SÃO PAULO - Sob o comando de Steve Jobs, a Apple vira sinônimo de inovação e vive o melhor momento de seus 34 anos.
De tempos em tempos, uma empresa consegue ascender ao posto de símbolo de sua época - algo não coincidentemente ligado à inovação que é capaz de produzir. Esse posto foi da IBM nos anos 70, e, antes dela, da General Motors. A Microsoft teve seu lugar no início da década de 90 e depois foi superada pelo Google. Agora, é a vez da Apple. A empresa fundada 34 anos atrás por Steve Jobs e Stephen Wozniak numa garagem do Vale do Silício virou centro das atenções em tecnologia. Qualquer produto que ela apresente desperta opiniões apaixonadas - a favor e contra. Cada mínimo suspiro de Jobs vira assunto nos noticiários. Seus produtos custam mais que os dos concorrentes, mas os fãs pagam a conta sem reclamar. Essa condição de empresa queridinha do público é passageira, como mostram os exemplos do passado. Mas Jobs e sua equipe estão aproveitando como poucos o momento favorável.
A Apple atual é resultado de uma metamorfose que começou com a volta de Steve Jobs à empresa, em 1996, após 11 anos de ausência. A companhia de Cupertino, Califórnia, sempre teve seus fãs e sempre foi marcada pela inovação. Mas, até o final dos anos 90, ela era vista por muita gente como fabricante de computadores de nicho, apreciados sobretudo por designers e artistas. Durante anos, os Macintosh mal apareciam nas estatísticas de participação no mercado. Além disso, em várias ocasiões, a turma da maçã tropeçou em produtos que fracassaram, como o Lisa, o Newton e o Pippin. Não faltaram rumores de que a empresa seria comprada por alguma corporação maior, como a Sony, a Disney ou a Sun. Pelo menos no caso da Sun (hoje pertencente à Oracle) a compra quase aconteceu, como já revelou Bill Joy, um dos seus fundadores. Na época, Scott McNeally, o CEO da Sun, no seu mais autêntico estilo provocador, entrou numa convenção para analistas de mercado, em Los Angeles, mordendo uma maçã. E afirmou: “Isto é tudo o que tenho a dizer sobre a Apple”.
De volta ao comando da empresa em 1996, Jobs começou injetando ousadia na linha Macintosh, que ganhou gabinetes coloridos e transparentes, além de formas arredondadas incomuns. Em seguida, liderou o desenvolvimento do produto que iniciaria a transformação da fabricante de computadores em fornecedora de produtos de entretenimento — o iPod. Desde 2001, 250 milhões de iPod foram vendidos. Na loja de músicas iTunes, que entrou no ar em 2003, foram feitos cerca de 10 bilhões de downloads, o que dá à Apple a liderança na venda de música na internet. A Apple deixava de ser apenas uma fabricante de tecnologia para virar uma empresa de mídia. A mudança de foco seria formalizada em 2007, com a alteração do nome da empresa de Apple Computer para simplesmente Apple. Hoje, os micros Macintosh e os periféricos como impressoras e dispositivos de rede são fonte de apenas 36% da receita da Apple. Uma parcela muito maior, de 59%, vem do iPhone, do iPod e da iTunes Store. Mas não é só isso. Enquanto as vendas de computadores encolheram 3% no ano passado, as de produtos de entretenimento cresceram 31%. Essa tendência deve continuar, de modo que os computadores serão cada vez menos importantes para a Apple.
O mais recente dos acertos da Apple, o iPhone, levou-a a conquistar 14% do mercado de smartphones em menos de três anos, segundo os números divulgados pelo Gartner Group. Só no ano passado, 25 milhões desses celulares foram vendidos. Em 2009, o iPhone tomou, do Windows Mobile, o terceiro lugar em volume de vendas entre as plataformas de smartphones. Agora, o celular da maçã fica atrás apenas das plataformas Symbian (46,9% do mercado) e Blackberry (19,9%).
Máquina de lucrar
Embora não seja a maior fabricante de celulares, a Apple é a que ganha mais dinheiro. Quando se consideram todos os tipos de celulares, sua participação no mercado mundial é de meros 2,5%. No entanto, em valores absolutos, seu lucro com o iPhone no terceiro trimestre de 2009 foi 45% maior que o da Nokia, a número um em volume. Esse valor faz parte de um estudo divulgado no final do ano passado pela empresa americana Strategy Analytics. O estudo diz que a Apple conseguiu essa enorme lucratividade por meio de “volumes expressivos, preços altos e controle de custos cuidadoso.”
Fonte: http://info.abril.com.br/
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