domingo, janeiro 15, 2012

Acordo entre Galp e Sinopec ainda espera aval da Petrobras


O acordo de US$ 5,2 bilhões entre a Galp Energia e a Sinopec envolvendo 30% dos ativos da portuguesa no Brasil esbarrou na Petrobras, sócia majoritária da Galp nos principais campos do pré-sal que são objeto do negócio. A Petrobras estaria demorando para dar o aval para o fechamento do negócio, o que a Galp não confirma. Questionada pelo Valor, a empresa portuguesa negou que precise de autorização da sócia brasileira para concluir o negócio. "A operação de aumento de capital da Petrogal Brasil está unicamente sujeita à aprovação das autoridades competentes, o que não inclui a Petrobras", disse a Galp, referindo-se à subsidiária integral detentora dos ativos.

Ao ser perguntado sobre o assunto, Carlos Stenders, diretor-adjunto da Sinopec no Brasil, disse que, "em princípio", tudo está correndo bem. "O negócio está sendo discutido de forma normal. Nós somos sócios e existem condições comerciais normais que precisam ser negociadas", informou, acrescentando que nada mais poderia ser dito. A Petrobras não comenta o assunto.

A portuguesa tem participação em 20 blocos no Brasil, a maioria em sociedade com a Petrobras, incluindo 10% dos gigantes Lula e Cernambi, 14% de Bem-Te-Vi (no bloco BM-S-8), 20% de Caramba (BM-S-21) e 20% de Júpiter (BM-S-24). O acordo de operação conjunta (JOA, na sigla em inglês) é amplo. Prevê que os sócios têm direito de preferência em qualquer transferência de participação integral, ou uma parte da participação, diretamente ou indiretamente, seja por meio de fusão, consolidação, venda de ações ou outro tipo de transferência.

A preocupação da Petrobras parece estar relacionada com uma possível venda, no futuro, de uma fatia maior para a Sinopec.

A companhia portuguesa se negou a informar se recebeu alguma notificação da Petrobras nesse sentido, afirmando que a Galp "não comenta cenários hipotéticos ou especulativos". Uma fonte próxima à estatal brasileira explicou que não se trata de xenofobia ou de qualquer atitude contrária à presença chinesa. "É folclore dizerem que a Petrobras não quer chineses, até porque dinheiro não tem pátria. É apenas uma questão de interpretação do contrato", disse a fonte.

Em 2010, quando a Repsol anunciou um aumento de capital de USS$ 7,1 bilhões que permitiu à chinesa Sinopec comprar 40% da empresa que detém suas participações no Brasil, a Petrobras não fez comentários. Mas se manifestou um ano depois, em outubro do ano passado, depois que foi publicada notícia sobre uma operação nos mesmos moldes que estava em gestação na BG, também com a Sinopec associada a outra estatal chinesa, a CNOOC. Na ocasião, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, repetiu em entrevistas que a estatal tinha interesse em exercer a preferência se os ativos da BG fossem oferecidos ao mercado. Disse explicitamente que interessam à estatal todos os ativos no pré-sal.

Repsol e Galp interpretam que as regras do JOA não se aplicam a um aumento de capital com entrada de um sócio minoritário, já que não se trata de uma venda direta de ativos. O tema é controverso, segundo admitem advogados com experiência em transações dessa natureza ouvidos com a condição de sigilo. Um deles entende que a Petrobras, assim como os demais sócios da Galp, deveria ter sido notificada sobre as negociações e informada sobre os ativos à venda, os valores e as condições. "Nesse caso o sócio não tem o direito de bloquear, só de pagar e comprar no lugar do outro interessado".

O Valor apurou que a Petrobras quer deixar claro que se for vendida participação acionária na empresa detentora dos direitos exploratórios (no caso a Petrogal Brasil, subsidiária integral), a Galp tem de manter o controle, abrindo espaço só para investidor financeiro. "Se o vendedor perder o controle da empresa, a opção se reverte para quem tem a preferência [hoje]", disse fonte a par do assunto.

A Galp ressaltou que desde o início do processo que resultou no aumento de capital no Brasil, seu presidente executivo, Manuel Ferreira de Oliveira, "assumiu publicamente o compromisso de não escolher um parceiro sem a garantia de que este seria bem recebido pela Petrobras".

