domingo, abril 29, 2012

No Brasil, mulheres e petróleo formam uma mistura poderosa

"Se estou falando em voz alta, fale mais alto ainda", diz Graça Foster, que deve se tornar a mulher mais influente no mundo dos negócios

A indústria petroleira mundial há tempos tem sido um bastião masculino, representado na imaginação popular por xeiques de verdade do Golfo Pérsico e fanfarrões como J.R. Ewing em "Dallas". Porém, uma exceção à regra surgiu no Brasil, a emergente potência petroleira da América Latina, onde mulheres agora ocupam as posições mais poderosas no florescente setor de energia do país.

Em questão de semanas neste ano, Maria das Graças Foster, engenheira química tarimbada, assumiu o maior posto da Petrobras, estatal brasileira do petróleo, e Magda Chambriard foi indicada para dirigir a Agência Nacional do Petróleo, a qual regula o setor no Brasil.

Colocar mulheres nessas posições de comando é uma prioridade da presidente Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil. Rousseff, que visitou os Estados Unidos em abril, é ex-ministra das Minas e Energia e chefiou o conselho diretor da Petrobras por sete anos durante o governo de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
 
"Ela conhece muito bem o setor e sabe ser extremamente exigente", Foster disse em entrevista sobre Rousseff, economista cujas histórias sobre intimidação dos subordinados viraram lenda, dando aos humoristas brasileiros um vasto material para esquetes. "Quando ela liga, preciso ter a resposta na ponta da língua."

Não existem muitos exemplos de mulheres em altos postos no setor da energia. Na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Diezani Alison-Madueke, ministra do petróleo da Nigéria, é mulher. Nos EUA, Lynn Elsenhans foi a CEO da Sunoco durante quatro anos antes de sair neste ano. A CEO da Pertamina, empresa petroleira da Malásia, e a diretora da Schlumberger Asia, divisão da empresa de serviços para campos de petróleo, também são mulheres.

Porém, comandar a Petrobras, encarregada da exploração de campos profundos ao largo da costa, é outra coisa. Criada há 58 anos e presidida nos primeiros anos por Walter Link, um geólogo norte-americano, a empresa está investindo, segundo estimativas após o ajuste da inflação, mais do que a NASA para levar o homem à Lua nos anos 60, para produzir petróleo a partir de reservas encontradas sob quilômetros de água, pedra, areia e sal.

"O programa lançado pela Petrobras é crítico para o Brasil e o mercado global", diz Daniel Yergin, autor de "The Quest", novo livro sobre a indústria internacional da energia. "Ela vê o cenário como um todo e, ao mesmo tempo, presta bastante atenção aos detalhes", ele comentou acerca da nova diretora. "Ela logo será conhecida como uma das pessoas mais importantes do mundo do petróleo e, certamente, a mulher mais importante e influente no mundo dos negócios."

Se a Petrobras conseguir atingir as metas ambiciosas de produção na próxima década, o Brasil ultrapassaria as potências petroleiras da América Latina, México e Venezuela, tornando-se um dos maiores produtores globais. Empreendimentos da Petrobras já estão fazendo a economia do Rio efervescer, com montes de estrangeiros ligados ao segmento elevando os aluguéis em bairros exclusivos de frente para o mar, como Ipanema e Leblon.

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