segunda-feira, julho 16, 2012

Roberto Viana diz que Eike Batista é vítima de mercado imaturo

Roberto Viana, dono da Petra Energia e um dos empresários mais discretos do setor de óleo e gás do Brasil, saiu em defesa de seu sócio Eike Batista. Avesso a entrevistas, ele quebrou o silêncio para falar sobre o sócio, que enfrenta uma crise de credibilidade em função de metas de desempenho não cumpridas pela OGX na Bacia de Campos. E respondeu a perguntas sobre o atual momento das empresas do setor, cujas ações estão perdendo valor, sob críticas de investidores.

Viana tem uma posição singular no mercado brasileiro de óleo e gás. Ainda dono de concessões em Minas onde busca gás, Viana é, de certa forma, responsável pela existência da HRT (vendeu para o empresário Márcio Mello os 55% de 21 blocos na bacia do Amazonas que deram início à empresa) e da OGX, para quem vendeu os blocos no Maranhão onde 1,1 trilhões de pés cúbicos (TCFs) de gás foram declarados como reservas provadas no ano passado.

Esse volume corresponde a 11,1% das reservas provadas de gás da Bolívia. No país vizinho as reservas totais se elevam para 18 TCFs se incluídas as reservas prováveis, segundo cálculos da consultoria Gas Energy. A explicação é importante porque ficaram famosas as declarações de Batista sobre descobertas de "meia Bolívia" de gás na área, quando na realidade o empresário faz referência à possibilidade de produzir ali - ainda não comprovados - 15 milhões de metros cúbicos de gás por dia. O volume equivale à metade da capacidade de transporte do Gasoduto Bolívia Brasil (Gasbol) e não às reservas totais do país vizinho.

O gás encontrado pela OGX no Maranhão vai suprir um projeto termelétrico da MPX que já tem 3,6 gigawatts com licença ambiental, dos quais apenas a metade já tem contratos de venda de energia. Em outubro do ano passado o empresário saiu da HRT ao vender os 45% que ainda detinha para a anglo-russa TNK-BP, por R$ 1,28 bilhão.

Na opinião de Viana, Eike Batista é um pioneiro que teve a tarefa de abrir uma frente na exploração privada de óleo e gás no Brasil e, por isso mesmo, ficou exposto ao que ele chama de processo de amadurecimento do mercado. E é justamente o que ele quer evitar ao manter a Petra longe do mercado, bem diferente da estratégia da OGX e da HRT. Segundo o empresário, " é melhor ter limitação de acesso a capital mas tranquilidade para trabalhar, do que ter mais capital com intranquilidade". Veja aqui os principais trechos da entrevista, feita por telefone e email.

Valor: Na sua avaliação, por que as empresas brasileiras de óleo e gás estão sendo punidas pelo mercado nesse momento?

Roberto Viana: Primeiro porque estamos numa conjuntura internacional de crescentes incertezas e forte retração. Segundo, o Brasil passou a ser duramente questionado pela imprensa, por analistas e investidores internacionais. Terceiro, não houve tempo para amadurecer uma cultura nas empresas de petróleo no mercado brasileiro de ações. A combinação desses fatores gera instabilidades com fortes movimentos negativos para as poucas empresas listadas.

Valor: O caso da OGX e outras empresas do grupo EBX, ao que o senhor atribui esse mau humor dos investidores?

Viana: Existe uma grande incompreensão sobre o papel do Eike. Ele é, sem dúvida alguma, o empreendedor que historicamente marca um novo paradigma empresarial em nosso país, pois não vem a reboque do Estado. Eike tem a coragem visionária de desenvolver grandes projetos puramente privados, estruturadores e transformadores, a exemplo do Complexo de Açu, bem como de criar um grupo empresarial com alta potência de integração. Além da incompreensão para tanta ousadia e ineditismo, o imenso sucesso do Eike provoca ressentimentos de várias formas, inclusive atiça o pecado capital da inveja. Esses e outros fatores se combinam para formar uma multiplicidade de ataques contra ele, sobretudo no atual momento do mercado.

Valor: Que medidas, decisões, declarações do controlador do grupo EBX, a seu ver, podem ter dado razão para uma compreensão equivocada por parte do mercado?

Viana: Lembro o exemplo do Parnaíba, que conheço muito de perto. Num certo momento o Eike falou sobre esses ativos e foi duramente questionado. A tal ponto que, pelo que tenho sido informado, a imensa maioria dos investidores não precifica adequadamente e no geral não atribui valor algum a este ativo de altíssima importância. Trata-se de uma patente irracionalidade do mercado pois, na verdade, o consórcio liderado pela OGX-MPX vai produzir volumes acima do que importamos dos bolivianos. Só para suprir os 3,6 gigawatts já licenciados pela MPX teremos capacidade instalada para produzir mais da metade do gás que importamos da Bolívia. E ao se introduzir o segundo complexo térmico de tamanho similar, ultrapassaremos o total que importamos da Bolívia.

