sábado, agosto 29, 2009

Tecnologia quer se tornar mais ecológica

A preocupação com o meio ambiente está crescendo, mas esse interesse nem sempre produz sistemas que identifiquem os produtos fabricados sob critérios ecológicos, como o baixo consumo de energia ou a fácil reciclagem ao final de sua vida útil. Os setores de bens eletrônicos de consumo e de informática são um exemplo do problema, e continua a ser difícil identificar de forma clara os produtos mais ecológicos. A sinalização é confusa e não existem etiquetas válidas para todo o setor e que ofereçam informação imparcial. Os consumidores que procuram a pista ecológica no enorme catálogo de produtos de tecnologia, como televisores, aparelhos de MP3 ou celulares, encontram muitos números, que podem resultar em confusão.
Fabricação. Por enquanto continua impossível fabricar de maneira completamente ecológica um produto de tecnologia. Mas ainda assim faltam etiquetas oficiais e de uso obrigatório que ofereçam informação realista sobre cada aparelho. ¿Não existe uma etiqueta que explique claramente ao consumidor até que ponto o processo de produção de um bem é ecológico. Não é um tema simples, mas será preciso tratar da questão, se desejamos consumo mais responsável¿, diz Gemma Lolins, professora de engenharia química e especialista em meio ambiente da Universitat Politècnica de Catalunya. O que existe de mais próximo a esse conceito são etiquetas como a "Ecolabel" e marcas assemelhadas.
O problema é que seu uso é voluntário, os níveis de exigência de cada uma delas são diferentes e ainda não conquistaram grande popularidade, porque cumpri-las e obter o certificado acarreta custo adicional para as empresas. Muitas companhias preferem substitui-las por etiquetas próprias, informando que as telas ou soldas não contêm chumbo, por exemplo. A informação tem valor, mas não é confirmada por organismos independentes. Da mesma forma, alguns fabricantes afirmam cumprir a norma ISSO 14.001, de gestão ambiental. É um bom cartão de visitas genérico para uma empresa, mas não significa que seus produtos sejam ecológicos.
Consumo de energia. Quanto a essa categoria de dados, há mais informação disponível, ainda que não em volume suficiente para garantir que os produtos comprados respeitem o meio ambiente. Alguns produtos de informática adotam o padrão Energy Star, mas outros aparelhos eletrônicos não dispõem de um indicador comum. O mesmo se aplica aos televisores de telas planas ¿mais de seis milhões deles foram vendidos na Espanha nos últimos três anos-, cujo consumo de energia é à priori superior, já que empregam telas muito maiores do que os aparelhos convencionais.
Alberto Sanz, responsável pela comunicação da Panasonic, explica que é difícil unificar os critérios. "Como se pode aplicar diversos métodos e padrões à medição do consumo de energia, cada produtor adota os que lhe sejam mais favoráveis. Existem esforços de unificação de critérios, mas o processo vai demorar".
A etiqueta Energy Star, que indica economia de energia, tem sido usada em computadores, impressoras e similares. "É um indicador útil, e o consumidor deve levá-lo em conta na aquisição. O padrão Energy Star analisa os equipamentos tanto em funcionamento quanto em standby, e isso é importante porque muitos equipamentos passam horas nessa segunda condição, e continuam consumindo ao fazê-lo", diz Anna Navarro, diretora de atendimento ao cliente da Epson.
Reciclagem. Outra causa de confusão, apesar da existência de um símbolo de identificação que é usado em quase todos os eletrônicos. O problema é que o símbolo significa apenas que os aparelhos são produtos de coleta seletiva. O usuário, na hora de descartar o aparelho, teria de levá-lo a um ponto de coleta ou à loja em que o adquiriu. O uso do símbolo não custa nada aos fabricantes, e não implica nenhuma obrigação da parte deles.
De acordo com Íñigo Nuñez, porta-voz da fundação Ecolec, "qualquer um pode usá-lo, e o símbolo não indica que o fabricante que o utiliza assume a responsabilidade econômica pela reciclagem do aparelho, como a lei dispõe. Alguns o fazem, outros não. Há empresas e importadores que usam o símbolo sistematicamente mas não cumprem essa obrigação".

Fonte: www.terra.com.br

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