sábado, fevereiro 06, 2010

Conheça a história de quase meio século dos tablets


Quem assistiu ao lançamento do iPad na última quarta-feira e viu o aparelho, reluzente e cheio de truques, sendo orgulhosamente exibido para a imprensa por Steve Jobs, pode ter achado tudo "muito moderno". Na verdade, os "tablet computers" são um sonho perseguido pela indústria da informática há nada menos que 42 anos. Sim, você leu certo: quase meio século.
É fácil entender a fascinação pelo conceito: um tablet representa o casamento da sofisticação de um computador, com suas infinitas possibilidades, com a facilidade de uso da dupla "bloquinho e caneta", com a qual a todos estamos acostumados. É uma espécie de Santo Graal da usabilidade. Teclados com 106 botões? Joysticks, rodinhas e mouses para empurrar sobre a mesa? Esqueça tudo isso: basta apontar e rabiscar.

Mas o caminho até o iPad foi tortuoso, cheio de ideias fantásticas demais, caras demais ou, simplesmente, não interessantes o suficiente para fazer sucesso entre os usuários. Conheça a seguir alguns dos ancestrais do novo portátil da Apple, e dê uma espiadinha no que o futuro nos reserva.

O início de tudo: Dynabook
O primeiro a propor a ideia de um computador em formato tablet foi Alan Kay, cientista da computação norte-americano pioneiro em áreas como interfaces gráficas e programação orientada a objetos. Em 1968, ele descreveu o conceito do Dynabook, um "computador pessoal para crianças de todas as idades".

Para a época, as especificações (veja no atalho tinyurl.com/yzvlq5b) da máquina pareciam ficção científica: o Dynabook deveria ter o tamanho de um caderno, pesar não mais do que 1,8 kg, ter tela gráfica capaz de mostrar pelo menos 4 mil caracteres com "qualidade de impressão" (em alfabetos como o latino ou sânscrito) e constraste similar ao do papel impresso, memória suficiente para 500 páginas de texto, ou várias horas de áudio. Tudo isso com um preço não superior a US$ 500.

Até a tecnologia necessária para o Dynabook ser desenvolvida, Alan Kay e sua equipe trabalharam com máquinas que consideraram como "Dynabooks Interinos", idênticos em todos os requisitos exceto tamanho e custo. Uma destas máquinas foi o "Alto", da Xerox, um dos primeiros computadores com interface gráfica, que mais tarde influenciou o desenvolvimento do Macintosh e, indiretamente, dos PCs como os conhecemos hoje.

Mas o principal conceito do Dynabook não era o hardware, e sim o software, uma série de atividades educacionais desenvolvidas em uma nova linguagem de programação batizada de Smalltalk. A ideia foi revitalizada no XO-1 (o "laptop de US$ 100) do projeto OLPC, que tem uma interface (batizada de Sugar) centrada em atividades, e uma linguagem de programação fácil de usar e adequada para crianças batizada de "Squeak", derivada do Smalltalk.

E embora hoje tenhamos tecnologia suficiente para criar hardware com as características de um Dynabook, Alan Kay considera que seu invento ainda não existe pois falta um ponto crucial: o software. O mais próximo é justamente o XO-1, projeto no qual Alan Kay está ativamente envolvido.

"Dengoso": idéia engavetada
Em 1983, a Apple contratou a empresa Frog Design para dar vida ao conceito de um tablet computer. O protótipo foi apelidado de "Bashful" ("Dengoso"), em referência ao projeto Snow White ("Branca de Neve"), uma nova identidade visual que estava sendo desenvolvida para os produtos da Apple e que chegou ao mercado em 1984 com o Apple IIc.

Imagens recentemente divulgadas pela Frog Design mostram um tablet "quadradão", com uma grande moldura preta ao redor da tela (novamente, parece familiar?). A máquina seria acoplada a uma base com teclado, drive de disquetes e alça para transporte, e uma caneta seria usada para a seleção de objetos na tela.

O Dengoso provavelmente nunca passou de um "mock-up", um modelo não funcional criado para demonstrar a ideia. Mas a "sementinha" do tablet foi plantada, e a Apple revisitaria o conceito nove anos mais tarde.

GRiDPAD: o primeiro no mercado
O primeiro "tablet" como atualmente conhecemos a chegar ao mercado foi o GRiDpad Pen Computer, da norte-americana GRiD Systems, uma empresa pioneira que também foi responsável pelo primeiro "laptop" como o conhecemos, o GRiD Compass, de 1982.

Lançada em 1989, a máquina pesava pouco mais de 2 kg e media cerca de 29,2 x 23,6 x 3,7 cm (pequeno para a época). O processador era um 386 de 20 MHz e o GRiDPAD tinha tela de 10 polegadas com resolução VGA capaz de exibir 32 tons de cinza.

O GRiDpad tinha modem interno, conectores para teclado e drive de disquetes e entrada para cartões PCMCIA, ou seja, tudo o que um bom computador da época deveria ter, mas em um formato "portátil" alimentado por baterias com autonomia estimada em três horas. O sistema operacional era uma versão modificada do MS-DOS, com uma interface que poderia ser manipulada por uma caneta.

Tablet PC: a aposta da Microsoft
Em 2001, a Microsoft tentou emplacar a ideia dos "Tablet PC", portáteis equipados com telas sensíveis ao toque que rodavam uma versão modificada do Windows XP, preparada para operação via caneta e com alguns utilitários extras como ferramentas de reconhecimento de escrita.




Fonte: http://tecnologia.terra.com.br

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