terça-feira, novembro 23, 2010

Petróleo: por que os preços sobem (e descem)?


O petróleo é a principal fonte de energia do mundo. Junto com o gás natural, na verdade um subproduto da indústria do petróleo, ele alimenta mais de 60% das necessidades energéticas das economias industriais. Apesar do enorme esforço científico e tecnológico desenvolvido nos últimos 30 anos para encontrar fontes alternativas, ainda não foi encontrada fonte de energia, com custos comparáveis ao petróleo, que possa substituí-lo. O mundo industrial continua dependendo do óleo negro para mover a logística de transporte, que permite levar a produção aos mais diversos rincões do planeta, e, com a emergência das centrais térmicas alimentadas com gás natural, também para o suprimento de eletricidade. Um corte abrupto no suprimento de petróleo causaria um efeito devastador na economia, como a recente crise elétrica no Brasil nos ilustrou.

Há cerca de trinta anos, a possibilidade do esgotamento dos recursos petrolíferos foi percebida como um ameaça real de curto prazo. Estimava-se àquela época que chegaríamos ao início do século XXI com as reservas de petróleo em rápido declínio e, conseqüentemente, com preços estratosféricos.

O consumo de petróleo crescia em ritmo acelerado enquanto a descoberta de novas reservas movia-se lentamente. Os países árabes, onde se localizava a maior parte das reservas, ameaçaram fazer do suprimento de petróleo uma arma política. A combinação da perspectiva de uma escassez física com limitações políticas de suprimento provocou forte aumento no preço do petróleo, de certa forma confirmando as previsões pessimistas. O petróleo chegou ser vendido por US$ 40 o barril, porém esse patamar mostrou-se insustentável.

O preço elevado da principal fonte de energia do mundo industrial provocou severa recessão econômica, reduzindo seu consumo. Além disso, induziu a exploração de novas bacias sedimentares em busca de novas fontes de suprimento desse combustível fóssil assim como a busca de tecnologias mais eficientes para o uso da energia e a substituição do petróleo por fontes alternativas. Esses movimentos combinados provocaram drástica reversão de expectativas. A trajetória de elevação no preço do petróleo sofreu radical inflexão: em meados da década de 80, o preço estava muito próximo, em termos reais, do patamar praticado antes da crise dos anos 70.

Depois de cerca de pouco mais de uma década de relativa estabilidade, voltamos a viver um período de forte instabilidade no preço do petróleo. Diferentemente da crise da segunda metade do século passado, nos dias atuais, a questão do esgotamento físico das reservas não está no centro das preocupações dos países industriais. Uma análise, limitada estritamente ao aspecto da disponibilidade de recursos, indica que as reservas conhecidas e a expectativa de novas descobertas permitem manter o consumo atual por pelo menos outros 50 anos.

O problema percebido como mais grave, no curto prazo, é a crise política no Golfo Pérsico onde se concentram as reservas conhecidas de petróleo (mais de 60% das reservas encontram-se nessa região). No longo prazo, o problema maior é a perspectiva de forte elevação do consumo de combustíveis nos países em desenvolvimento pela pressão que esse movimento virá a exercer sobre as reservas mundiais e o meio ambiente.

O petróleo é um insumo com características peculiares. Seu custo técnico de produção varia muito, em função das características geo-econômicas e geológicas da região produtora. Nos dias atuais, esse custo técnico do barril oscila entre pouco menos de US$ 1 em alguns campos da Arábia Saudita e pouco mais de US$ 12 em boa parte dos campos terrestres da costa leste do Estados Unidos. No caso brasileiro, temos campos produtores com custo técnico do barril inferior a US$ 6 na bacia de Campos e outros com custo técnico superior a US$ 18 nas bacias terrestres da Bahia.

Fonte: http://www.comciencia.br/

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