A diferença extraordinária, que só aumenta o valor do projeto liderado pelo grupo EBX, é que não necessita ter a construção de gasoduto de transporte. O da Bolívia hoje custaria entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões, segundo a [consultoria] Wood MacKenzie. No Parnaíba foi criado um modelo em que o gás é utilizado no próprio local, assim gerando ainda mais valor. Ou seja, é aberração lógica os investidores desprezarem um ativo extraordinário como o Parnaíba. A Petra, por exemplo, não vende sua participação de 30% no Parnaíba por US$ 3 bilhões pois consideramos o potencial "upside" do ativo muito maior.

Valor: Onde acha que Eike Batista acertou ou falhou?

Viana: Mesmo antes da crise, o mercado reagiu de maneira muito negativa quanto ao Parnaíba e o Eike então se retraiu. Considero que o erro do Eike foi não divulgar mais o que está sendo construído no Parnaíba, pois em tempo recorde a OGX assegurou o volume capaz de gerar uma produção de mais de 6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, o que significa aumento de 40% de todo o gás produzido no "onshore" brasileiro.

Outra contribuição histórica foi a MPX ter colocado o preço da energia térmica abaixo da hídrica de PCHs e isso demonstrou a importância que o gás natural irá assumir na matriz elétrica brasileira. Existem muitas outras contribuições marcantes com elevada geração de valor do grupo EBX no Parnaíba, mas o mercado não precifica adequadamente ou simplesmente despreza algo de altíssimo valor. Em resumo, não me parece haver racionalidade nesse comportamento dos investidores que agora vêm dizer que o Eike promete e não entrega. Sou testemunha direta no Parnaíba, o grupo EBX está entregando sim, muito acima do inicialmente esperado e antes do tempo, inclusive batendo recordes mundiais de performance.

Valor: Algum alívio por ter saído da HRT?

Viana: Na verdade houve o exercício de um direito de compra por parte da HRT em articulação com a TNK-BP. Tudo foi concluído de maneira adequada para todos.

Valor: Que perguntas recebe de investidores estrangeiros?

Viana: Há hoje, equivocadamente, uma grande perplexidade no exterior sobre o que está ocorrendo no Brasil. Tranquilizo os que me procuram mostrando que não houve nenhuma mudança dos fundamentos. Talvez antes o mercado tivesse romantizado demais nossas condições objetivas. Ocorre que o mercado é ciclotímico, subitamente tomado por irracionalidades perceptivas, geralmente seguidas de comportamentos coletivos erráticos. Quando a situação é boa então só vê maravilhas e quando está ruim só vislumbra desgraças. Isso é claramente insano, pois a realidade é muito mais contraditória e complexa, sempre plena de nuances.

Valor: Porque a decisão de manter a Petra uma empresa de capital fechado?

Viana: Não temos perspectiva de ir para mercado público exatamente porque entendemos que o mercado brasileiro ainda é muito imaturo e em formação, diria até mesmo em gestação. E considero que é melhor ter limitação de acesso a capital mas tranquilidade para trabalhar, do que ter mais capital com intranquilidade. Porque isso aí afeta demais a vida da empresa.

Valor: Diante da queda das ações da OGX, HRT, QGEP e a própria Petrobras, o que aconselha aos acionistas delas?

Viana: Recomendo cautela, sem precipitações e observando atentamente ativos, management e grupo empreendedor de cada empresa, sempre pensando no longo prazo. O setor de petróleo e gás natural, em particular, tem prazos de maturação muito longos e exige uma expectativa de retorno também de longo prazo por parte dos investidores.

Fonte: Valor

Cursos gratuitos de capacitação são porta de entrada para o mercado



Não esperar o emprego ‘cair do ceú’, se especializar e ficar atento às oportunidades. Foi o que fez Elci Luz Alves, de 33 anos, motorista carreteiro de uma transportadora no bairro Chico de Paula, em Santos. Em busca de oportunidades, o morador de Praia Grande viu no programa Via Rápida Emprego, desenvolvido pelo Governo do Estado, uma forma de melhorar de vida e ter satisfação profissional, já que sempre gostou da área de transportes.

Durante os três meses do curso no ano passado, além da teoria, ele teve contato com os empresários do setor e viu na prática como funcionava o trabalho com o caminhão. “Tinha a carteira de habilitação categoria E, mas faltava prática”.

