Com a capitalização, dinheiro deixou de ser - de certa forma - o maior problema da Petrobras.
Como na batalha do país para sediar Copa do Mundo e Olimpíadas, a questão é tempo. Como explorar o pré-sal, impor nova logística, encomendar 97 plataformas, 510 barcos de apoio e dezenas de navios? Como vencer a defasagem cambial - que torna o produto importado mais barato - sem contrariar a tradição da empresa de estimular a indústria nacional? Uma fonte da Petrobras revela que um dos desafios está no Tribunal de Contas da União (TCU), por sua inflexibilidade. Na sede da empresa, os funcionários antigos lembram que a estatal fazia o que queria e depois dava-se um jeito. Ninguém ousava contestar a empresa que se confunde com o nacionalismo verde-e-amarelo.
Mas hoje tudo mudou. Recentemente, o TCU promoveu palestra na sede da Avenida Chile e a procura foi tão intensa que a conferência teve de ser transmitida por telões de vídeo para quem ficou de fora do auditório. Na palestra, o TCU mostrou, logo de início, um dado que representa visão distorcida. O representante da entidade declarou que o investimento no TCU é muito bom para o governo, pois cada real aplicado multiplica 18 vezes esse valor em recolhimento de multas. Só que essa arrecadação não se baseia em produção ou produtividade, apenas no exercício da atividade fiscalizatória, o que é uma questão adjetiva que, embora importante, não se compara com a geração direta de riqueza.
A fonte da Petrobras revela que um dos gargalos da estatal é a falta de bases para apoio à exploração e produção no mar. A base de Macaé está congestionada e, para exploração da Bacia de Campos, foram desenvolvidas novas áreas no Porto de Niterói e, mais recentemente, no Porto do Rio. Para o pré-sal, a estatal terá sua principal base em Itaguaí (RJ) e, além disso, contará com unidades em Santos (SP) e Itajaí (SC). Os desafios para o pré-sal são enormes. Além de o petróleo estar depositado a grande profundidade, os campos estão localizados a 300 km da costa, exatamente o dobro da distância média na exploração atual. A estatal corre contra o tempo e ainda tem de ficar de olho nas exigências do TCU.
Dúvidas no gás
Muitas dúvidas assombram o setor de gás, segundo se pôde apurar na segunda-feira (09/05), no Gas Summit, no Rio de Janeiro. O diretor de PSR Consultoria, José Rosenblatt, destacou que, em caso de falta do produto, não se sabem os critérios a serem adotados, pois o governo adia a edição de decreto com essa escala de valores - possivelmente para não desagradar a setores que iriam sofrer com corte no fornecimento.
- Muitos industriais relutam em usar gás, porque temem que, diante de uma crise, o governo desvie o produto para gerar energia em centrais térmicas.
Acentuou Rosenblatt que o mercado de gás está evoluindo, mas, mesmo assim, aumento de concorrência seria muito bem-vindo. Durante os debates houve críticas às exigências ambientais. Um empresário destacou que, em vez de punir empresários que usam gás, as entidades ambientais deveriam partir do pressuposto de que os líderes em poluição são as usinas movidas a óleo combustível. Na terça-feira, quem fará palestra no Gas Summit será Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE).
Energia e água
Em recente encontro com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), empresários destacaram ser necessário melhor entendimento com o Ministério de Minas e Energia, pois as usinas hidrelétricas continuam a abrir ou fechar comportas de acordo com suas próprias necessidades, sem levar em conta o fluxo necessário para permitir o transporte hidroviário.
Na verdade, o uso da água para a população interessa à Agência Nacional de Águas (ANA) e o bom fluxo nos rios é da alçada da Antaq. Anteriormente, o Ministério de Minas e Energia reinava absoluto sobre as águas. Agora, tem de negociar o fluxo dos rios com ANA e Antaq, tanto para uso público como para a navegação.
Financiamento
Após 18 meses, o Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (FMM) volta a se reunir na quinta-feira (12/05). Em razão da enorme demanda por navios e barcos de apoio a plataformas, o FMM irá precisar de algo em torno de R$ 10 bilhões. Resta saber se a presidente Dilma vai engordar o fundo, como fez Lula, ou esvaziá-lo, como ocorreu com Fernando Henrique Cardoso. O FMM terá de financiar três grandes estaleiros: Promar-Pernambuco, Eisa-Alagoas e o OSX, de Eike Batista, no Norte Fluminense.
Livre consulta
Ex-presidente do Instituto Brasileiro de Consultores de Organização (IBCO), o professor Luiz Affonso Romano é contra a regulamentação da profissão pelo governo. Diz ele:
- Há muito, os clientes têm ferramentas eficazes de aferição dos conhecimentos, das habilidades, e sabem onde buscar informações acerca da experiência dos consultores. Desse modo, a classe continua dispensando interferência de governos e qualquer outro expediente cartorial para selecionar e contratar. Não queremos regulamentação.
Simpatia e déficit
Após a visita de Barack Obama, a presidente Dilma abre as portas de seu palácio, na terça-feira, em Brasília, para receber o venezuelano Hugo Chávez. Ao contrário dos Estados Unidos, que têm saldo comercial com o Brasil, a Venezuela perde nas transações bilaterais. Em 2010, o Brasil exportou US$ 3,6 bilhões e só comprou US$ 800 milhões.
Por não ter indústria forte, a Venezuela é tradicional compradora de máquinas e produtos industrializados brasileiros. Com o Tio Sam, o Brasil teve um déficit no comércio de US$ 8 bilhões no ano passado e, este ano, a perda deverá atingir US$ 10 bilhões, segundo previsões da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Chávez é muito criticado, mas traz dólares para o Brasil. Já o simpático Obama se delicia com um superávit com o Brasil que pode subir ainda mais, se a Boeing ganhar concorrência para venda de 36 aviões militares F-18 à FAB.
Mais uma
A produtora de grãos brasileira Multigrain foi vendida à japonesa Mitsui. O brasileiro Paulo Moreira Garcez recebeu US$ 49 milhões e a empresa americana CHS, que tinha fatia maior, ficou com US$ 274 milhões. A entrega do setor aos estrangeiros não é surpresa. Dados da instituição Action Aid revelam que mais de 90% do comércio mundial de grãos está em mãos de gigantes como Cargill, Bunge, Dreyfus, Nestlé, Dupont, Monsanto, Unilever, Tesco, Wal Mart e a própria Mitsui.
Rápidas
Começa nesta terça-feira, no Windsor Barra Hotel, na Zona Oeste do Rio, o 27º Congresso de Gestão de Pessoas, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ). O tema em discussão é Em Busca do Equilíbrio Dinâmico *** Dia 16, a construção naval estará de ouvidos atentos no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-RJ). O diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa falará sobre as encomendas da estatal para os estaleiros. E o Sindicato da Construção Naval (Sinaval) acaba de lançar boletim mensal pela Internet *** Terá início nesta terça-feira, no Rio, o 12º Fórum Portos Brasil, realizado por IBC/Informa Group *** O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Oreste Dalazan, estará nesta terça-feira, na sede da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em Brasília, para discutir a - mais do que necessária - melhoria da qualidade do trabalho no campo *** O prefeito do Rio, Eduardo Paes, lança, nesta terça-feira, fundos de apoio da teatro, cultura, dança e artes visuais
*** A semana começou com dólar e bolsa em alta.
Fonte: http://www.clickmacae.com.br/
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