RIO — Se por um lado a descoberta do pré-sal fez o Brasil parar a oferta de novas áreas para exploração desde 2008, por outro o desenvolvimento da produção pela Petrobras nos primeiros campos descobertos está a todo vapor. Atualmente, a produção total na camada do pré-sal, incluindo a Bacia de Campos e a de Santos, é de 230 mil barris diários, quase 12% da produção total da estatal, de 1,94 milhão de barris diários. Em 2016, a previsão é que a produção no pré-sal, só com os campos já descobertos, represente 31% do total produzido no país. Para 2013, está prevista a entrada em operação de mais três plataformas no pré-sal, com capacidade total de 320 mil barris diários.
Está em fase final de instalação no campo de Sapinhoá (ex-Guará), na Bacia de Santos, o navio-plataforma Cidade de São Paulo. A unidade é do tipo FPSO (produz e armazena petróleo), tem capacidade para produzir 120 mil barris diários e entrará em operação em janeiro. Também para o mês que vem está previsto o início da produção do navio-plataforma Cidade de Itajaí, no campo de Lula, na Bacia de Santos, com 80 mil barris por dia. A terceira nova unidade no pré-sal é a plataforma Cidade de Paraty, no campo de Lula Nordeste. Entrará em operação em maio, com capacidade de produção de 120 mil barris diários. No ano que vem, também estará a plena capacidade a plataforma Cidade de Anchieta, que entrou em operação no Parque das Baleias, na Bacia de Campos.
Nesses campos do pré-sal são produzidos cerca de 4,4 milhões de metros cúbicos diários de gás natural, dos quais 85% já são aproveitados pela interligação desses sistemas a gasodutos existentes.
Segundo a Petrobras, mais 13 sistemas entrarão em operação até 2016 no pré-sal, além dos sete atuais. Com todas essas plataformas, a previsão é que a produção no pré-sal atinja 775 mil barris diários de petróleo em 2016 — 31% do total do país, que deverá ser de 2,5 milhões de barris por dia. Considerando apenas as descobertas já feitas no pré-sal, no atual regime de concessão, a Petrobras estima que, em 2020, a produção nessa área seja de 1,87 milhão de barris, ou 47% da produção total prevista para essa data, que é de 4,2 milhões de barris diários. Parte dessa riqueza é alvo da disputa por uma nova distribuição de royalties entre estados e municípios produtores e não-produtores.
No atual Plano de Negócios da Petrobras (2012/2016), os investimentos no desenvolvimento do pré-sal são relativamente pequenos frente aos projetos do pós-sal. Segundo a estatal, nesse período serão destinados aos campos do pré-sal US$ 67,7 bilhões dos US$ 236,5 bilhões que a companhia pretende investir no período.
Segundo Edmar Fagundes, coordenador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ, o maior problema para desenvolver o pré-sal é a falta de materiais e equipamentos, principalmente sondas e plataformas, e de pessoal.
— O ritmo de investimentos em offshore (no mar) está muito acelerado no mundo, e o pré-sal é o filé mignon. A média dos preços do petróleo neste ano é a maior desde 2007. Então, a maior dificuldade para desenvolver o pré-sal será a disponibilidade de materiais, equipamentos e mão de obra.
Entraves à produção
Para Fagundes, o elevado nível de conteúdo nacional (65%) exigido pelo governo nas encomendas da Petrobras também é um entrave para a companhia desenvolver com mais rapidez a produção no pré-sal. Segundo ele, é importante fixar um nível mínimo, mas, por ser muito elevado, a indústria não tem condições de atender à demanda a curto prazo.
— O conteúdo local é uma política acertada. Mas, no momento em que se investe muito de uma só vez, passa a ser um entrave — explica.
Sem comentar essas questões, a Petrobras destaca que um fator que viabiliza economicamente a produção no pré-sal, a mais de sete mil metros de profundidade e a 300 km da costa, é a alta produtividade por poço. No pré-sal da Bacia de Santos, a produção média por poço supera 20 mil barris por dia. Na de Campos, passa de 10 mil barris diários. Além disso, diz a estatal, o óleo do pré-sal é leve e de excelente qualidade.
Fonte: O Globo
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