Elci é formado em Turismo, nunca trabalhou na área, mas também nunca ficou desempregado. “Gosto do que faço. Não há rotina, cada dia é uma coisa diferente”. Antes da transportadora, trabalhou em uma empresa portuária e ainda foi gerente de supermercado. O segredo é ser um camaleão e adequar-se, conforme as necessidades do mercado. “Sempre me mantenho atualizado, acesso a internet, participo de palestras. Sou um empreendedor nato”.

Quem está desempregado ou quer mudar de área pode tentar seguir o exemplo dele e agarrar uma das 1.990 vagas do Via Rápida Emprego na Baixada Santista. As oportunidades estão distribuídas entre os nove municípios. Só em Santos são 784 vagas, em 15 funções. Operador de empilhadeira de grande porte é o que tem mais vagas: 150.

As demais chances são para São Vicente (300), Peruíbe (180), Cubatão (176), Guarujá (150), Praia Grande (150), Mongaguá (100), Itanhaém (90) e Bertioga (60). Confira a tabela completa dos municípios. Para os portadores de deficiência, as vagas estão em Santos, nas funções de camareira (20) e assistente administrativo (20); e em Cubatão, 20 para almoxarife e repositor de mercadorias.

Empregabilidade

O programa, que tem coordenação da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT), completa um ano neste mês e já atendeu 40 mil pessoas no Estado. A estimativa é de que, pelo menos, a metade das pessoas que passaram pelo programa conseguiu emprego, afirma Juan Sanchez, coordenador do Via Rápida Emprego.

"Pesquisas ainda não concluídas indicam que a empregabilidade fica próxima a 60%, mas isso varia muito da localidade do município e da escolaridade exigida. Algumas cidades chegam a empregar até 80%". Esses números são de todo o estado, não há dado específico da Baixada Santista.

Sanchez explica que, hoje, é fundamental que quem procura emprego tenha mais condições operacionais para conquistar a vaga. "Investimos em qualificação, pois há setores que enfrentam dificuldades em achar profissionais". Na região, por exemplo, o coordenador cita as áreas da construção civil e de transporte e logística como as mais carentes.

De acordo com ele, a escolha das ocupações oferecidas é feita de acordo com a dinâmica do mercado de trabalho de cada município, com base nos dados da Fundação Seade, que compila informações do Caged e da Rais, do Ministério do Trabalho. Os cursos são básicos e rápidos, de até três meses. "Para o próximo ano, nossa meta é oferecer essa qualificação intermediando a mão de obra. Já estamos em negociação com empresas, fazendo os cursos de acordo com a demanda".

Para 2013, na região, também estão previstas ocupações relacionadas à área de petróleo e gás, ligadas aos setores de instrumentação. No entanto, o coordenador ressalta que funções da construção civil, já oferecidas, entram também na base da mão de obra do pré-sal, que requer ocupações mais básicas e operárias.

Unidade em Santos

Na região, haverá mais oferta de cursos após a construção da unidade fixa do Via Rápida, em Santos. O Centro de Capacitação da Zona Noroeste funcionará no local onde hoje está instalada a Escola Professor Doutor Archimedes José Bava, no bairro Castelo. Segundo Sanchez, as obras começaram este mês e o governo de São Paulo vai investir cerca de R$ 4,7 milhões no prédio.

Reino Unido oferece linha de crédito de US$ 1 bilhão à Petrobras

O governo do Reino Unido ofereceu uma linha de crédito de US$ 1 bilhão, o equivalente a 637 milhões de libras esterlinas, para um projeto de perfuração de petróleo e gás da Petrobras no Golfo do México, reportou o jornal “The Guardian”.

O financiamento foi revelado no relatório anual do Departamento de Garantia de Crédito à Exportação (ECGD, na sigla em inglês). Os próprios conselheiros do departamento, entretanto, consideraram que os projetos de produção de petróleo nas águas da região trazem significativos riscos ambientais.

A Petrobras está na metade de um plano de investimento de US$ 236,5 milhões para explorar reservas de óleo e gás no sul do oceano Atlântico.

O relatório anual também revelou que 1,8 bilhão de libras, ou 79% dos 2,3 bilhões de libras disponibilizadas em empréstimos pelo Departamento de Exportações do Reino Unido entre 2010 e 2011, foram destinados à fabricante de aviões Airbus.

O governo também ofereceu 680 mil libras para financiar veículos militares na Turquia, 282,9 mil libras para ajudar a Líbia a comprar papel de parede britânico, e 504 mil libras para o envio de embalagens de vodka para a Rússia.

Fonte: Valor Econômico