O ramo de TV a cabo e via satélite inveja um bocado o iPhone. A Apple foi capaz de popularizar seu celular em meio a muita concorrência fornecendo ou vendendo aplicativos especializados que tornam o aparelho mais útil. Até agora, desenvolvedores independentes já criaram mais de 65 mil aplicativos.
DirecTV e o serviço FiOS da Verizon Communications recentemente anunciaram lojas de aplicativo seguindo explicitamente o modelo da App Store da Apple. Apenas alguns aplicativos apareceram até agora, mas esses poucos - versos da Bíblia, atualizações do Facebook e informações sobre equipes esportivas - sugerem que as pessoas podem não estar satisfeitas em apenas ficar sentadas enquanto assistem à TV, preferindo se debruçar, interagir e personalizar suas televisões.
A maioria das demais companhias de TV a cabo, satélite e telefone também está desenvolvendo tecnologia que irá permitir que seus conversores possam rodar aplicativos mais complexos, incluindo os criados por desenvolvedores externos. Mas as companhias ainda debatem sobre o nível de abertura a desenvolvedores externos que desejam para seus sistemas, sobre qual modelo de negócio adotar para os desenvolvedores e sobre o que as pessoas querem fazer enquanto assistem à TV de seus sofás.
Os sistemas de TV, afinal, são há tempos rigidamente controlados por suas operadoras, que enviam esquadrões de advogados para negociar acordos mesmo com os canais mais desconhecidos. Para eles, a perspectiva de imitar a dispersa loja da Apple é assustador, mas ainda assim, cada vez mais atraente.
"A beleza do iPhone é que existem muitos aplicativos que a Apple não imaginaria que as pessoas desejassem", disse Sree Kotay, arquiteto-chefe de software da Comcast. "Queremos que as pessoas se envolvam com a televisão de maneiras que ainda não concebemos."
A ideia de aplicativos vai além da televisão interativa. Já há alguns anos, muitos clientes de TV a cabo e via satélite conseguem obter notícias, previsões do tempo e placares de esportes através de seus conversores. Alguns deles também mostram mensagens durante comerciais pedindo que os telespectadores usem seus controles remotos para obter mais informações na tela.
Mas muito pouco dessa interatividade envolveu de fato os consumidores, levando muitos do setor a concluir que tudo que a maioria das pessoas queria fazer com sua TV era assisti-la.
Com as pessoas se acostumando a interações eletrônicas sofisticadas, não apenas em telas de computador, mas em aparelhos usados o dia inteiro - painéis de carro, câmeras e especialmente celulares -, o setor está reavaliando essa teoria. Embora os espectadores permaneçam passivos na maior parte do tempo, eles querem cada vez mais que as capacidades e informações das quais passaram a depender em um aparelho com tela sejam disponibilizadas em todas as outras telas usadas todos os dias.
No serviço FiOS, o aplicativo do Facebook permite que as pessoas vejam fotos compartilhadas com amigos nas telas de seus televisores. O aplicativo do Twitter mostra no lado direito da tela um fluxo de tweets sobre o programa sendo assistido. "Os programas ficaram mais divertidos de serem assistidos porque acontece toda uma conversa", disse Shadman Zafar, vice-presidente sênior de desenvolvimento de produto. "Para esportes, é como trazer as conversas de bar para dentro de casa."
O serviço do Twitter foi um sucesso, com mais de um milhão de consumidores do FiOS usando o aplicativo durante os primeiros três dias. Mas Zafar acreditou equivocadamente que as pessoas quisessem ler tweets na TV e usar seus computadores para enviá-los. "Não permitimos que as pessoas enviassem tweets de seus controles remotos", ele disse. "Pensamos que as pessoas, em grande parte, queriam apenas relaxar e ver o que os outros estavam dizendo. Quatro horas após o produto ter ido ao vivo, recebemos centenas de pedidos, 'agora posso mandar um tweet da TV?'"
Em dois dias, a Verizon acrescentou esse atributo; os usuários escreviam mensagens pelo teclado numérico do controle remoto como se estivessem enviando uma mensagem de texto por um celular.
Outra lição aprendida: um dos maiores impedimentos ao acréscimo de mais atributos a televisores é o controle remoto. É difícil digitar textos ou até mesmo transitar rapidamente em menus complexos. Por isso, o setor de TV a cabo teria que redesenhar e substituir controles remotos e conversores antigos, com memória e capacidades de processamento limitadas, em dezenas de milhares de residências.
"O conversor de TV mais antigo equivale a um Mac II de 1991", disse Kotay, da Comcast. Mesmo modelos recentes mal são capazes de lidar com as tarefas interativas que os desenvolvedores já começam a imaginar, especialmente a combinação de texto, elementos gráficos e vídeo vindos de canais a cabo e da internet. E a próxima geração irá ainda mais além.
Por exemplo, um conversor que a Echostar planeja introduzir este ano terá um navegador de internet completo capaz de rodar vídeos de quase todos os sites da web.
Fonte: www.terra.com.br
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