domingo, setembro 19, 2010

Estaleiro virtual fica com mais da metade de programa do governo

Foi justamente um estaleiro virtual, sem existência física no momento da contratação, que se tornou o maior vencedor de licitações do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota). O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) – consórcio formado pelos grupos Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, PJMR Empreendimentos e Samsung – venceu metade dos lotes licitados e vai construir 22 de 46 navios encomendados até agora. O EAS, que nasceu “virtual” de um investimento de R$ 1,8 bilhão – 72% financiados pelo BNDES – em Suape (PE), já se pagou: receberá US$ 3,116 bilhões, ou R$ 5,5 bilhões, pelos contratos.

O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) era "virtual" quando se candidatou a construir navios para o Promef, e já venceu mais da metade dos lotes licitados pela Transpetro

O estaleiro começou do zero, ao mesmo tempo em que o primeiro navio era construído lá. “Somos um exemplo vivo de que quando se tem um projeto e demanda, é possível transformar o que era virtual em real. O que temos é um estaleiro planejado que virou real. Outros investimentos vão usar a mesma fórmula”, disse o presidente do estaleiro, Ângelo Bellelis.

O montante da EAS chega a dois terços do total já contratado, com vitória nas licitações dos quatro maiores lotes de navios da Transpetro. Total dos 46 navios: US$ 4,7 bilhões – o equivalente a R$ 8,3 bilhões. Ainda falta ser licitado um lote de três embarcações, no valor estimado de cerca de US$ 300 milhões (R$ 527,3 milhões).

Os cinco lotes restantes foram vencidos pela Eisa-RJ (quatro navios Panamax, por R$ 826 milhões), Mauá-RJ (quatro navios de produtos, por R$ 501 milhões), Superpesa-RJ (R$ 81 milhões), e Estaleiro Rio Nave (cinco navios de produto, por R$ 473 milhões). Outro estaleiro virtual é o Promar Ceará (que não será mais no Ceará e deve mudar de nome), vencedor da última licitação, de R$ 959 milhões – e que nem planta tem ainda.

O presidente do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), Ângelo Bellelis, disse ao iG “levantar o chapéu” para o governo, que “acertou em cheio” com o Promef ao exigir que os navios para a Transpetro sejam feitos no Brasil e aceitar a participação dos estaleiros virtuais nas licitações.

A medida gerou, só em Pernambuco, quatro mil empregos diretos. A empresa nem sequer existiria. O EAS foi construído, ao custo de R$ 1,8 bilhão, ao mesmo tempo em que o primeiro navio encomendado – o João Cândido, batizado e lançado ao mar em maio, mas que ainda não entrou em operação.

“Se tem alguma medida pró-ativa para geração de empregos em toda a cadeia, para manter no Brasil empregos que seriam gerados lá fora, essa medida é superassertiva. Temos de levantar o chapéu. Criamos quatro mil empregos e dez mil a 15 mil em nosso entorno – é uma indústria de mão de obra intensiva. Movimentamos a economia de cidades vizinhas, damos poder de compra e trazendo desenvolvimento, comércio e impostos. É uma medida ótima, o governo acertou em cheio”, afirmou o presidente do EAS.

O Promef é um programa de R$ 8,3 bilhões, comandado por Sérgio Machado, e que pretende encomendar 49 navios para a Transpetro

Bellelis reconhece que a Transpetro, com 22 navios encomendados ao valor de R$ 5,5 bilhões, é a principal cliente do EAS. Na página da internet, aparecem ainda a Petrobras e a Noroil, empresa de navegação representante de grupo norueguês Pacpro Norge.

Fonte: http://www.portalnaval.com.br/

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