A ponte Neal passa quase despercebida para muitos dos motoristas que percorrem a Rota 100, ao sul de Pittsfield, uma cidade no centro do Maine, nos Estados Unidos. É uma porção modesta da infraestrutura nacional - com apenas duas faixas de rodagem e extensão de pouco mais de 10 m, o suficiente para cruzar um pequeno riacho.
A ponte é mais nova do que a maioria das que se costuma ver nas rodovias do país, tal como sugere seu asfalto ainda bem escuro e o brilho de galvanização recente nas muradas de proteção. Mas é aquilo que existe por sob a estrutura que a torna realmente diferente.
Em lugar de vigas de concreto ou aço, a estrutura consiste de 23 arcos formados por um tecido de carbono e fibra de vidro. Tratam-se de tubos com o diâmetro de 30 cm que foram inflados, dobrados na forma necessária e reforçados com uma resina plástica, e depois instalados lado a lado e recheados com concreto, como se fossem gigantescos canelones.
Cobertos por um revestimento composto e terra compactada, os arcos servem de apoio a uma via de rodagem convencional, formada com cascalho e recoberta de asfalto.
A ponte é a primeira de muitas de seu tipo, pelo menos na expectativa de seus projetistas, uma equipe da Universidade do Maine em Orono, a cerca de 80 km de distância do local. O modelo combina um novo uso de materiais compostos a métodos mais tradicionais de construção, como o concreto.
Como estimativas determinam que até 160 mil das 600 mil pontes existentes nas rodovias americanas precisam ser substituídas ou reparadas, caso esse projeto híbrido ou modelos semelhantes venham a ser adotados, isso poderia representar uma revolução no uso dos plásticos reforçados por fibra, conhecidos como FRP, nas rodovias americanas.
"Para nós, a ponte serviu como experiência", disse Habib Dagher, professor de engenharia e diretor do Centro de Estruturas Avançadas e Materiais Compostos da universidade, que desenvolveu o projeto nos últimos sete anos. "Era hora de tirá-lo do laboratório e determinar se funcionava na prática".
A ponte, cuja construção foi realizada em novembro ao custo de cerca de US$ 600 mil, vem sendo monitorada por meio de sensores de deflexão e outros instrumentos, e até agora vem resistindo bem ao movimento diário do tráfego em torno de Pittsfield. "Tudo saiu notavelmente bem", diz Dagher. "Aprendemos muito com a construção, e o custo final ficou US$ 170 mil abaixo do de uma ponte de concreto convencional".
O projeto funcionou tão bem, de fato, que atraiu a atenção do governo Obama. Ray LaHood, secretário dos Transportes, visitou a universidade em agosto, e uma segunda ponte do mesmo tipo foi concluída algumas semanas atrás, mais ao norte, em Anson. O projeto com sustentação por arcos de fibra ofereceu o mais baixo custo entre as sete propostas apresentadas para a construção da estrutura.
Por muito tempo usados como material básico para pranchas de surfe ou barcos de passeio, e mais recentemente utilizados também em asas e outros componentes para aviões, os polímeros plásticos reforçados com fibras começaram a ser pesquisados para uso em pontes nos anos 80. Os engenheiros civis os consideravam atraentes pelos mesmos motivos que ajudaram a convencer projetistas de outras áreas de atuação: sua força, peso leve e resistência à corrosão.
Mas esses materiais até agora não resultaram em uma revolução na infraestrutura rodoviária. Faixas e placas de FRP foram utilizadas para reparar concreto ou aço deteriorado em pontes já existentes, ou para reforçar estruturas de maneira a torná-las mais resistentes a terremotos.
Fonte: www.terra.com.br
Um comentário:
Simplesmente fantástico.
Postar um comentário