ainda em janeiro, entrará também em operação a plataforma Cidade de Itajaí com mais mil barris diários.

Pela programação da Petrobras, em maio está prevista a Cidade de Paraty, com 160 mil barris por dia. Em julho, é a P-63 com 140 mil barris diários, e, em setembro, a P-55, com capacidade de 180 mil barris por dia. A última a entrar em operação será a P-61, com 140 mil barris diários.

Fonte: O Globo (Ramona Ordonez)

Investimento em petróleo na Bolívia ultrapassa US$ 1,5 bilhão

O investimento de 2011 foi de US$ 1,293 bilhão e o de 2010 quase não chegou a US$ 782 milhões, segundo dados oficiais

La Paz (Bolívia) - O investimento em petróleo na Bolívia realizado pelo Estado e empresas privadas se situou este ano em US$ 1,593 bilhão, 23% a mais que em 2011, informou nesta quarta-feira a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). O presidente de YPFB, Carlos Villegas, indicou em entrevista coletiva que a matriz dessa empresa e suas subsidiárias investiram US$ 986 milhões e as companhias privadas outros US$ 607 milhões.

Na Bolívia, operam, entre outras, a Petrobras, a espanhola Repsol YPF, a franco-belga TotalFinaElf e a britânica British Gas, algumas delas associadas com a YPFB. Desde maio de 2006, quando o presidente boliviano, Evo Morales, decretou a nacionalização de várias empresas e deu a YPFB o controle da cadeia produtiva, os investimentos estatais e privados somaram US$ 4,964 bilhões, frente ao US$ 1,855 bilhão do quinquênio prévio (2000-2005).

A chegada de capitais foi encorajada pela necessidade de ampliar a produção para sortir os mercados argentino e brasileiro. Para 2013, segundo dados da YPFB, se espera um investimento estatal e privado de US$ 2,168 bilhões, embora Villegas tenha dito hoje que o número definitivo será conhecido no próximo mês.

A YPFB realizou seus investimentos graças a empréstimos do Banco Central da Bolívia, mas hoje Villegas revelou que estuda junto ao Ministério da Economia e Finanças a possibilidade de emitir bônus internacionais. Além disso, o Estado obterá em 2012 uma renda recorde da parte do setor petroleiro de mais de US$ 4,2 bilhões, frente aos US$ 2,989 bilhões da gestão passada, acrescentou. Desde que em 2006 iniciou-se a nacionalização, a receita para o Estado por impostos, royalties, participações e patentes do setor somou US$ 16,778 bilhões.

Sobre as reservas de gás, Villegas anunciou que nos primeiros meses de 2014 será realizada uma nova certidão do volume dos reservatórios do país. Em abril do ano passado, o Governo reconheceu oficialmente que as reservas eram de apenas 9,94 trilhões de pés cúbicos, um terço do que se imaginava oficialmente, mas depois sustentou que, com novas descobertas, esse número poderia subir a 13 trilhões.

Fonte: Portal R7

O pré-sal e a educação

Há poucos dias, o BCG (Boston Consulting Group) lançou um relatório mostrando que o Brasil foi a nação mais eficiente do mundo em transformar riqueza em bem-estar nos últimos cinco anos. O avanço entre 2006 e 2011 foi equivalente ao de um país que tivesse expandido seu PIB per capita em 13,5% ao ano.

Esse desempenho do Brasil, obtido, em boa parte, numa conjuntura de grave crise internacional, não aconteceu por acaso, nem foi inspirado por conselhos “técnicos” de agências de risco. O Brasil apresentou esse desempenho porque o nosso país, contrariando a sua história econômica, tomou a decisão política de crescer distribuindo renda e oportunidades para todos.

O Brasil conseguiu implantar um novo ciclo de desenvolvimento, criar uma nova e volumosa classe média, reduzir substancialmente a pobreza extrema e construir um dinâmico mercado interno. Consolidamos a jovem democracia brasileira e suas instituições.

Mas isso não basta. Não se pode distribuir renda apenas com o concurso dessas políticas sociais.

Também não se pode crescer indefinidamente sem aumentar a competitividade da nossa economia, especialmente no campo industrial, e sem elevar expressivamente a nossa capacidade de produzir inovação tecnológica.

O grande desafio estratégico do Brasil é, pois, aproveitar as vantagens comparativas do país, como a abundância de recursos naturais, o enorme potencial ambiental, a estrutura produtiva razoavelmente integrada e diversificada, o perfil demográfico adequado e o acúmulo gerado por esse ciclo recente de desenvolvimento para construir uma economia verde e criativa.

Pois bem: o governo Dilma Rousseff tomou, nesse sentido, uma decisão histórica: destinar todos os royalties dos contratos futuros de concessão de petróleo à educação.

Não poderia haver decisão mais consistente. Com efeito, o investimento em educação, como bem reconhece o estudo do BCG, é o que mais repercute positivamente na sustentabilidade de longo prazo do desenvolvimento e em sua qualidade.

O relatório do BCG também reconhece claramente dois distintos grupos de países: aqueles que têm alta renda per capita e elevada capacidade de gerar bem-estar e aqueles que também têm alta renda per capita, mas baixa capacidade de criar bem-estar.

No primeiro grupo, está a campeã do nível de bem-estar atual, a Noruega. No segundo, estão os países exportadores de petróleo.

Mas a Noruega também é um grande exportador de óleo. Mas o país tomou uma decisão histórica que o fez seguir uma trajetória diferente daqueles outros países.

Em 1990, o Parlamento norueguês criou um fundo soberano para investir parcimoniosamente a renda do petróleo com critérios intergeracionais, partindo do pressuposto que o óleo é recurso finito e não renovável. A renda dele obtida é, assim, solidamente investida em seguridade social, educação, ciência e tecnologia.

Por outro lado, muitos outros países ricos em hidrocarbonetos preferiram gastar a renda do petróleo em consumo supérfluo de importados e na ampliação da máquina pública.

Com isso, desperdiçaram a oportunidade de diversificar a economia, distribuir renda e aperfeiçoar suas instituições políticas. Tornaram-se parasitas de um recurso não renovável.

Tornaram-se países que, mesmo quando conseguem atingir níveis altos de renda per capita, são incapazes de gerar bem-estar para todos.

Ora, a decisão de investir em educação nos coloca justamente numa trajetória semelhante à da Noruega, capaz de nos manter, no longo prazo, como o país que mais vem se destacando na conversão de crescimento econômico em bem-estar efetivo para toda a sua população.

Ela significa incluir o país e toda a sua população nas utopias do futuro, transformando campos de petróleo em campos de novas possibilidades e potencialidades.

É, em suma, a decisão de dar um segundo e definitivo salto de qualidade em nosso desenvolvimento socioeconômico.

LINDBERGH FARIAS, 42, é senador pelo PT-RJ e autor de “Royalties do Petróleo: as Regras do Jogo” (Agir)

Fonte: Folha de São Paulo – Lindbergh Farias