Os US$ 12 bilhões investidos pela Sinopec na Repsol e na Galp são bons indicadores do apetite da chinesa pelo pré-sal e também pode estar incomodando a Petrobras. E ao estressar o acordo sino-português, a brasileira estaria dando um recado para a Sinopec, avalia uma fonte. "A Petrobras pode estar dizendo que dessa vez passa, mas que se mudar o controle os acionistas terão de dar o direito de preferência que não foi oferecido quando vendida uma participação minoritária", interpreta outro advogado.

Fonte: Valor Econômico/Por Cláudia Schüffner Do Rio

Reservas da Petrobras crescem menos


As reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras cresceram 2,7% em 2011 ante o ano anterior, pelo critério da SPE (Society Of Petroleum Engineers) e da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Chegaram a 16,41 bilhões de "boe" (barris de óleo equivalente, que somam reservas de petróleo e de gás).

O aumento é inferior à alta de 7,5% entre 2009 e 2010.

O resultado seria pior se a empresa tivesse cumprido a meta de produção média que estipulou para o ano passado, de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia. Isso demandaria mais das reservas.

Segundo projeções do mercado, a produção de 2011 deve ficar em torno de 2,03 milhões de barris diários.

"Não vai atingir a meta de novo em 2011. Olhando 2012, a produção não deve crescer muito. Os principais sistemas [de produção] só vão entrar em operação no 2º semestre deste ano, então só em 2013 melhora", avaliou o analista Lucas Brendler, da Geração Futuro de Investimentos.

Tanto no caso das reservas como no da produção, o diagnóstico do mercado é o mesmo: faltou equipamento.

Sem sondas suficientes para explorar seus campos, a empresa não conseguiu obter informações que permitissem mais declarações de comercialidade. Ou seja, a prova de que o petróleo encontrado no campo pode ser comercializado. Isso é condição para o reconhecimento de reservas provadas.

As pausas para manutenção de plataformas, determinadas pela ANP, também atrasaram a produção.

"O governo insiste numa meta irreal de conteúdo nacional e a empresa fica sem equipamentos. Todo mundo quer que produza aqui, mas tem que dar um tempo para a indústria nacional conseguir atender", disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Adriano Pires.

Se considerado somente o Brasil, as reservas aumentaram 2,8%, para 15,71 bilhões de barris de petróleo e gás, com apenas uma declaração alta de comercialidade: campo de Sapinhoá (ex-Guará), no pré-sal da bacia de Santos, com 978 milhões de "boe".

As reservas internacionais tiveram desempenho ainda mais fraco, com alta de 0,4% ante 2010, atingindo 706 milhões de barris, com incorporação de reservas no golfo do México e na Nigéria.

Para a analista Mônica Araújo, da corretora Ativa, o resultado não é motivo de comemoração. Mas a empresa manteve o prazo para produção com as reservas que possui dentro dos 18 anos previstos e incorporou mais petróleo do que produziu.

"Não foi excepcional, mas o importante é que manteve um nível confortável na relação reserva/produção e ainda tem muita coisa para colocar no futuro", afirmou sobre os imensos reservatórios que a estatal tem concessão para explorar.

Fonte: Folha de Sâo Paulo/DENISE LUNA/DO RIO

OSX-1 segue para Bacia de Campos


O FPSO OSX-1 deixou a baía de Guanabara rumo à Bacia de Campos, no Norte Fluminense, onde vai produzir o primeiro óleo da petroleira brasileira OGX, na acumulação de Waimea, no bloco BM-C-41. O FPSO (Floating Production Storage and Offloading), unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência foi afretado pela OGX da OSX, outra empresa do grupo EBX.

A empresa brasileira de óleo e gás natural, que está levando adiante uma das maiores campanhas exploratória privada no Brasil, já recebeu a Licença de Operação (LO) do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a unidade e respectivas estruturas submarinas que serão usadas no Teste de Longa Duração (TLD) e Desenvolvimento da Produção de Waimea.

Os equipamentos submarinos já estão instalados e passaram por inspeções dos órgãos governamentais, aguardando apenas a chegada do OSX-1. A conexão entre o FPSO e o sistema submarino será iniciada assim que a embarcação chegar ao local. A previsão da OGX é iniciar a produção até 28 de fevereiro.

A acumulação de Waimea, que está em águas rasas da Bacia de Campos e foi descoberta pelo poço pioneiro OGX-3 em 18 de dezembro de 2009, tem seu TLD previsto para iniciar no prazo excepcional de cerca de 2 anos após a descoberta, através do poço horizontal OGX-26HP, que já se encontra pronto para esse teste.

A unidade tem capacidade de produção de 60 mil barris de óleo por dia e armazenamento de até 900.000 barris.

Fonte: TN Petróleo